sexta-feira, 17 de agosto de 2012

CAFÉ EM RONDONIA


Rondônia é o sexto maior produtor de café do País e ocupa a segunda posição nacional em cultivo de conilon. Carro-chefe da agricultura familiar no estado, a cafeicultura vive um processo de transição dos métodos tradicionais para um novo cenário com a modernização das lavouras. Pesquisas e ações de transferência de tecnologia têm sido fundamentais para viabilizar uma reorganização da cadeia produtiva do café no estado. Com esse fim, instituições de pesquisa e extensão rural, como Embrapa RondôniaEmater-ROEmbrapa Café Consórcio Pesquisa Café, formam parcerias.
 
Conilon em Rondônia – O café conilon produzido em Rondônia é cultivado em pequenas propriedades, cerca de 40 mil no estado, e tem uma produção de 1,6 milhões de sacas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os investimentos em pesquisas no estado têm entre as metas o crescimento e aprimoramento da produção, da produtividade – hoje em torno de 11 sacas/hectare – e da qualidade. A cultivar BRS Ouro Preto, primeira cultivar de café registrada para Rondônia, adaptada a clima e solo da região, é um divisor de águas para a cafeicultura do estado. É também a primeira cultivar de café desenvolvida pela Embrapa. Produzida a partir de estudos com materiais genéticos de plantas superiores do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Embrapa Rondônia, a cultivar tem produtividade superior a 70 sacas/ha. A BRS Ouro Preto foi lançada neste ano de 2012 e a produção de mudas em larga escala para os produtores deverá ocorrer nos próximos dois anos, por meio de viveiristas, do estado, numa ação de transferência de tecnologia.
 
Tecnologias – Além da cultivar BRS Ouro Preto, diversas linhas de pesquisa da Embrapa Rondônia, feitas em parcerias com o Consórcio Pesquisa Café, vêm buscando alternativas que gerem desenvolvimento das lavouras com consequentes impactos econômicos e sociais, aumentando a renda do produtor e estimulando a utilização de técnicas mais sustentáveis. “Já percebemos muitas iniciativas dos próprios produtores do estado de adoção de novas tecnologias”, diz o chefe de transferência de tecnologia da Embrapa Rondônia, Samuel Magalhães. A tecnologia de poda e desbrota adaptada ao conilon e o espaçamento adequado das lavouras é outra pesquisa que vem trazendo resultados diretos no aumento da produtividade na região. Implantada desde 2003 no estado, a tecnologia já rendeu um benefício econômico de R$ 2,8 milhões, de acordo com o último Balanço Social da Embrapa 2011, publicado este ano.
 
BAG – A Embrapa Rondônia mantém um Banco de Germoplasma que tem contribuído para o desenvolvimento da cafeicultura local. Suas plantas com características superiores são utilizadas no melhoramento genético em cruzamentos para obtenção de novas cultivares, como a BRS Ouro Preto, e futura variedade para atender a demanda de pequenos produtores, explica o pesquisador José Roberto Vieira Junior, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Café da Embrapa Rondônia. Além de projetos para seleção de genótipos com resistência à seca, qualidade de bebida, estabilidade de produção e uniformidade de maturação.
 
Na linha de manejo, estão em execução projetos que buscam a produção de mudas com maior eficiência (menor tempo e melhor qualidade fitossanitária), a recomendação de calagem e a adubação e condução da lavoura.
 
Outras pesquisas em andamento buscam o desenvolvimento de metodologias para reduzir o tempo para produção de mudas, produção em larga escala e mudas com uniformidade genética e qualidade fitossanitária. Estudos que buscam alternativas para controle das principais pragas da cultura, como a broca do cafeeiro e o bicho-mineiro e controle de plantas daninhas, também contribuem para melhorar a qualidade e a produtividade dos cultivos comerciais de conilon no estado. Ou seja, um conjunto de ações de pesquisa que se complementam para o desenvolvimento econômico, social e sustentável da cafeicultura rondoniense. Roberto destaca ainda projetos voltados para cultivos de cafeeiro em sistemas alternativos, como em sistemas agroflorestais, agroecológicos, orgânicos e afins, testados no estado.
 
Impactos – Os impactos ambientais, sociais e econômicos com a modernização da cafeicultura também são objeto de pesquisa. “Atualmente, são realizadas análises econômicas dos diferentes modelos de sistemas produtivos de café, onde se considera o nível tecnológico de cultivo empregado, os fatores ambientais e sociais envolvidos na cadeia produtiva da cultura do café”, explica Roberto Vieira. Estudos (Comunicado Técnico 351) demonstram melhoria no desempenho de lavouras que optaram pela adoção de sistemas tecnificados, demonstrando que a substituição dos sistemas tradicionais, ainda predominantes no estado, vai ao encontro dos objetivos de crescimento e aprimoramento da produção.
 
Qualidade – As pesquisas cafeeiras com o conilon vêm demonstrando a possibilidade de se produzir esse tipo de café com qualidade competitiva. Em Rondônia, a qualidade é uma das preocupações dos estudos científicos. O alcance desse objetivo tem relação direta com a organização da cadeia produtiva do estado. Hoje, o café de Rondônia é destinado basicamente para o mercado interno da indústria de solúvel, mas essa realidade está mudando. “É uma questão de tempo para encontrarmos parceiros interessados em investir na qualidade do conilon, com compradores e beneficiadores que se interessem por inovação tecnológica no estado”, diz Samuel Magalhães. Considerando perspectivas futuras, ele ressalta que o conilon pode democratizar o café gourmet no mercado nacional, ofertando um produto de qualidade a preço acessível.
 
As pesquisas da Embrapa Rondônia, por estarem inseridas no Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café, também contam com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Funcafé/Mapa).
Gerência de Transferência de Tecnologia da Embrapa CaféTexto: Cristiane Vasconcelos (Mtb 1639/CE).
Fone: (61) 3448-4566
Site: www.embrapa.br/cafe
www.consorciopesquisacafe.com.br
 

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