domingo, 17 de junho de 2012

AGROTURISMO 3-5



ATRATIVOS E POTENCIALIDADES
Um grande atrativo do agroturismo é sem dúvida a natureza: montanha clima e vegetação. Pesquisas indicam que o fator primordial para que o turismo aconteça é que se tenha uma região bela, não apenas um lugar. A região montanhosa do Espírito Santo chega a 1.500 metros de altitude, ainda temos um pouco de Mata Atlântica, o que torna mais acolhedora nossa paisagem. O clima é um outro atrativo, pois a 40 km das praias já temos uma temperatura média de 19 graus centígrados. Em alguns dias do inverno chega a dar uma leve camada de geada, trazendo turistas que gostam de curtir o frio.
A colonização italiana atrai. Nela encontramos cultura, tradição, afazeres cotidianos, grupo homogêneo e diferenciado. Com o surgimento do agroturismo os grupos culturais estão se desenvolvendo e tentando resgatar parte da história que havia sido perdida. Hoje, todos querem manter sua tradições, isso porque estão sendo criadas oportunidades.
A festa da Polenta de Venda Nova do Imigrante está conseguindo resgatar valores e tradições. É o maior evento da cultura italiana no Espírito Santo. Hoje temos vários grupos que cantam canções italianas, há anos atrás só existia o Coral Santa Cecília. Estes grupos são animados porque a comunidade apóia a iniciativa, colocando-os nas programações das festas. Quando uma criança vai apresentar algo, temos atrás dela os pais, os tios, padrinhos, avós, amigos, enfim uma porção de pessoas que irão tornar a festa mais animada.
Ao programar as festas da comunidade é interessante deixar um espaço para os organizados. Já vi comunidades colocarem na programação só gente de fora, o que fica muito caro e leva todo o dinheiro. E o que é pior, as pessoas do lugar passam a não ir na sua própria festa. O atrativo local é importante, é ele que difere uma localidade da outra. Sem dúvida vai ser um atrativo diferente. Nesse aspecto devemos manter nossas diferenças e deixar de copiar, para que não saia tudo igual.
A agricultura no nosso caso é um forte atrativo, daí o nome agroturismo. Quanto mais diversificada e quanto se usa um bom nível de tecnologia, melhor. Na região predomina a pequena propriedade de 20 a 30 hectares. Por serem pequenas se vêem obrigadas a trabalhar com culturas que tenham alta produtividade, pois é daí que sai o sustento. Nossas terras são bem aproveitadas com plantios, proporcionando aos olhos dos turistas belas paisagens. Certamente a receita será diversificada e bem distribuída, o que faz a economia ser mais sólida.
O turista observa o aspecto social. A produção é transformada. Aqui entra a agroindústria com matéria prima natural e de boa qualidade. Aproveitamos parte da produção que às vezes era jogada fora por ser fruto pequeno, transformando-os em produtos deliciosos e apreciados pelos turistas. Esses produtos formam um atrativo turístico. Recebemos pessoas do Brasil inteiro e até de outros países para adquirir esses produtos.
As flores atraem. As orquídeas nativas e variedades de espécies são encontradas na região. É importante manter as vias públicas e fachadas das casas com jardins floridos. Sem falar nas roseiras que são cultivadas em estufas para a comercialização. É prazeroso ao turista levar para sua casa flores ou mudas delas.
Os atrativos naturais também somam, temos pequenas cachoeiras de águas cristalinas que, bem trabalhadas, tornam-se pontos turísticos. As trilhas atraem e levam a lugares pitorescos e panorâmicos.
A estrutura de um lugar pode ser um atrativo. O nosso turista é exigente com relação a isto. Hoje a região tem hotéis atraindo um público de alto poder aquisitivo. Junto surgem restaurantes, adegas, casas de chá, pesque e pague e pousadas rurais. Esta última forma de hospedagem é muito procurada. Além de ser mais barata, atinge outro tipo de público que não é o do hotel. Neste tipo de hospedagem não podemos confundir rusticidade com falta de conforto. As pessoas querem participar da vida do campo, comendo, bebendo e se sentindo à vontade. O atrativo como águas, flores e florestas devem ser abundantes.
Os atrativos de aventura (asa delta, alpinismo, rally, parapente e canoagem) são procurados por um público que gosta de muita adrenalina e emoções. Nossa região é propícia e traz um expressivo número de turistas. As belas trilhas íngremes e sinuosas são desafios cobiçados. Estes são atrativos que estamos começando a explorar. Temos muito por fazer. Devemos fazer sempre a partir do que está dando certo e depois ir introduzindo novidades. Lembramos que uma comunidade unida é que faz ser ou não turística. No nosso caso esse é o melhor atrativo, mas eles mudam de região para região. Cada lugar deve descobrir o seu potencial turístico e trabalhá-lo. Todo lugar tem algum atrativo.
