quarta-feira, 29 de agosto de 2012

FUTEBOL Participação brasileira na Bundesliga cai pela metade


MUNICH, GERMANY - JANUARY 28:  Rafinha of Muenchen runs with the ball during the Bundesliga match between FC Bayern Muenchen and VfL Wolfsburg at Allianz Arena on January 28, 2012 in Munich, Germany.  (Photo by Alexander Hassenstein/Bongarts/Getty Images)

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Participação brasileira na Bundesliga cai pela metade

Valorização do real, crise na Europa e interesse de outros mercados por jogadores brasileiros são algumas das explicações para a queda no número de craques oriundos do Brasil no Campeonato Alemão.
A Bundesliga iniciou a temporada 2012/2013, que comemora os seus 50 anos de criação, com um número reduzido de jogadores brasileiros. Este ano, apenas 18 atletas do Brasil atuam em clubes da primeira divisão. Para se ter uma ideia, este número é a metade dos que atuaram, por exemplo, na temporada 2008/2009.
A boa situação da economia brasileira, a crise do euro e o assédio por parte de outros mercados de futebol são algumas das explicações para essa redução, segundo atletas ouvidos pela DW Brasil.
Mercado brasileiro em alta
Ainda há poucos anos os contratos milionários para jogadores de futebol vinham quase exclusivamente da Europa. O sonho de qualquer jogador brasileiro era se destacar numa equipe nacional e logo partir para atuar num grande time europeu. Mas essa perspectiva está mudando.
Se, por um lado, a Europa está sofrendo uma forte crise, que se reflete também nos investimentos e na publicidade no futebol, o Brasil surge como uma das potências econômicas emergentes, capaz de investir e manter os grandes craques no país.
Neymar recusou contratos com times europeus para ficar no Santos
É o caso, por exemplo, de Neymar, que renovou seu contrato com o Santos até 2014, deixando de lado propostas de clubes como Real Madrid, Barcelona e Chelsea.
Nos últimos três anos, os times brasileiros têm criado verdadeiros projetos publicitários, investindo na repatriação de jogadores que atuaram na Europa, como Adriano, Ronaldinho Gaúcho e, no caso mais concreto da Bundesliga, Cícero, que jogava no Wolfsburg e foi para o São Paulo disputar o Brasileirão.
Além disso, com a proximidade da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, os jogadores também têm interesse em mostrar o seu desempenho nos gramados do país – a visibilidade e a boa atuação podem garantir uma vaga na equipe nacional.
Para o lateral Rafinha, que durante cinco anos jogou no Schalke e agora está no Bayern de Munique, a redução no número de jogadores brasileiros no Campeonato Alemão é apenas uma fase. "O real está forte e os jogadores brasileiros acabam ficando caros. Fora isso, o fato é que os brasileiros querem ficar no Brasil e acabam ganhando a mesma coisa ou até mais jogando em seu país e perto dos familiares", afirmou à DW Brasil.
Na Europa, com exceção de grandes equipes que conseguem manter contratos milionários, os times sofrem com a crise e buscam investimentos em outros mercados ou nos jogadores do próprio país.
Para o atacante Grafite, que defendeu o Wolfsburg por quatro anos na Bundesliga, "os alemães não estão investindo pesado e os jogadores do Leste Europeu são opções mais baratas".
Oriente Médio e Ásia
Jogador Grafite trocou o Wolfsburg pelo Al-Ahli, dos Emirados Árabes
A trajetória de Grafite é um exemplo do aquecimento do mercado de futebol do Oriente Médio. Após ajudar o Wolfsburg a ser o campeão alemão em 2009 e de ter sido o artilheiro do campeonato, com 28 gols, o jogador foi contratado no ano passado pelo Al-Ahli, dos Emirados Árabes.
O interesse por jogadores brasileiros também cresce na Ásia. "A China está pagando muito bem, pois estão querendo estabelecer uma liga competitiva. Muitos jogadores estão indo jogar lá. Aqui no Oriente Médio está acontecendo o mesmo no Catar e nos Emirados Árabes", disse Grafite.
O jogador contou ainda que a liga na qual atua investiu em técnicos como Zenga, Quique Flores e Maradona e em jogadores como Trezeguet, Gian e Luiz Gimenes. "Tudo para ajudar o crescimento do futebol no país."
Difícil adaptação
Nem sempre é fácil para um jogador brasileiro deixar o país e se adaptar à vida na Europa. Rafinha, que já está na Alemanha desde 2005 e passou também uma temporada no Campeonato Italiano, lembra que "não é todo mundo que consegue se adaptar a uma nova cultura, nova língua, costumes diferentes e à falta do sol e da família".
Se adaptar ao Oriente Médio é um pouco mais simples, diz Grafite, pois "todo mundo fala inglês e o clima é parecido com o do Brasil".
Para ele, apesar do menor número de jogadores brasileiros na Bundesliga, a presença do futebol verde-amarelo ainda é expressiva na Alemanha.
"A parceria entre Brasil e a Alemanha tem uma tradição muito grande. O Brasil é um mercado importante para a Alemanha e vários jogadores brasileiros tiveram sucesso na Bundesliga. O brasileiro leva um diferencial ao Campeonato Alemão e eles sabem disso. Imagino que o brasileiro sempre será importante e terá destaque na Bundesliga", afirmou Grafite.
Autor: Antônio Netto
Revisão: Alexandre Schossler

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