CONHECI JOSÉ HEINEMANN NA INTERNET,VIA O AMIGO COMUM HELMAR POTRATZ. JOSÉ TINHA INTERESSE NO FILME VALE DO CANAÃ DE JECE VALADÃO.
ME PEDIU AJUDA PARA ENCONTRAR O FILME.
EU PEDI AJUDA A MEU IRMÃO HIGNER, QUE RESOLVEU O PROBLEMA.
ABAIXO O TEXTO QUE RECEBI DE HEINEMANN.
Mansur.
31.07.2012
A partir de 1970 deixei a capital de São Paulo onde morava
com meus Pais. Comecei a me engajar na comunidade religiosa da Paróquia local.
Naquele tempo estava no auge o Prejeto Rondon do Governo Brasileiro. Como fazia
parte da juventude de minha comunidade, os religiosos católicos e luteranos
resolveram também mandar jovens para o interior do Brasil, para que com seus
parcos conhecimentos pudessem vivenciar a vida simples da roça. Mais aprendemos
do que ensinamos. Em julho de 1970 estava conhecendo a realidade dos colonos
descendentes de pomeranos de Vila Pavão, Vila Valério e São Gabriel da Palha no
norte do ES. Fiquei mais tempo sediado em Vila Valério em casa de colonos bem
simples que não possuiam luz elétrica, nem telefone fixo. Acordavámos cedo, ás
5 horas da manhã e iamos para roça trabalhar nas lavouras de café, variedade
nova: o connilon. No início de agosto fiquei sabendo por moradores da cidade
que receberam visitas de seus parentes de Santa Maria de Jetibá, das terras
altas e frias, que um cineasta de nome Jece Valadão estava hospedado na casa do
Sr. Henrique Potratz e da Professora Gerda Roelke Potratz. Na casa do casal amigo
montou uma grande barraca e usou 3 depêndencias do lugar, para ser o Set de filmagem sobre o tema pomeranos.
Estava gravando em pilícula um filme sobre os Pomeranos, baseado no romance do
Juiz Graça Aranha que serviu a Comarca de Santa Leopoldina entre 1898 a 1902 e
escreveu um livro: Canãa. Graça Aranha era Juiz e escritor maranhense. Em seu
livro Canãa, retrata o modo de vida da Colônia de Santa Leopoldina e o
desenvolvimento da cultura de café a cargo de imigrantes alemães e pomeranos,
que chegaram a região a partir de 1857. Na época nem liguei, estava mais
interessado em conhecer a vivência e trabalho dos meus hospedeiros. Voltei no final
de ano para S.Paulo. No ano de 1973 larguei tudo e voltei ao Estado do Espírito
Santo. Dessa vez para estudar Diaconia no internato de Lagoa, distrito de
Afonso Cláudio, a exatos 60 km de distância de Santa Maria de Jetibá. Me formei
diácono da Igreja e voltei ao sul continuar os estudos, agora na linha
teólogica mais aprofundada. Mas meus estudos eram sempre interrompidos por
doenças e voltei á São Paulo para me tratar. Em 1977 hospitalizado assisti pela
TV Cultura um trecho do filme de Jece Valadão, justamente o filme dele que
havia feito e gravado em Santa Maria de Jetibá e Santa Leopoldina em 1970. Mas,
o filme: O Vale do Canãa estreou nas telas da cidade do Rio de Janeiro somente
em 1971. Do pouco que vi do filme o que mais me chamou a atenção foram os
moradores com rostos realmente de pomeranos, as paisagens e a casa antiga como
cenário principal. Naquela época no cinema brasileiro não era comum ser todos
artistas. O diretor levava para a cena alguns artistas e outros eram escolhidos
entre o povo e muitas cenas o povo de Santa Maria fêz parte ativa, se mesclando
com os artistas principais. Coincidência ou não, sem saber escolhi e mandei
tirar foto da casa que foi cenário principal do filme. A foto ficou bonita e
foi tirada do alto da estrada onde consta o velho casarão dos Schulthais e o
vale. A foto será a capa de meu livro: Pomeranos no Paraíso que será editado no
primeiro semestre de 2013.
Comecei assim uma busca incessante pelo filme. Percorri todos
os núcleos de descendentes pomeranos no País e em cada núcleo pedia as pessoas,
historiadores, professores e amantes da cultura pomerana se conheciam o Filme e
muitos diziam não. E diziam, só conhecemos o filme que foi feito em nossa
cidade, um curta metragem. É um filme documentário sobre os Pomeranos. Assim de
cada lugar fui sempre adquirindo novos filmes sobre a cultura pomerana. Mas,
ainda faltava o primeiro filme no País que foi feito sobre os pomeranos. Voltei
ao ES em 1980 e trabalhei como professor no internato de Lagoa onde estudei.
Juntamente com alunos, colegas professores e comunidade local conseguimos
muitas peças e um acervo grande doado pelas comunidades luteranas e católica.
As peças não cabiam mais em meu quarto. Resolvi com a comunidade local fazer um
Museu Pomerano, o primeiro do Estado do Espírito Santo que só retrata a cultura
pomerana. O Museu foi inaugurado em 28.11.1980, atualmente com 32 anos e
funcionando. Depois vim em definitivo para o sul e cursei na grande
Universidade do Vale do Rio dos Sinos o curso de História e me dediquei de
corpo e alma a causa da historicidade pomerana. Ainda recebo doações de acervo
sobre cultura pomerana e envio aos Museus que preservam essa cultura. Mas
sempre havia uma lacuna, não tinha conseguido o filme de Jece Valadão. Em
dezembro de 2010 escrevi para Luciana Gimenez do Super Pop, pois a Mãe dela
Vera Gimenez foi casada com Jece Valadão. Gentilmente recebeu minha carta, mas
não tinha o filme. No início de 2012 o ex-prefeito, Helmar Potratz intermédio o
contato com o Amigo Ronald Mansur. Expliquei o caso detalhadamente e Mansur,
quando pode seguiu para Castelo do Itapemirim e foi na casa dos Familiares de
Jece Valadãoe conseguiu da Família amiga sua um filme em DVD e
surpreendentemente me enviou de presente e sem nenhum custo. Imediatamente me
lembrei de uma frase de um velho professor de teologia deixou para mim quando
foi embora em definitivo do Brasil:
“ O amor ao próximo geralmente vêm do outro lado. Do lado do
estrangeiro, daqueles que nem conhecemos direito...”
Graças ao Amigo Mansur a coleção de filmes pomeranos está
completa e segura. Aguardei por isso 35 anos e dois meses e ontem finalmente eu
e minha esposa Júlia vimos na íntegra o filme. E foi muito bom rever lugares
que vivemos, passeamos e revimos amigos que já nos deixaram. E mais
interessante os que fizeram parte do filme e seus descendenhtes nunca viram
essas cenas que em nossos dias valem OURO. A Homenagem aqui é para o Nobre
Amigo RONALD MANSUR.
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