PERFIL DO TURISTA
GOSTA DO CONTATO COM A NATUREZA
A natureza atrai. Ao longo destes anos observamos o encontro do turista com a natureza. Ele tem preferência por propriedade onde haja uma biodiversidade. Ter uma propriedade preservada é importante. A prática agrícola é um complemento necessário e torna mais atrativa quando é diversificada. É mais bonito ver um campo plantado com várias culturas do que a monocultura. A pequena propriedade é uma característica da região. O turista gosta de estar com os animais, respirar ar puro, estar em contato com águas límpidas de cachoeiras, andar por vales e trilhas, colher frutos no pé. Há uma grande procura de informações sobre a flora e fauna. O Espírito Santo possui uma enorme variedade de orquídeas e plantas raras como cedro, peroba, jequitibá e canela.
EVITA GRANDES AGLOMERAÇÕES 
Procura a área rural onde o número de habitantes é menor, não tendo tumultos humanos como em determinados pontos turísticos que conhecemos. Busca ambiente que oferece lazer, paz e sossego. O meio rural oferece isto tudo.
BUSCA HOSPITALIDE FAMILIAR
O visitante vem procurar algo mais do que uma simples amizade. Vem em busca daquilo que o grande centro urbano não tem para oferecer: a acolhida, a hospitalidade e o gastar tempo com conversas. Busca uma identidade, procurar tornar-se parte da família. Existe uma enorme busca pela cultura e pelo passado da família. Temos fotos de cinco gerações, a árvore genealógica e uma pequena história escrita. Isto é uma atração. As histórias bem contadas e floridas que não acabam nunca sempre agradam. Meu pai e minha tia Victória, gostam de estar juntos com os turistas. Temos de preservar a cultura, não deixando influências de fora tomar conta e perdermos nossa identidade.
DESEJO DE RETORNAR ÀS ORIGENS
Encontramos pessoas que vêem a necessidade de retornar ao passado. Neste grupo estão os que já tiveram uma terra ou pertencem à família cujos pais ou avós foram fazendeiros. Outros tiveram a má sorte de ouvir de seus pais a frase: filho meu não vai ter esta vida de cão, não1 E assim foi estudas na cidade grande e lá permaneceu. Com o tempo dá saudade do campo. Vem para matar a saudade e satisfazer o desejo de familiares que nunca tiveram contato com a terra.
Essa procura é grande pelo fato de que nas cidades a qualidade de vida não é muito boa. Lembra como o seu pai vivia bem e vem para o campo trazendo sua família. Nestes dez anos de agroturismo constatamos que isto também é atrativo.
QUER CULINÁRIA E PRODUTO LOCAL
Foi neste ponto que descobrimos que agroturismo seria um bom negócio. Os primeiros que nos visitavam vinham também para comprar produtos feito por nós. Quem faz turismo adora compras, principalmente por poder acompanhar a produção. Recebemos pessoas interessadas em adquirir produtos, por serem uma particularidade da região ou da família, que só encontramos aqui. Também são procurados por serem naturais e terem aquele gostinho do meio rural. A comida rural quebra a rotina do meio que ele vive. Talvez por ser feita em fogão a lenha e panela de ferro. No meio rural o ambiente é diferente, a natureza é exuberante, clima agradável, convidativo a apreciar um bom vinho da região, massas e muitas outras iguarias. O turista rodeado deste clima fica eufórico e satisfeito.
Em relação aos produtos que aqui degustam, muitos dizem que são mais gostosos do que aqueles que levam para casa. É verdade, aqui as pessoas estão num meio onde tudo é diferente do seu cotidiano, assim tudo fica mais saboroso.
Quem deseja explorar este mercado precisa ter criatividade e pesquisar. Fazer o que o turista gosta, sem perder a originalidade. Devemos tomar o cuidado para que sejam produtos típicos. Acredito que o campo de maior procura seja os de alimentos de origem italiana, como os pratos do Agriturismo na Itália. Um exemplo é o queijo. Quais tipos de queijos poderíamos fazer? Isso dá uma idéia do quanto podemos avançar, estamos no início e temos um enorme caminho a percorrer.
