segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Jornalistas da Globo e Record unidos contra baixos salários

Da Redação

Protesto no Brasil e alguns pares de sapatos
Protesto no Brasil e alguns pares de sapatos
O reajuste de 5% anunciado pelas direções da Globo e Record de São Paulo levou os jornalistas das duas concessionárias a se unirem pela primeira vez reivindicando valorização profissional. Eles querem no mínimo a reposição da inflação que ultrapassou os 10% no ano passado. As empresas alegam perda de receita. O caso, inédito, é também uma resposta aos jornalistas da Globo do Rio que, em caminho inverso, entraram com ação na Justiça pedindo um piso inferior para a categoria. A história, que entrou para o folclore da profissão por causa da evidente imposição patronal, acabou não tendo êxito. 


Deu no Uol

Jornalistas da Globo e da Record em São Paulo se uniram e farão nesta terça-feira (12) um protesto silencioso contra a proposta das emissoras de reajuste salarial para a categoria. Os profissionais já juntaram 70 pares de calçados usados e vão distribuí-los em frente ao Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo, onde uma reunião será realizada. Os jornalistas estão inconformados com a proposta das emissoras de reajustar salários em apenas 5%, quando a inflação anual bateu nos 11%. 

A ideia foi copiada de um protesto realizado no final de novembro em Paris. Impedidos de realizar a Marcha pelo Clima, por questões de segurança, ambientalistas dispuseram centenas de pares de calçados na Praça da República, na capital francesa.

Aos pares de sapatos, tênis e chinelos, os jornalistas de TV de São Paulo vão anexar etiquetas com otempo de casa do dono do calçado. A ideia é mostrar aos representantes dos patrões que eles ralam a sola do sapato pelas empresas e merecem mais consideração.

As emissoras alegam que não podem conceder reajuste maior do que 5% porque todas tiveram queda nas receitas no ano passado. Na média, as emissoras faturaram 8,5% a menos do que em 2014, o que resulta em uma perda de receita equivalente a toda a arrecadação anual do SBT (R$ 1,063 bilhão).

O argumento não sensibiliza os jornalistas engajados. Eles afirmam que, mesmo com a queda no faturamento, as emissoras continuam muito lucrativas. Lembram que somente a Globo teve um lucro líquido de R$ 2,4 bilhões em 2014. E não acham justo um reajuste de metade da inflação em um mercado em que as estrelas da categoria ganham centenas de milhares de reais. 

"Foi uma proposta ofensiva", resume André Freire, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo. A data-base dos jornalistas é 1º de dezembro.

Protesto em Paris teve 10 mil pares - inclusive do papa
Protesto em Paris teve 10 mil pares - inclusive do papa  



Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissional de São Paulo revelou que o setor de Rádio e TV cresceu vertiginosamente nos últimos anos. Só as cinco grandes redes de televisão receberam mais de 10 bilhões de reais em publicidade do governo federal desde 2003. Essa expansão e crescimento da rentabilidade não foram compartilhados com a categoria. A lógica é privatizar o lucro e socializar o prejuízo - apesar de não haver notícias da Globo, principalmente, atuar no vermelho. Apesar da reivindicação dos jornalistas e do Sindicato, o segmento está há mais de 10 anos sem qualquer aumento real de salário.

Mesmo o grau de dificuldade das empresas é discutível. Como elas são privadas (na verdade são concessões), sua situação financeira não é de conhecimento público. Além dos bilhões recebidos nos últimos anos, desde janeiro de 2014 as empresas do setor são beneficiadas por uma significativa desoneração fiscal. Estudos econômicos mostram que, mesmo na crise, parte significativa das empresas vem conseguindo ampliar a lucratividade.

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