sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Neri, o outro Brasil que foi a Davos


Sem distribuir renda a Economia vai pro saco.
“Precisamos projetar o caminho do meio para o longo prazo obtendo e compartilhando avanços de produtividade”, avaliou o ministro (Foto: World Economic Forum)

Saiu no Blog do Planalto:

CAMINHO DO BRASIL NA ÚLTIMA DÉCADA COMBINA CRESCIMENTO COM REDUÇÃO DA DESIGUALDADE, DIZ NERI



Da Secretaria de Assuntos Estratégicos

Para o Brasil contrariar a previsão de baixo crescimento que existe para América Latina e Caribe, com queda nas exportações e no consumo, é necessário combinar crescimento com redução da desigualdade, marca do País na última década. Esta foi a avaliação feita pelo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, nesta quarta-feira (21), durante o painel “O Contexto Latino-Americano: quais são as principais questões políticas, econômicas e sociais que estão transformando a região?”, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Neri ressaltou que essa nova década, inicialmente, está sendo diferente da última.

“Houve um redução no crescimento e uma estabilidade na queda da desigualdade. No entanto, é preciso recuperar o caminho do meio, que foi a marca do Brasil na última década, combinando crescimento com redução da desigualdade, que ainda é muito alta. Voltamos aos níveis de desigualdade dos anos 80 na América Latina e 60 no caso brasileiro”, enfatizou.

O ministro também apontou para um paradoxo que acontece no caso brasileiro. “No Brasil, se pegarmos 2012, 2013, temos um crescimento baixo do PIB per capita, de 0,8 ao ano; em contraponto, a renda média das pessoas medidas pelas pesquisas domiciliares cresce 5,5 ao ano no mesmo período, e o crescimento se dá para pessoas em todos os níveis de renda. Ou seja, na vida a expansão continuou. Nós estamos em uma década onde todos ganham, em termo de renda domiciliar, mas não em termos de crescimento do PIB, o que tem implicações em termos de bem estar e políticos, se quisermos entender o momento atual. Precisamos projetar o caminho do meio para o longo prazo obtendo e compartilhando avanços de produtividade”, explicou.

Em relação ao ajuste fiscal, o ministro disse acreditar que é uma oportunidade para se avaliar o grande número de programas brasileiros, falando da iniciativa da SAE de lançar protocolo no tema. “No Brasil, o gasto público e a carga tributária são grandes, e é preciso cortar gastos da forma mais eficiente e equitativa possível. O momento é oportuno para avaliar quais são os programas que funcionam e os que não funcionam.”

Neri terminou ressaltando que talvez um dos principais desafios da economia brasileira atualmente seja a incerteza e que no momento em que o Brasil se encontra, existe a possibilidade de combatê-la, por meio de um choque de confiança que já está sendo feito, e retomar o crescimento.

Sobre as novas questões e aspirações na região para os próximos anos, Neri disse que a chave é a educação.

“A educação é boa para o crescimento, para combater a desigualdade, para tudo. E relacionado à educação, aponto dois pontos. Primeiro, imigração. Somos muito fechados em termos de imigração. Temos que nos abrir para o comércio, para o capital mas também para pessoas, em particular as mais qualificadas”, ressaltou.

O segundo ponto que ele relacionou foi sobre os jovens. “Apesar de estarem melhorando, a melhora não está acontecendo durante os anos de juventude. Temos o maior números de jovens que já tivemos e jamais teremos, e realmente precisamos focar na juventude, pois o futuro virá deles. Então precisamos nos engajar, usar a tecnologia para ouvi-los. Dispomos de novos instrumentos, precisamos usá-los em consonância com as necessidades expressas pelos jovens”, afirmou.



Em tempo: se o ansioso blogueiro não se engana, Neri expõe na presença de Roberto Setúbal, dono do Itaú (com a mão no queixo) e, à direita de Setúbal, de gravata azul e a mão na perna, o Prêmio Nobel Joseph Stiglitz, autor do clássico  “O Preço da Desigualdade”– o jeito em que a Sociedade se dividiu ameaça o nosso futuro”.


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