TEM ATRAÇÃO E INTERESSE POR MANIFESTAÇÕES POPULARES
Um local torna-se atrativo quando tem organização em suas manifestações populares. Uma festa com o lucro revertido em benefício da própria comunidade será uma atração diferente das demais. Temos um grupo que sempre está junto para manifestações culturais e de entretenimento. Eles ganharam o apelido de Grupo da Missa das 10, pois se reúnem no pátio de Igreja após a missa verdadeira das 9 horas e cantam canções típicas acompanhadas de um bom vinho. Este espírito lembra o ditado italiano: quem bebe dorme, quem dorme não faz pecado, quem não faz pecado vai para o paraíso, então vamos beber.
GOSTA DE CONHECER REALIDADES DIFERENTES
O turista quer algo diferente do seu dia a dia. Sua vontade é esquecer tudo por uns dias. O ser humano tem necessidade de dar uma parada para sair da rotina. Podemos oferecer um local aprazível e singelo, sem confundir rusticidade com falta de conforto e higiene. Podemos oferecer esta quebra. A comida, o tipo de lazer, a natureza, a tranqüilidade, a paz, contribuem para a um relax. No campo as pessoas são diferentes daquelas que ele convive, talvez menos individualistas e com maior disponibilidade para ouvir, o que é difícil na cidade.
É URBANO
A maioria dos turistas que recebemos vem da cidade. É preciso conhecê-los para termos êxito na atividade. Temos de tratá-los como pessoas que tem o seu jeito de ser e de agir.
Devemos ter cuidado nas caminhadas. Ao passarmos por animais, que para nós são familiares, mas para eles não, podem ficar com medo e até se assustarem, causando transtorno. É bom falar sobre o animal, seu modo de vida, sua alimentação e seu habitat. Recomendamos que tenha sempre uma pessoa para acompanhá-los e que o grupo não ultrapasse 25 pessoas.
Numa visita a uma agroindústria ou plantação, o grupo pode atingir até 50 pessoas por guia. Ninguém é sabido, ou seja, detentor de todo o conhecimento. Acontece do homem do campo estranhar o elevador e ser motivo de risada para o urbano. No meio rural quando recebemos o urbano também temos motivos para achar graça, muitos não conhecem nosso meio, vêem uma vaca e fala que é um boi, o feijão vira café e assim por diante. O desconhecimento dos dois é que faz estas brincadeiras.
É comum falarem que vivemos no melhor lugar do mundo. Dizem isto devido a valorização que o homem do campo está conquistando. Quando nos visitam acompanham a produção e a transformação dos produtos. Neste momento todo cuidado com a higiene é pouco, sabemos dos riscos da contaminação devido ao trânsito das pessoas. As precauções devem ser tomadas.
EXIGE AMBIENTE SADIO, GENUÍNO E  LIMPO.
Manter tudo o mais natural possível. Rústico combina com conforto. Numa cachoeira não devemos colocar cimento em tudo. Podemos usar pedras e troncos que normalmente são abundantes, é uma questão de bom gosto arrumá-los adequadamente. Aproveitar o máximo a vegetação natural. Caso esteja extinta, devemos reflorestar com árvores nativas.
Devemos estar atentos para a arrumação em volta das casas, tulhas, estábulos, galinheiros, pocilgas, armazéns, equipamento e máquinas. Eles devem estar em harmonia. Resto de embalagens e lixo merece uma atenção especial. Onde há lixo não existe turista. Quem não tem organização, certamente não terá êxito no agroturismo.
A organização não depende só de um belo jardim, mas de um todo organizado, cada coisa no seu lugar. É normal que o confinamento de animais gere mau cheiro devido a matéria orgânica. O que devemos fazer é coletar os restos da matéria orgânica.
Devemos fazer produtos naturais e de qualidade. A embalagem pode ser simples, mas que seja de bom gosto. Quando o turista compra, a higiene e a organização contam.
PROCURA FÉRIAS BREVES E FREQUENTES.
As pessoas estão tirando férias mais rápidas e bem distribuídas, querem aproveitar tudo ao máximo. E o conjunto das possibilidades turísticas  pode oferecer esta diversidade. O turista de praia está passando alguns dias nas montanhas. Ele está ficando a cada dia mais elétrico. Quer coisa diferente, com maior intensidade, principalmente o jovem e a criança. Temos turista de toda idade e classe social, durante o ano inteiro
TRAZ NOVIDADES AO CAMPO.
É normal o turista tornar-se amigo e querer nos ajudar. Trazer novidades, algo que viu em determinado lugar e que achou interessante para nos ajudar em nosso negócio. Já aconteceu de começarmos a fazer um determinado tipo de queijo por sugestão de um turista. Tem gente que procura mercado para nossos produtos, indicando locais de venda. Há os que fazem questão de dizer que trouxeram outras pessoas para visitar-nos. Falam do nosso trabalho. Percebemos que participam conosco principalmente por estarmos criando emprego no meio rural.

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