segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Colômbia e Farc vão começar negociação de paz, diz fonte



BOGOTÁ, 27 Ago (Reuters) - O governo da Colômbia e a guerrilha esquerdista Farc darão início em breve a um diálogo de paz em uma nova tentativa para pôr fim ao violento conflito interno de quase cinco décadas que atinge o país sul-americano, informou uma fonte de alto escalão nesta segunda-feira.

A aproximação, a qual os Estados Unidos estão cientes, poderá começar em Cuba ou na Noruega, mas esse detalhe ainda não foi definido, acrescentou a fonte.

Contudo, ela revelou que o diálogo de paz entre o governo do presidente Juan Manuel Santos e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) deve incluir a não extradição dos chefes máximos da guerrilha, muitos deles solicitados pelos Estados Unidos por acusações de narcotráfico e terrorismo.

O mesmo Santos negou recentemente conversações com as Farc, enquanto o grupo rebelde, o maior e mais ativo do continente, se mantém em silêncio sobre os rumores que surgiram há algumas semanas.

Altas fontes do governo consultadas sobre o que parece um iminente começo de diálogo de paz com as Farc disseram à Reuters que "não há nenhum acordo".

Contudo, mais cedo, a emissora de TV Telesur, ligada ao esquerdista presidente venezuelano Hugo Chávez, garantiu que o governo colombiano e as Farc assinaram em Havana, Cuba, um acordo para iniciar um processo de paz.

O ex-mandatário colombiano Alvaro Uribe, que se converteu no mais ácido crítico de Santos, falou sobre um diálogo de paz em sua conta no Twitter.

A notícia veio em meio à intensificação do conflito em diferentes regiões da Colômbia, que provocou impacto em setores produtivos como o de petróleo, mineração e energia, mas que também afetou a população civil.

Só no domingo, seis pessoas, incluindo duas crianças, morreram com a explosão de uma bomba perto de VistaHermosa, uma cidade no Estado de Meta, sudeste da Colômbia, uma ação que o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, atribuiu às Farc.

Embora tenha sido enfraquecido por uma ofensiva militar apoiada pelos Estados Unidos na qual vários de seus comandantes foram mortos e milhares de combatentes desertaram, o grupo rebelde ainda mantém a capacidade de cometer ataques de grande impacto.

Com as recentes ações, a guerrilha, que conta com cerca de 8.000 combatentes e é considerada uma organização terrorista por Estados Unidos e União Europeia, aparentemente deve ter tentado demonstrar seu poderio militar antes da eventual negociação de paz, segundo analistas.

A piora da segurança foi o principal fator que contribuiu para a queda na popularidade do presidente Santos, que em agosto cumpriu a metade de seu mandato de quatro anos e começou um processo de reorganização de seu gabinete de ministros que inclui a reorientação de suas principais políticas.

As últimas negociações de paz com as Farc aconteceram durante o governo do ex-presidente conservador Andrés Pastrana e se estenderam entre 1999 e 2002, mas o processo fracassou por uma intensificação dos ataques e os sequestros por parte do grupo rebelde.

A fracassada negociação aconteceu na Colômbia, em meio a uma zona desmilitarizada de 42.000 quilômetros quadrados --duas vezes o tamanho de El Salvador-- depois que o governo concordou em ceder o controle aos rebeldes, que a utilizaram para se proteger, fazer atividades do narcotráfico e se fortalecer militarmente, de acordo com fontes de segurança.

(Reportagem de Helen Murphy)

Reuters

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