segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Suíços do estrangeiro debatem seus problemas


Suíços do estrangeiro criticam reestruturação de representações diplomáticas

Por Claudinê Goncalves, swissinfo.ch

Começou sexta-feira (17) em Lausanne, oeste da Suíça, o 90° Congresso dos Suíços do Estrangeiro. Todo ano, a chamada Quinta Suíça se reúne em uma cidade diferente na Suíça para debater seus problemas.


O Congresso dos Suíços do Estrangeiro reúne todo ano uma centena de suíços do estrangeiro para debater seus problemas. O congresso sempre começa sempre com a reunião do Conselho, o Parlamento da Quinta Suíça, que discute e vota resoluções que serão encaminhadas à administração federal ou aos meios políticos pela Organização dos Suíços do Estrangeiro (OSE), organizadora dos congressos, entre outras atividades.

O tema deste ano é “Mobilidade e inovação: a Suíça na hora dos desafios internacionais” , mas o congresso começou com uma agenda carregada de discussões sobre o voto eletrônico, os bancos suíços e os suíços do estrangeiro, a rede consular, a lei sol sobre os suíços do estrangeiro (em fase de elaboração) e lei federal sobre a instrução dos suíços do estrangeiro, que será brevemente submetida ao Parlamento e que muda o regulamento das escolas suíças no estrangeiro.

Duas dessas questões mereceram destaque nas discussões de sexta-feira (17): a lei federal sobre a instrução dos suíços do estrangeiro e a rede de consulados suíços, que entra em sua terceira e última fase de reestruturação.

Novos critérios para as escolas

Conforme o projeto de lei do governo, que está em fase de consultas dos meios interessados até 30 de setembro (uma particularidade do sistema legislativo suíço, antes de ser submetido ao Parlamento), as escolas suíças no estrangeiro terão ainda mais reforçado o papel de presença suíça no estrangeiro. Ou seja, passa praticamente a ser parte da política externa do país.  O governo diz claramente que “a presença educativa suíça no estrangeiro terá no futuro a mesma importância que a promoção da instrução dos jovens suíços.”

Outra mudança essencial é a exigência do número de alunos suíços para a escola ser considera suíça. Atualmente a exigência é de 20% para os estabelecimentos menores e de 30% para os maiores. Isso simplesmente desaparece, em nome de uma maior possibilidade de autofinanciamento.  Renuncia ainda à porcentagem de professores suíços. Esses dois critérios deixarão de ser determinantes para as escolas obterem o “Swiss Governement Approved School” e subvenções  que dependerão do total de alunos.

A intenção é liberar recursos (atualmente de 20 milhões de francos por ano) para financiar a criação de novas escolas suíças nos países emergentes. Prevê-se ainda um plano quadrienal de recursos para dar às escolas maior margem de planificação.

O suíço-brasileiro Richard Lenggsfeld, que participa de seu 8° congresso, concorda com as mudanças e disse que “as pessoas que estudam em escolas suíças ficam ligadas ao país e que isso futuramente vai favorecer os negócios, principalmente no Brasil, que é um mercado muito importante.”

Com raras ressalvas, a OSE aprova o projeto, como declarou o diretor Rudolf Wyder, sexta-feira, diante do Conselho dos Suíços do Estrangeiro. A OSE defende ainda uma mudança de ministério para as escolas suíças no estrangeiro. Até agora, elas dependem do Ministério do Interior (Secretaria Federal de Cultura) e deveriam passar, segundo a OSE, para o Ministério das Relações Exteriores.  

Reestruturação de consulados

Outra questão prática debatida em Lausanne foi a reestruturação das representações diplomáticas suíças, da qual os suíços do estrangeiro reclamam muito. “Atualmente estamos na segunda fase e depois teremos a terceira e última, até o final de 2014”, declarou o embaixador Gerhard Brügger, responsável da direção consular no Ministério das Relações Exteriores, diante do Conselho dos Suíços do estrangeiro.

Na lista do diplomata, que respondeu às muitas perguntas do participantes, está o fechamento dos consulados de Los Angeles e Chicago e da embaixada na Guatemala e a abertura de embaixadas no Catar e em Myammar. Como não há mudanças nos países vizinhos da Suíça, o presidente da OSE, Jacques-Simon Egli reagiu dizendo que “a boa notícia é que não se fecha mais nada nos países limítrofes, mas também não vejo onde se poderia cortar mais.”
 O embaixador Brügger lembrou que a reorganização das representações diplomáticas é um mandato do Parlamento, mas que inclui uma série de medidas positivas como uma “helpline”, aberta 24 horas, que o presidente da OSE considerou como “eficaz e bem-vinda.”

Claudinê Goncalves, swissinfo.ch
Lausanne

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