terça-feira, 18 de setembro de 2012

Bancos enfrentam greve e novas críticas por juros altos


Greve iniciada na terça-feira (18) já atinge 5.132 agências no país. Apesar dos lucros bilionários, bancos oferecem apenas 0,58% de aumento real a seus funcionários. Ganhos são engordados pelos juros altos, que se mantêm apesar da contínua redução da selic, como revela pesquisa divulgada pelo Procon de São Paulo.

São Paulo – Os trabalhadores do setor bancário iniciaram nesta terça-feira (18) uma greve nacional por tempo indeterminado. Eles reivindicam aumento real nos salários, participação nos lucros e resultados maior, elevação dos pisos, mais segurança nas agências e contração de funcionários.

Um balanço feito no final do dia pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), entidade filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT) que reúne sindicatos de vários Estados, apontava o fechamento de 5.132 agências e centros administrativos dos bancos em 26 Estados e no Distrito Federal. 

Em São Paulo, o sindicato estima que 13 mil trabalhadores aderiram à paralisação. “A categoria lamenta a falta de comprometimento dos banqueiros, que têm condições de propor reajuste adequado aos trabalhadores, mas preferiram forçar a greve”, disse Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

“Fizemos nove rodadas de negociação com a federação dos bancos e eles foram irredutíveis no reajuste de 0,58%, bem abaixo da média oferecida pelas categorias que fecharam acordo no primeiro semestre, que têm rentabilidade bem inferior aos bancos”, apontou ela. Os bancários pedem 5% de reajuste real, ante os 0,58% oferecidos.

Em nota, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) criticou a greve. "É ruim para o bancário, para o banco e para a população, que já foi muito incomodada pela onda de greves dos funcionários públicos e não merece ser mais incomodada com uma paralisação dos bancários", afirmou em nota o diretor de relações do trabalho da federação, Magnus Ribas Apostólico.

Juro alto
A greve de seus funcionários não foi o único problema “enfrentado” pelos bancos nesta terça-feira. Uma pesquisa do Procon de São Paulo revelou que as instituições financeiras não repassaram aos clientes a última queda da Selic, anunciada em 29 de agosto pelo Banco Central. Na ocasião, a taxa foi cortada em 6,25%, de 8% para 7,5%.

O Procon revela, porém, que a taxa média do empréstimo pessoal caiu apenas 0,37%, de 5,39% ao mês para 5,37%. A taxa média do cheque especial também caiu pouco, apenas 0,25%, de 8,03% ao mês para 8,01%. Foram coletados dados de Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Econômica Federal, HSBC, Itaú, Safra e Santander. Um dado curioso é que BB e Caixa não reduziram as taxas, que, na média, já são mais baixas que as de instituições privadas.

No entanto, o Procon ressalta que não pode tomar nenhuma atitude contra os bancos, cujas taxas de juro são regidas pelas leis do mercado. “O consumidor deve continuar planejando o seu orçamento e não contrair empréstimos sem o devido cuidado. Se realmente for necessária, a contratação de crédito deve ser planejada e as parcelas do empréstimo devem ser computadas no orçamento, de modo que não inviabilize o pagamento de outras despesas”, limita-se a aconselhar a entidade.

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