No início de outubro, o jornalista norte-americano Glenn Fleishman anunciou em seu blog o fim da revista digital “The Magazine” (“A Revista”, em português), do qual é dono e editor-chefe. O título, com apenas dois anos de circulação, foi a primeira publicação independente e exclusivamente digital da internet.
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Criador da revista explica porque publicação chega ao fim em apenas dois anos
Distribuída originalmente para usuários do sistema iOS, da Apple, a revista alcançou um grande número de assinantes em seus primeiros meses. Com um conteúdo abrangente, pautado por questões de tecnologia, moda, cultura, ciência e política, a publicação levava ao seu público um conteúdo livre de anúncios e custando apenas US$ 1,99 por edição.
Mas então por que “The Magazine” vai acabar? À IMPRENSA, Glenn explicou a decisão. “É muito difícil encontrar um público, porque há tanto o que ler de graça online (sustentado por propagandas). Eu acho que a ‘The Magazine’ era muito geral, o que tornou difícil encontrar leitores dedicados e interessados e que não poderiam encontrar as mesmas matérias em outro lugar”, diz.
A “The Magazine” se intitula uma revista para pessoas curiosas e interessadas em diversos assuntos. O modelo focado em assinaturas e livre de anúncios permitiu ao editor atrair um grande número de artistas, fotógrafos e escritores talentosos para suas páginas virtuais. Porém, a queda no número de assinantes, que começou ainda em 2013, acabou saindo do controle, o que fez Glenn tomar a decisão de encerrar sua distribuição. A última edição chegará à Apple Store em dezembro.
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Revista perdeu muitos assinantes no último ano
Antes disso, o título ganhará uma coleção de suas melhores matérias – o segundo volume de uma antologia produzida por meio de financiamento coletivo (confira neste link). O material impresso será vendido em capa dura para os fãs da “The Magazine”, que poderão ver o trabalho de Glenn em outros projetos independentes no futuro, ele garante.
Apesar dos problemas financeiros, o jornalista diz que “se divertiu muito” nesses dois anos de trabalho com a “The Magazine”. “Você não precisa se preocupar com a distribuição. Não precisa pensar em como levar o conteúdo às pessoas – apesar de que eu tinha que buscar assinantes. Eu podia me concentrar em escrever, editar e não me sujeitar a terceiros (gráficas ou distribuidoras) para alcançar meus leitores.”
Especializado em tecnologia e colaborador efetivo da revista The Economist, Glenn não pensa duas vezes antes de responder: a internet é o futuro do jornalismo? “Sim, com certeza!” Para ele, mesmo a curta experiência com uma publicação exclusivamente digital e independente – isto é, não controlada por nenhum grupo de mídia e nem possuindo contrapartes impressas – demonstra que é para o mundo digital que o público está se mudando.
“As pessoas querem ler de diferentes maneiras. Alguns irão sempre ler em impresso", pondera. "Mas vai ficar cada vez mais fácil produzir publicações baseadas em aplicativos. Eu acredito que essa tendência vai fazer com que a maioria das publicações impressas e online levem seu conteúdo à área de trabalho de um app (para ler sem precisar de internet). Acho que veremos mais publicações digitais surgirem focadas em um público específico, o que vai ajuda-las a prosperar.”
* Com supervisão de Vanessa Gonçalves
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