sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Plantio de seringueiras cresce e estimula economia agrícola capixaba



Incaper

Economicamente rentável e ambientalmente sustentável, a cultura da seringueira tem crescido nas propriedades rurais de vários municípios capixabas

O cultivo de seringueiras tem se mostrado uma alternativa econômica viável para os produtores rurais. Além de rentável e ambientalmente sustentável, a atividade da extração da borracha natural possui um mercado de consumo promissor. Atualmente, a Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), em conjunto com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), tem atuado para incentivar a expansão dessa cultura nos diversos municípios capixabas, por meio do Programa de Expansão da Heveicultura Capixaba (Probores).

O Probores visa aumentar o número atual de 15 mil hectares de seringueiras plantadas para 75 mil hectares em 2025, meta estabelecida no Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba (Pedeag). Essa medida irá gerar mais de 20 mil empregos diretos no Espírito Santo. De acordo com o pesquisador do Incaper, César Teixeira Pereira, a seringueira é uma atividade agrícola que combina geração de renda para o produtor rural com preservação ambiental.

“O plantio de seringueiras proporciona renda ao produtor o ano inteiro, pois é uma cultura perene e de alta produtividade de látex. É interessante para o pequeno produtor porque não demanda muita mão de obra. Além disso, há garantia de venda do produto, pois é um mercado em expansão”, explica César. Ao final do ciclo de vida da árvore, ela também pode ser usada como madeira nobre para a produção de móveis.

O pesquisador explica também que os benefícios ambientais são grandes. “A cobertura vegetal proporcionada pela seringueira protege o solo, evita a erosão e preserva as nascentes de água. É uma das árvores que mais sequestra CO2, sendo meia tonelada por planta quando ela está com 15 anos”, disse César. Ele lembra que a borracha natural extraída das seringueiras possui maior refinamento para confecção de produtos que a borracha sintética, feita a partir do petróleo, recurso natural finito no meio ambiente.

Para expandir essa cultura nos municípios capixabas, em 2009 o Incaper realizou a distribuição de 375 mil mudas de seringueiras a produtores rurais. No ano seguinte, foram distribuídas 300 mil mudas e, em 2011, 250 mil mudas. De acordo com o extensionista do Escritório Local de Desenvolvimento Rural (ELDR) de Vila Velha, Itamar Alvino de Souza, a procura pelas mudas tem ampliado consideravelmente.





“Para 2012 e 2013, temos a previsão de distribuir 250 mil mudas, mas já recebemos a demanda de 288 mil pelos produtores. O motivo desse aumento se deve ao fato de a borracha ser um produto agrícola bastante valorizado. Estudos demonstram que não deve haver problema de mercado para esse item pelos próximos 15 anos”, explicou Itamar. 

Produtores rurais confirmam: seringueiras são um bom negócio

Para o produtor rural Abimael Correa do Nascimento Filho, que mora no Córrego Rancho Alto, município de São Gabriel da Palha, investir em seringueiras é vantajoso, pois gera dinheiro todo mês. “Em cinco hectares, podemos plantar 2.300 pés e extrair mil quilos de borracha por mês, gerando uma renda média mensal de R$ 2.500. Vemos que a oscilação de preço não é tão grande”, explica Abimael. Ele disse que iniciou o plantio de seringueiras em sua propriedade há 20 anos.

A comercialização do produto é garantida e as empresas multinacionais constituem a maior parte dos compradores. Porém, já há iniciativas de produtores na criação de cooperativas para a compra do produto, como por exemplo, a Cooperativa dos Produtores de Seringueira de São Gabriel da Palha (Cooptex), criada em janeiro deste ano. “Criamos a cooperativa para evitar o problema do atravessador. Agora podemos fazer a entrega do produto direto ao consumidor, a um preço melhor”, falou Abimael.






