sábado, 25 de agosto de 2012

ORGÂNICOS - Um negócio em expansão acelerada


 
Está em vigor desde o dia 1° de janeiro de 2011, a LeiBrasileira de Produtos Orgânicos. Em relação a outros mercados, o País demorou a estabelecer suas regras.
A lei de orgânicos na Europa, por exemplo, completou 20 anos e, nos Estados Unidos, dez anos. Mas o Brasil inovou em relação a esses países, ao criar dois tipos de certificação autorizada pelo Ministério da Agricultura: por auditoria externa, através de visita técnica às propriedades, e participativa, com grupos de produtores aplicando a certificação. Essa segurança legal está trazendo agora uma nova fase ao agronegócio orgânico, ao atrair grandes investimentos e indústrias interessadas em um público de cerca de 30% da população mundial. São pessoas exigentes e em busca de uma alimentação mais saudável, com forte poder de decisão de compra.
No Brasil, campeão mundial no consumo de agrotóxicos, o aumento da incidência de doenças, como o câncer e a obesidade, está provocando o surgimento de um público atento ao custo embutido nas contaminações. Estima-se que de cada real investido em agrotóxico existiria um custo de R$ 1,25 a mais para compensar essa contaminação. Por isso, encontrar um denominador comum para a agricultura e a indústria, em relação à sustentabilidade ambiental, é hoje um debate mundial e uma cobrança dos consumidores.
O Brasil é o maior mercado de orgânicos da América do Sul e está em crescimento. No País, 70% dos produtos como açúcar, café, óleos, amêndoas, mel, lácteos, hortaliças e frutas, são vendidos nos supermercados, enquanto na Alemanha são 26% e na Itália, 23%.
Há mais de 10( feiras orgânicas no País, segundo o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec). Em relação aos projetos de certificação, todos destinados à agricultura familiar, o Instituto de Biodinâmica (IBD) registra um crescimento anual de 20% e seu principal parceiro tem sido o Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Atualmente, o IBD conta com 350 agroindústrias certificadas, de micro a grandes unidades de produção.
Mas os orgânicos brasileiros ainda representam uma pequena fração da produção mundial, um mercado com faturamento anual estimado em US$ 60 bilhões. No País, os orgânicos movimentam cerca de US$ 200 milhões e não há dados estatísticos seguros. Estima-se em 15 mil o número de produtores, que cultivam um total de um milhão de hectares, excluindo as áreas com atividade extrativista. No mundo, os orgânicos são cultivados em 37 milhões de hectares área que abriga 1,5 milhão de unidades produtivas e 6,€ milhões de trabalhadores. Nos EUA, por exemplo, os orgânicos já representam 11% da frutas e verduras vendidas.
No Brasil, o desafio para crescer aceleradamente é sair do baixo quadro de investimento em pesquisas de tecnologias que aumentem a produção. Alguns caminhos já estão indicados. A agricultura orgânica, por exemplo, apresenta o maior índice de reciclagem interna de insumos, o que aumenta a lucratividade na produção. Esse índice, adotado
pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), de Piracicaba (SP), e pelo Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo (IEA), poderia nortear a criação de novas tecnologias. Como sinal de novos tempos, a Bayer acaba de comprar, por US$ 425 milhões, a americana Agraquest, empresa especializada em tecnologias verdes, como o controle biológico de pragas. Outro exemplo é o da empresa holandesa Koppert Biological Systems, que adquiriu recentemente a Itaforte BioProdutos no Brasil. A Koppert é uma das maiores empresas do mundo em defensivos biológicos e polinizadores. O movimento em direção ao País mostra o interesse dessas empresas no controle biológico de uma agricultura que pode mudar a visão que o mundo tem do Brasil, ao produzir alimentos com mais sustentabilidade e adequação ambiental. 


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