11 de novembro de 2014 | 13:59 Autor: Fernando Brito
Dilma Rousseff viajou, mas deixou um recado claro, que foi transmitido aos parlamentares que pretendiam remover o limite de 60 assentos aos subsídios dados à aviação regional para até 50% da capacidade dos aviões empregados em linhas de baixo rendimento, sem limite numérico.
A nossa imprensa, dona de um misto de burrice e má-fé, coloca este limite como uma “exigência” da Azul, que opera os jatos da Embraer EMB 190 e 195, de fabricação nacional e capacidade para, respectivamente 114 e 126 passageiros.
Aviões, aliás, que tiram o sono da Bombardier, a maior concorrente da Brasileira, e que são um sucesso internacional, comprado por gigantes da aviação como a Lufthansa.
A empresa, tanto quanto qualquer outra, teria ganhos maiores apenas substituindo sua frota pelos Airbus e Boeing usados pela TAM e pela Gol, que levam mais passageiros e para as quais a derrubada do “teto” de 60 passageiros seria, literalmente, um maná dos céus.
TAM e Gol, aliás, não sofrem prejuízo algum, porque têm diversas aeronaves estrangeiras com pouco mais de 120 lugares, perfeitamente adequadas ao limite do subsídio.
A grande prejudicada, de fato, seria a indústria aeronáutica brasileira, não apenas a Embraer quanto a cadeia de produção e tecnologia que a ela se liga e que, a duras penas, vem sendo parcialmente – apenas parcialmente – mantida no Brasil, porque é uma tendência mundial a internacionalização de peças e componentes de aviões.
Parece incrível, mas o relator tucano da chamada MP da Aviação precisou ouvir do Governo que, eliminado o limite que, na prática, significa um bem para a aviação regional – só a imoral esperteza justificaria colocar aviões maiores para voarem com 10 ou 20% dos assuntos ocupados e receber subsídios – ou haveria um limite ou não haveria subsídio.
Incrível e também irônico para um partido cujo candidato fez um aeroporto que procurou justificar como “importante para o desenvolvimento” de uma cidade de apenas 27 mil habitantes, casualmente aquela em que mantém sua fazenda de lazer.
Quem sabe o deputado tucano tenha a intenção em colocar um vôo regular para Cláudio, talvez num Jumbo, com cinco ou seis passageiros da família Neves e um Maracanã de assentos vazios, subsidiados pelo poder público.
Afinal, para quem gastou R$ 14 milhões de reais mum aeroporto “público” que é privado até nas chaves do portão, nada escandaliza, não é?
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