segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Mulheres baianas reforçam trabalho em cooperativa com produtos da Caatinga

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segunda-feira, 2 Fevereiro, 2015 - 17:15
Foto: Ubirajara Machado/MDA
Compotas, geleias, doces, sucos e cerveja feitos com frutas da Caatinga estão entre os itens produzidos pelos baianos da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc). O carro-chefe dos quase 250 cooperados são as frutas da vegetação nativa da região baiana, como umbu, maracujá, manga e goiaba. Mas o outro ponto forte da cooperativa fica por conta das mulheres: 75% dos cooperados são do sexo feminino.
A sede da Coopercuc fica em Uauá, município do nordeste baiano, mas conta com 18 unidades de beneficiamentos distribuídas também em Canudos e Curaçá (BA). As atividades são realizadas dentro das comunidades e as mulheres são a maioria. Maria Leide Rodrigues da Silva, conhecida como Leda, é uma dessas cooperadas. Aos 43 anos, a agricultora nasceu e se criou no campo, onde mora com o marido e um casal de filhos. Ela pertence à comunidade de Lajes das Aroeiras, em Uauá, e é uma das fundadoras da Coopercuc.
Dona Leda coordena um grupo de cinco mulheres que produzem compotas de geleias e sucos. “Todas fazem de tudo, mas a gente reveza o trabalho. Num dia uma fica dentro da cozinha e a outra fica do lado de fora mexendo com os potes e por aí vai”, revela a agricultora familiar, que produz maracujá da caatinga para ajudar na produção da cooperativa.  
O presidente da Coopercuc, Adilson Ribeiro dos Santos, conta que todo o trabalho é dividido entre os grupos e que as mulheres conseguem administrar o serviço lá dentro. “Temos grupos só de mulheres e de comunidades mistas. Planejamos a produção e dividimos em partes iguais, dependendo do número de pessoas no grupo. Eles recebem de acordo com a quantidade que produzem”, explica. “A Coopercuc compra embalagem, açúcar, rótulo, tampa, carimbo, produtos de limpeza etc. Entregamos nas comunidades e depois pegamos de volta para vender e prestamos contas. Tirando as despesas com os insumos, o que sobra é do grupo”, completa Adilson.
Dependendo da produção no período das safras das frutas, as cooperadas conseguem tirar, no total, cerca de R$ 3,5 mil. Leda explica que o trabalho dela e do marido, que são cooperados, ajuda no sustento da casa. Mas no período das entressafras, eles contam com o apoio do Governo Federal. “Trabalhar na cooperativa ajuda no sustento, mas no período que não tem produção a gente conta com o Bolsa Família e assim vamos vivendo”, diz a agricultora.  
Potencial
A Coopercuc foi fundada entre 2003 e 2004, mas a história das cooperadas começou muito antes, na década de 80. Freiras canadenses vieram ao Brasil para apoiar o trabalho produtivo das mulheres da Bahia e expandir os negócios. “A cooperativa surgiu com um trabalho que já existia há muito tempo”, explica o presidente da Coopercuc.
Adilson conta quem a cooperativa tem planos para expandir os itens ofertados. Uma nova fábrica já está em construção e a polpa e o néctar serão incorporados na lista de produtos da Caatinga.
Outra novidade dentro da Coopercuc é a cerveja de umbu. “Estamos em fase de teste, mas a aceitação foi muito boa. Já apresentamos em algumas feiras e pretendemos exportar. Tem tudo pra dar certo”, acredita o presidente. Eles já apresentaram a cerveja na Itália e estão em negociação para levar esse e outros produtos para a Alemanha.  
Ações e programas
A Coopercuc participa do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Governo Federal, na modalidade de formação de estoque pela agricultura familiar. Ela propicia a esse público instrumentos de apoio à comercialização de seus produtos, sustentação de preços e agregação de valor.
Além do PAA, que conta com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), os agricultores da Coopercuc aguardam os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), também do MDA. “Estamos credenciados e temos bastante interesse. Como cooperativa, precisamos de uma assistência técnica diferenciada. A expectativa é de conseguirmos essa assistência no próximo ano”, comenta Adilson.
Adilson elogia os programas do Governo Federal e acredita que isso o ajudou a melhorar as condições dentro de casa. Ele nem pensa em sair do campo. “Desde 2003 que as coisas melhoraram muito pra gente. Hoje, conseguimos dialogar com o ministério, município, secretarias. Temos total abertura. Esse tipo de democracia é muito importante. Onde já se viu falar tanto em agricultura familiar? Não tínhamos essa abertura toda, de viajar para fora, de fazer negócios, de comercializar, de produzir. Então, não tem por que sair do campo para ir para cidade grande.”
Dona Leda reforça o discurso. “Nunca pensei em sair do campo. Gosto de trabalhar na roça. A gente já se cria aqui e quando a gente casa e tem família, a gente se apega mais”, afirma a agricultora familiar.  

Jalila Arabi
Ascom/ MDA
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