No município de São Gabriel da Palha, o plantio da seringueira tem sido feito com a cultura do café, o que tem trazido bons resultados. “O consórcio proporciona maior aproveitamento de área e maior rentabilidade, pois agrega duas culturas de valor econômico no mesmo espaço”, explica o chefe do ELDR do município, Carlos Lobo. Ele orienta que, quando as duas culturas forem plantadas na mesma época, o produtor pode procurar o escritório do Incaper para saber o espaçamento adequado para o plantio. Atualmente, o município conta com 300 produtores familiares que possuem plantio de seringueiras em sua propriedade.






A produção de seringueiras também tem se expandido pelo município de Guarapari. De acordo com o produtor rural da comunidade Baía Nova, Angelo Marchese, essa tem sido uma opção viável para quem possui pouca mão de obra na propriedade. “Iniciei o plantio há quatro anos a partir das mudas do Probores. Hoje tenho 2.500 plantadas. Fiz essa opção porque o custo da produção é baixo e trabalho sozinho na roça. Também dá um bom amparo como floresta”, explica Angelo. 

Espírito Santo é o 4º maior produtor de borracha natural do Brasil

O Espírito Santo ocupa o 4º lugar no País na produção de borracha natural. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado produziu, em 2010, 5.945 toneladas de borracha, o que representa 4,4% da produção total nacional. Em primeiro lugar ficou São Paulo, com 58,2%, seguido da Bahia (14,2%) e Mato Grosso (8,7%).

Os fatores que levam o Espírito Santo a ter esse destaque são de ordem natural e devido a investimentos públicos ao longo dos anos. “Mais de 80% das áreas capixabas possuem clima ideal para o cultivo da seringueira. Aqui chove acima dos 1.100 milímetros anualmente e o período do inverno é seco”, lembra o coordenador do Programa de Desenvolvimento da Silvicultura e Recursos Naturais da Seag, Pedro Galvêas. 

As políticas públicas que incentivam o plantio de seringueiras são históricas. “Em 1960, com apoio da Seag, foi implantada a primeira área de seringueira em Vila Velha. O sucesso desse plantio, apelidado de Tira Teima, serviu para provar às autoridades federais o potencial que o Estado tinha para o cultivo da árvore. Em 1978, o Governo Federal lançou o programa Probor II, que incluiu o Espírito Santo. Naquela época, foram plantados no Estado mais de 8 mil hectares de seringueira”, disse Galvêas.

Ele também lembra que, em 2002, foi lançado um novo programa apoiado pela Seag/Incaper e pelo Ministério do Meio Ambiente, com propósito de aumentar a área de plantio de seringueira no Estado. O atual programa em vigor, o Probores, foi lançado em 2007 pelo Governo do Espírito Santo. Na época, a área plantada de seringueiras era de 8 mil hectares. Desse período até 2012, foram ampliados 7 mil hectares. “Atualmente, o Estado conta com uma área estimada de 15 mil hectares já implantados e vem conseguindo cumprir as metas estabelecidas”, disse Galvêas.
Embora seja um grande consumidor de borracha, o Brasil ainda depende de importações desse produto. De acordo com o Grupo Internacional de Estudos da Borracha (IRSG), em 2012, o País consumiu 354 mil toneladas de borracha, enquanto produziu apenas 139 mil toneladas. Há elementos históricos que justificam a dependência da importação do produto. “O Brasil, durante décadas no século XIX, foi praticamente o único produtor de borracha no mundo. Porém, o cultivo era realizado sem nenhuma tecnologia de manejo agronômico. Com a adaptação da seringueira em cultivos tecnificados na região do Sudeste Asiático, houve uma queda acentuada nos preços da borracha natural por aumentar a oferta do produto”, explica Pedro Galvêas.






Outro fator que limitou a expansão da cultura da seringueira no País foi a crença de sua não adaptação a outras regiões do Brasil a não ser a Amazônica. “Percebemos que hoje o cultivo da seringueira cresceu muito na Região Sudeste, sendo São Paulo o maior produtor do País. As perspectivas de mercado são boas, pois importamos 70% da borracha, logo existe um grande mercado para ser atendido”, disse Galvêas. Ele estimula o plantio da árvore. “Vale a pena plantar a seringueira e ela se torna ainda mais rentável nas propriedades de agricultura familiar”.


