Criado na fase de declínio da cafeicultura no Paraná, aporte tecnológico da instituição possibilitou a revitalização da cultura no Estado
A década de 1970 foi um divisor de águas para Londrina e o norte do Paraná. Aqueles anos marcaram o fim da era de ouro do café e iniciaram uma nova fase para a economia e o desenvolvimento da região. Embora os grãos tenham se tornado o novo carro-chefe da agricultura, o café nunca deixou de ser relevante. Um reflexo disso é a criação do Instituto Agronômico do Paraná – Iapar em 29 de junho de 1972. Implantado a partir dos esforços de lideranças políticas e empresariais, o instituto recebeu recursos de organismos ligados ao setor: US$ 2 milhões somente da Organização Internacional do Café - OIC. Além disso, foi criada infraestrutura e contratado um corpo técnico para pesquisar novas tecnologias para o setor.
Um dos primeiros funcionários foi o pesquisador Marcos Pavan, que atuava no extinto Instituto Brasileiro do Café - IBC. Pavan elenca algumas contribuições do Iapar para uma mudança radical na cafeicultura paranaense em seus 40 anos de existência. O controle biológico de pragas, o manejo de solo por meio da adubação verde e o lançamento de novas variedades são algumas delas. Também vale ressaltar, segundo ele, o serviço do Alerta Geada, que informa e orienta o agricultor sobre a ocorrência de geadas para proteger novos cafezais, e ainda o sistema de café adensado, adequado à nova realidade da cafeicultura paranaense baseado em pequenas propriedades e na necessidade de plantas menores por conta da escassez de mão-de-obra.
Durante a solenidade comemorativa dos 40 anos do Iapar, a ser realizada no dia 29 de junho, a Embrapa Café, como coordenadora do programa de pesquisa do Consórcio Pesquisa Café, receberá uma homenagem em reconhecimento ao seu trabalho de parceria e apoio ao Instituto. Na ocasião, será entregue o troféu “Amigo do Iapar”, concedido a parceiros e colaboradores que contribuem para a realização da missão do Iapar.
Consórcio Pesquisa Café - A partir de 1997, com a criação do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café (Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), as pesquisas do Iapar se intensificaram. “Hoje nós temos uma equipe de aproximadamente 50 pessoas, entre pesquisadores, técnicos agrícolas, estagiários e bolsistas, atuando no Programa Pesquisa Café do Consórcio”, diz Pavan, atual e primeiro líder do programa. O diretor técnico-científico do Iapar, Armando Androcioli Filho, salienta a importância do Consórcio para outros avanços que a instituição obteve ao longo das últimas quatro décadas. “O Consórcio contribuiu significadamente para que conseguíssemos, por exemplo, aumentar a produtividade média no estado de sete para 24 sacas beneficiadas por hectare”, elenca o diretor. Ainda de acordo com ele, outro fator fundamental foi a melhoria da qualidade do café paranaense e da transferência de tecnologia. “Com o Consórcio, pudemos implementar a metodologia do treino e visita, que atualmente é referência no País”, finaliza.
Genoma Café - O instituto teve papel importante no sequenciamento do genoma do café e atualmente vem trabalhando em parceria com o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento - Cirad, da França, Universidade de Campinas - Unicamp) e Embrapa Café para a criação de variedades de boa qualidade de bebida e resistentes à seca. O projeto do Genoma Café desenvolveu, numa primeira fase, o sequenciamento do genoma café, resultando na construção de um banco de dados com mais de 200 mil sequências de DNA. Isso permitiu a identificação de mais de 30 mil genes, responsáveis pelos diversos mecanismos fisiológicos de crescimento e desenvolvimento do cafeeiro. Esses estudos vão permitir diminuição no custo de produção, mais sustentabilidade e produtividade para as lavouras e melhoria da qualidade da bebida.
