9 de novembro de 2014 | 23:53 Autor: Fernando Brito
A UDN jamais ganhou uma eleição nacional e, quando chegou ao poder, ou foi como apêndice (com Jânio Quadros), ou como rebotalho, como no golpe.
São seus gatos-pingados que vão para a rua, no sábado, reeditar a marcha do golpismo da Avenida Paulista, em São Paulo.
Mas seus gatos gordos não estarão lá, e talvez façam leves ressalvas aos apelos autoritários.
Os Jabores, os Mervais, os Azevedos estão muito bem, cevados pelos seus bons contratos nos grandes meios de comunicação.
Que, por sua vez, estão muito bem cevados pelas gordas verbas de publicidade que lhes fluem dos governos e das empresas.
Quem quiser saber como se formaram estes cogumelos – como Brizola os chamava, pelo fato de terem vicejado sobre matéria pútrida – não precisa ler um monte de estudos sobre a comunicação no Brasil.
Basta que leia o editorial de O Globo, hoje, já começando a chamar de “bolivarianismo” qualquer tentativa de governos de cortar-lhes os privilégios.
Por experiência própria diz que os tais “bolivarianistas” projetam o que eles bem sabem que acontece em ditaduras, pois foi nela que se formaram.
“O objetivo é o de todos os governos autoritários: limitar a informação à verdade oficial, calando críticos por meio de intimidação de jornalistas, de pressão econômica sobre as empresas de comunicação, montando uma poderosa cadeia estatal de notícias e manipulando verbas de publicidade para beneficiar amigos e aliados.”
Ora, ora, o que foi que fez aqui, o regime militar, transformando um jornal de terceira linha e uma emissora de rádio – era isso a Globo, então – neste monopólio que foi destruindo e engolindo tudo?
Mas, reconheçamos, tiveram, além dos meios, também a paz para criar seus filhotes, netos da ditadura.
Fomos salvos – e esta salvação não é senão o fato de sobrevivermos – pela internet.
Se multiplicou o poder deles por cem, ao nosso multiplicou por cem mil.
Porque eles tinham tudo e hoje têm quase tudo.
E os que os contestam, que não tinham nada, hoje têm alguma capacidade de expressão do pensamento.
Eu diria que, até, uma incrível capacidade de expressão, aqui, quase em prisão domiciliar, batucando loucamente num teclado, sem quase nada mais que isso.
A direita percebeu com muito mais esperteza – tanto que o nega – que a comunicação é a nova forma da política, se é que algum dia ela não o foi.
Porque, como no mito platônico da caverna, toma-se o único que se vê como expressão da realidade.
A esquerda?
Ah, a esquerda não faz o que diz O Globo, e depende de uma dúzia de doidos que se dispõem a fazer a polêmica.
E é isso ao que o pensamento único não resiste.
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