quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Prêmio Dom Luis celebra o bem comum no ES


Em tarde de muita emoção e alegria, cidadãos e organizações sociais de reconhecidos serviçosprestados em favor de pessoas ou da própria natureza, em nível local, nacional ou mundial, incluindo orenomado teólogo, filósofo e prêmio Nobel alternativo Leonardo Boff, foram homenageados no Estadodo Espírito Santo com a entrega do troféu Dom Luis Gonzaga, nesta quarta-feira (22).


Além de Boffneste ano, o prêmio homenageou a Associação Feminina de Educação e Combate aoCâncer (Affec), a organização social Ateliê de Ideias, a filantropa Assunta Caliman, o cônego MaurícioMattos Pereira, a defensora dos direitos humanos Isabel Aparecida Borges da Silva, o engenheiroflorestal Renato Moraes de Jesus e a professora doutora Ruth de Albuquerque Tavares.

Membro da Comissão do prêmio, o renomado jurista João Batista Herkenhoff apresentou os homenageados deste ano, seguido do presidente, o deputado Cláudio Vereza, que ficou responsável pela demonstração do novo sítio da internet onde estão hospedadas as informações do troféu, no endereço: http://www.facebook.com/PremioDomLuis?ref=ts

"Ninguém muda nada e faz revolução sem muito amor e sem paixão. Temos que nos envolver de corpo e alma para fazermos mudanças. Precisamos nos permitir ter fortes emoções. Homenageamos as diversas formas de defesa social, e lembrar de Dom Luis é fazer justiça a todos os que se dedicam a fortalecer os trabalhos em defesa das pessoas e do planeta. Dom Luis é nossa referência, nosso farol e exemplo de bom trabalho em favor dos mais necessitados", disse o governador Renato Casagrande.

Realizada na semana compreendida entre os dias 18 e 25 de agosto, mês em que se comemora o nascimento de Dom Luís, a premiação é concedida uma vez a cada ano a uma pessoa, a um grupo de pessoas, a uma entidade ou organização que, por suas ações ou ideias, contribuam ou tenham contribuído de forma relevante para a construção de uma nova realidade social.

Desde que foi criado em 2004, o prêmio já reconheceu o trabalho de diversos ativistas e entidades. Neste ano, o evento contou com a participação do prêmio Nobel alternativo e autor de mais de 60 livros Leonardo Boff, e os homenageados receberam um troféu e um diploma.

Conheça Dom Luis:

Dom Luis Gonzaga Fernandes nasceu em 24/08/1926, na Fazenda Milhã, distrito de Vitória de Santo Antônio, município de Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte. Batizado em Vitória de Santo Antônio, foram seus padrinhos os tios paternos Francisco Fernandes de Oliveira e Maria Fernandes de Oliveira (D. Marieta do Bom Jardim). O padrinho de Crisma foi Francisco Dantas.

Segundo filho sobrevivente do casal João Baptista Fernandes e Ubaldina Fernandes da Silveira, Dom Luis foi um vulto relevante do episcopado nacional, escolhido em 1965, aos 39 anos, pelo papa Paulo VI, para auxiliar o arcebispo da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, Dom João Baptista da Motta e Albuquerque. Foi nomeado bispo diocesano de Campina Grande/PB, em 1981, deixando, na Arquidiocese à qual antes servira, marcos indeléveis de sua passagem.

Tendo cursado Humanidades e Filosofia no Seminário da Paraíba, ordenou-se sacerdote, em Roma, em oito de dezembro de 1950, depois de concluir o curso de Teologia na Universidade Gregoriana de Roma, onde foi considerado um dos melhores e mais brilhantes alunos que, até então, haviam passado por aquela Universidade. Durante sua estadia em Roma, residiu no Pontifício Colégio Pio Brasileiro. Ao regressar ao Brasil, Dom Moisés Vieira Coelho, arcebispo da Paraíba, nomeou-o reitor do velho Seminário Arquidiocesano, onde fora aluno; e lá permaneceu, como reitor, de 1955 a 1965.

Duas coincidências na vida de Dom Luis: saiu de Vitória (de Santo Antônio) para Vitória (do Espírito Santo).  O seminário da Paraíba era localizado no Convento de São Francisco, em João Pessoa. Em Vitória/ES, residiu no alto da colina do ex-Convento de São Francisco.

Em cinco de dezembro de 1965, por ocasião do encerramento do Concílio Vaticano II, em Roma, em solene concelebração, com a presença de grande parte do episcopado brasileiro e de alguns bispos de outros países da América Latina, o padre Luis foi sagrado bispo e enviado, como bispo auxiliar, a Vitória/ES, onde permaneceu durante 15 anos.

De 1981 a 2001, foi Bispo Titular da Diocese de Campina Grande/PB. Sua morte, a quatro de abril de 2003, deixou enorme lacuna na igreja progressista, que crescia a passos largos, com a doutrina da renovação e da esperança, na fidelidade aos ensinamentos de seu mestre Jesus.

Em Vitória, como em Campina Grande, existem e resistem marcos indeléveis da atuação de Dom Luis. Em uma de suas últimas entrevistas, Dom Luis confessou que acreditava que os seus sonhos de uma nova Igreja para o Brasil e a América Latina não tinham sido em vão; e que, ainda que a opção preferencial pelos pobres parecesse ter sido relegada a segundo plano, ela permanecia viva e vigorosa em inúmeras Comunidades Eclesiais de Base, espalhadas pelos rincões do Brasil e da Pátria Grande América Latina, como sinal da fidelidade das Igrejas deste continente aos ensinamentos de Jesus. É bem verdade, dizia ele, que - em muitos casos - como já falava o padre Manoel Bernardes- "os padres que, a princípio eram de ouro e os cálices de pau, deram lugar a padres de pau e cálices de ouro"; mas é verdade também, continuava Dom Luis, "que muitos padres ainda continuam fieis, feito bons samaritanos, ao lado do povo sofrido, curando-lhe as feridas, infundindo-lhe coragem e esperança e ajudando-o a ter voz e vez".

Como intelectual, Dom Luis foi jornalista, escritor e orador, que sempre se esmerou pela beleza do estilo e a pureza da linguagem. Deixou alguns milhares de artigos publicados em jornais de João Pessoa, Vitória e Campina Grande; nesta última cidade, está sendo feita cuidadosa triagem dos escritos de Dom Luis, a serem publicados em breve. Dom Luis não gostava de publicar livros, afirmando que seu prazer ao escrever consistia em registrar nos jornais sua visão do dia e do mundo.

Antes de ser bispo foi professor fundador da Universidade Federal da Paraíba, onde se distinguiu como titular de disciplinas na área de filosofia. A morte de Dom Luis, atingido por câncer no pulmão, deixou uma saudade imensa em todos aqueles que tiveram a sorte feliz de conhecê-lo e de conviver com ele. Em breve, em Campina Grande, será inaugurado um grande Hospital Regional de Urgência e Emergência, que já tem o nome de Dom Luis no frontispício.

[Extraído de um depoimento do Dr. João Bosco Fernandes, irmão de D. Luis.]


 

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