Cultivares - O Iapar desenvolveu 13 cultivares de café graças ao apoio e recursos do Consórcio. Dessas cultivares, cinco foram lançadas e comercializadas: Iapar 59, IPR 98, IPR 99, IPR 103 e IPR 107. As cultivares Iapar, IPR 98 e IPR 107 são umas das poucas no mundo que têm resistência de longa duração (cerca de 30 anos) a uma super-raça de ferrugem originada na Índia. Os testes foram feitos pelo Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro - CIFC, em Portugal. Oito delas ainda não foram lançadas. São elas: IPR 97, IPR 100, IPR 101, IPR 102, IPR 104, IPR 105, IPR 106 e IPR 108.
Alerta Geadas – A tecnologia está em uso desde 1995, mas com a criação do Consórcio houve maior aporte de investimento e divulgação para todo o Brasil. No Paraná, permite proteção das lavouras novas, de 6 meses a 2 anos. Quando há previsão de geada, um alerta é disparado para os produtores cadastrados no projeto. Com a previsão da geada os produtores são orientados a fazer o chamado “enterrio” da planta, que devem ficar cobertas por, no máximo, 20 dias, protegidas contra as geadas de moderadas a fortes. O Alerta Geada também dispara o aviso, no começo de todo inverno com o primeiro resfriamento, para outra técnica, a “chegada de terra”, que consiste em amontoar a terra na base das plantas para protegê-las do frio. A última geada registrada no estado foi em 2000, nesse ano, o alerta foi atendido por 100% dos produtores de café da região. R$ 21 milhões em prejuízos aos produtores de café no Paraná foram evitados com o Alerta Geada.
Programa Treino e visita – É um projeto que inova o processo de transferência de tecnologia desde 1997. O projeto consiste em ações promovidas junto a produtores de café que recebem capacitações sobre as tecnologias que interessam para sua produção. As tecnologias, resultados de pesquisa, são repassadas por pesquisadores para especialistas de extensão técnica na região. Estes, por sua vez, repassam as tecnologias para um grupo de agrônomos que são encarregados de transmiti-las para os produtores. Essa rede integrada capilariza as tecnologias, fazendo com que elas cheguem ao campo e também permitem que, no caminho inverso, captando as demandas dos produtores. Entre os resultados, pode-se destacar cerca de cinco novas tecnologias transferidas por ano de acordo com as necessidades dos produtores. Em 15 anos, por volta de 70 tecnologias foram transferidas para até 1.500 produtores por ano.
Dados econômicos – A segunda estimativa de produção de café (arábica e conilon) para a safra 2012 indica que o País deverá colher 50,45 milhões de sacas de 60 quilos do produto beneficiado. Confirmando o resultado, esta será a maior safra já produzida no País, superando o volume de 48,48 milhões de sacas colhidas na safra 2002/03. No Paraná, a previsão para a atual safra é de 1,6 a 1,8 milhão de sacas beneficiadas.
Mais sobre o Consórcio - O Consórcio Pesquisa Café é uma experiência inovadora de integração da ciência e da tecnologia no País tendo por base a sustentabilidade, a qualidade, a produtividade, a preservação ambiental, o desenvolvimento e o incentivo a pequenos e grandes produtores. Foi fundado por 10 instituições ligadas à pesquisa e ao café: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, Instituto Agronômico - IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras - Ufla e Universidade Federal de Viçosa - UFV. Hoje agrega pelo menos mais 45 instituições parcerias. Ao longo de seus 15 anos de existência, o Consórcio Pesquisa Café se consolidou como espaço de geração de tecnologias, conhecimento e de transferência de tecnologia.
As pesquisas do Consórcio Pesquisa Café contam com o apoio e o financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – Funcafé, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa.
Gerência de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café
Texto: Flávia Bessa – MTb 4469/DF e Lucas Araújo – MTb 4037 (Iapar)
Fone: (61) 3448-1927
Site: www.embrapa.br/cafe
www.consorciopesquisacafe.com. br
Texto: Flávia Bessa – MTb 4469/DF e Lucas Araújo – MTb 4037 (Iapar)
Fone: (61) 3448-1927
Site: www.embrapa.br/cafe
www.consorciopesquisacafe.com.
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