quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Tecnologia simples de captação de água da chuva no Semiárido pode ajudar outras regiões

11/02/2015 11:40
Cisterna já mudou a vida de mais de quatro milhões de pessoas que aprenderam a 
conviver com a seca. Desde 2003, mais de 1,1 milhão de reservatórios foram construídos 
na região

Brasília, 11 –
 A tecnologia de captação de água da chuva que transformou a vida de mais
 de quatro milhões de pessoas no Semiárido pode ajudar a população das regiões Sudeste
 e Centro-Oeste a conviver com a estiagem. A cisterna – solução simples e de baixo custo
 – garante água de qualidade para uma família de cinco pessoas em um período de seca 
de até oito meses.

Para o coordenador do Programa Água para a Vida da organização não governamental 
WWF-Brasil, Glauco Kimura de Freitas, é necessário dar atenção a esta tecnologia de 
baixo custo e de fácil acesso que é desenvolvida no país. “A seca é um fator novo para 
o Sudeste. Já os habitantes do Semiárido convivem com a estiagem desde o século XVI.
 Não há nada mais justo do que utilizar essa tecnologia já consagrada para acumular a 
água da chuva”, afirma.

Kimura alerta também para o consumo consciente. “As pessoas vão ter que mudar 
os seus hábitos para reduzir o consumo de água. Se conseguimos captar a água 
de chuva, mesmo que não seja para beber, vamos liberar a água potável para fins
 mais nobres.”

Convivência – Mais de 1,1 milhão de unidades para captação de água da chuva 
foram entregues nos municípios do Nordeste e do norte de Minas Gerais, o que 
representa uma capacidade de armazenamento de 17,8 bilhões de litros de água. 
“Os investimentos contínuos ao longo dos anos, somados a uma parceria forte entre
o governo federal, estados, municípios e sociedade civil, tem possibilitado ao
Semiárido brasileiro conviver com os efeitos da seca, e não mais combatê-los,
 como era a cultura no passado”, afirmou o secretário nacional de Segurança 
Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
 Fome (MDS), Arnoldo de Campos.

A construção das cisternas gera renda nos municípios, promovendo o 
desenvolvimento local. Já foram investidos mais de R$ 3 bilhões na compra 
de insumos e na capacitação e pagamento de mão de obra.

O coordenador-geral de Acesso à Água do MDS, Igor Arsky, explica que toda 
a comunidade é mobilizada para atuar no projeto. “Este é um aspecto central do 
modelo de tecnologia social apoiado pelo ministério, gerando um sentimento de 
conquista e apropriação que contribui com o processo de gestão da água e do 
equipamento instalado.” Desde 2003, foram capacitados mais de 22 mil pedreiros
 por meio do Programa Cisternas, do governo federal. Além disso, todas as
 famílias beneficiadas participam de cursos de formação sobre a gestão e o
 tratamento da água armazenada.

O acesso à água também tem impacto na melhoria da qualidade de vida e da
 saúde das famílias. As maiores beneficiadas são mulheres e crianças, sobre
 quem recaía a tarefa de ter que caminhar longas distâncias e perder várias 
horas do dia para buscar água. Antes das cisternas, cada família perdia, em 
média, até seis horas por dia para ir buscar água em açudes – tempo que hoje
 pode ser dedicado a outras tarefas e para a melhoria da convivência familiar.

A captação da água da chuva tem ajudado ainda o agricultor familiar a voltar a
 produzir alimentos e criar animais. Por meio do Plano Brasil Sem Miséria, entre
 2011 e 2014, foram entregues mais de 98,6 mil tecnologias sociais que podem 
armazenar até 52 mil litros de água para produção. As escolas rurais da região 
também estão sendo atendidas: já são mais de 960 construídas. O MDS está 
investindo R$ 69 milhões para a entrega de outras cinco mil unidades até o final
 deste ano.

Novos tempos – “Tenho água o ano todo. A chuva aqui é só uma vez por ano
 e aproveitamos para acumular água”, conta o agricultor familiar José Barbosa
 Filho, 46 anos, da comunidade do Salitre, em Juazeiro (BA). Ele e a família – 
esposa e dois filhos – têm dois reservatórios instalados no sítio – uma cisterna 
de água para consumo próprio e outra para armazenar água para a produção 
de alimentos.

Ele lembra que, antes das cisternas, a região sempre foi castigada pela seca.
 “Depois que chegaram as cisternas, não quero mais sair daqui. Este é o lugar
 onde sou feliz”, garante José, que colocou em prática algumas técnicas para 
o aproveitamento correto da água em todo o sítio.

A água armazenada na cisterna de produção, por exemplo, é utilizada em um
 sistema de gotejamento que racionaliza o uso da água e ajuda o agricultor
 familiar na produção de 11 tipos de alimentos, cultivados com métodos 
agroecológicos. José diz ainda que reaproveita até a água que cai da pia 
da cozinha para regar as plantas do quintal.

Informações sobre os programas do MDS:
0800-707-2003
mdspravoce.mds.gov.br

Informações para a imprensa:
Ascom/MDS
(61) 2030-1021
www.mds.gov.br/saladeimprensa

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