Pesquisa, assistência técnica e extensão rural difundem a atividade agrícola

Para ampliar o plantio de seringueiras de maneira qualificada no Espírito Santo, o Incaper tem desenvolvido quatro linhas de pesquisas nessa área, a saber: sistemas agroflorestais – consórcio de seringueiras com cacau, café, banana, abacaxi e outras espécies florestais; novas tecnologias para a produção de mudas; avaliação de variedades adaptadas a vários ambientes; e aspectos nutricionais e adubação de seringueiras. A partir desses experimentos, será possível estender essas experiências aos produtores rurais.

No âmbito da assistência técnica, os profissionais do Incaper e de outras instituições têm recebido orientações técnicas sobre plantio e produção da seringueira e comercialização da borracha natural, por meio de treinamentos, cursos de capacitação, simpósios e congressos. Além do serviço de assistência técnica, o Incaper proporciona atividades de socialização do conhecimento aos produtores rurais. Para este ano, está prevista a realização de um curso de sangria em seringueiras nos municípios da Serra, Linhares, São Gabriel da Palha e na Fazenda de Pacotuba, com duração de cinco dias.


Produtores recebem incentivos econômicos para plantio de seringueiras

Os agricultores que quiserem adquirir as mudas de seringueiras devem procurar os escritórios do Incaper nos seus respectivos municípios. Porém, 60% das mudas são destinadas a agricultores de base familiar, conforme os seguintes critérios de prioridade: possuir carta de aptidão do Pronaf; residir em áreas de assentamentos rurais; possuir áreas entre 0,5 e 5 hectares; proprietários que participem de programa de caráter ambiental patrocinado pela Seag/Incaper.

Conforme o tamanho da área a ser plantada com seringueiras, o produtor recebe descontos. Até 1 hectare, o desconto no valor das mudas é de 80%; de 1 a 4 hectares, o desconto é de 50% e de 4 a 5 hectares, há 30% de desconto. A Seag tem pago em torno de R$ 3,00 por muda, e repassado aos produtores, com os descontos, a um valor mínimo de R$ 0,50.

Como incentivo econômico à produção de seringueiras, o Governo do Espírito Santo também oferece linhas específicas de crédito aos produtores rurais, por meio do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes). Em 2012, o banco, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do Governo Federal, financiou mais de R$ 1,5 milhão para produção de borracha e cultivo de seringueira no Espírito Santo. 

Foram destinados R$ 447 mil para os agricultores de pequeno porte e outros R$ 1,1 milhão investimentos no cultivo de seringueira com foco na sustentabilidade. No ano de 2011, foram R$ 1,3 milhão destinados a agricultores de pequeno porte, por meio do Pronaf. Este ano, o Bandes também lançou o Funres Desenvolvimento Rural, voltado para produtores rurais que não sejam enquadrados no Pronaf. Trata-se de mais uma opção aos agricultores que queiram investir no cultivo de seringueiras.

Para ter mais informações e acessar as linhas de crédito rural do Bandes procure informações no site do banco - www.bandes.com.br - ou pelo 0800 283 4202. 

Curiosidade: Borracha natural x borracha sintética

A borracha natural é obtida das partículas contidas no látex, fluído citoplasmático extraído dos vasos situados na casca das árvores por meio de cortes sucessivos de finas fatias de casca, processo denominado de sangria. Possui propriedades como elasticidade, plasticidade, resistência ao desgaste e ao impacto, propriedades isolantes de eletricidade.






A borracha sintética, obtida a partir do petróleo, possui quase a mesma composição química da borracha natural, porém suas propriedades físicas são viáveis para alguns manufaturados, porém são inferiores para luvas cirúrgicas, preservativos, pneus de automóveis, caminhões, aviões e revestimentos diversos, produzidos a partir da borracha natural.


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