quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Jornalistas de O Dia não recebem salário de dezembro e 13º


Da Redação
Jornalistas demitidos da EJESA, dona dos jornais O Dia, Brasil Economico e Meia Hora, protestaram em frente à sede da empresa, na rua dos Inválidos, no Centro do Rio de Janeiro. Os profissionais, desligados da empresa nos meses de julho e agosto sem justa causa, cobram o pagamento das rescisões, parceladas em até dez vezes, e depósito de quinze meses de FGTS em atraso.

O mercado profissional do Rio de Janeiro é um dos mais dramáticos do país. Na cidade com 6,4 milhões de habitantes apenas um núcleo empresarial, o Grupo Globo, controla o mercado e estabelece o preço do produto oferecido ao consumidor (valor de capa), publicidade, salário dos profissionais. Neste universo também as demissões são frequentes. São três os jornais vinculados ao Globo: Expresso, Extra e O Globo. Além deles as revistas Época, internet e as TVs aberta e fechadas. Só este ano foram 300 funcionários demitidos entre Globo e O Dia.


Curiosamente, é o grupo Globo, campeão em arrecadação de publicidade pública e privada, o que mais promove cortes. Além do Infoglobo, líder em demissão com mais de 90 ocorrências em 2015, há também cortes que atingem especialmente profissionais cujas idades se aproximam dos 60 anos. Recentemente a presidenta do Sindicato dos Jornalistas do Rio, Paula Máiran, denunciou o corte de profissionais por conta da idade à Delegacia Regional do Trabalho (DRT).

Iniciativas como cooperativas de profissionais e pequenas empresas na Internet tentam driblar o mercado, mas enfrentam todas o mesmo obstáculo: a dificuldade em furar o cerco que concentração a publicidade (pública e privada) em benefício dos velhos grupos de mídia. Prefeituras do Rio, governo do Estado e mesmo órgãos federais dificultam o acesso dos grupos alternativos à publicidade.

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Representantes de Nuno Vasconcellos e Maria Alexandra Vasconcellos informam que a empresa não cumprirá o acordo. Os jornalistas também foram ao Consulado de Portugal no Rio de Janeiro para pedir ajuda ao cônsul. A EJESA é uma empresa portuguesa que comprou os direitos de exploração da marca O Dia, que tem mais de 50 anos no Rio.

Hoje, os funcionários da empresa vão receber a visita do ministro chefe da Secretaria de Comunicação, Edinho Silva. 

A presidenta do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio, Paula Máiran, entregou uma carta para o porta-voz do Consulado de Portugal, Dilson Santos. A carta continha os pormenores da situação, com pedido de ajuda para tentar superar o impasse. Nos próximos dias, o Cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro, Nuno de Mello Bello irá receber pessoalmente uma comissão dos demitidos. Na carta, os ex-funcionários informam que foram obrigados a aceitar o parcelamento em até 10 vezes das indenizações a eles devidas, mas que apenas duas parcelas foram pagas aos demitidos em julho, e uma, aos dispensados em agosto. A empresa não sinaliza com qualquer previsão de continuar honrando sua dívida e se recusa a receber comissão de ex-empregados.

Durante o ato público na Rua dos Inválidos, em frente ao número 198, moradores da Lapa prestaram solidariedade, com aplausos e distribuição de maçãs aos demitidos. Paula Máiran, que foi repórter de O Dia no final dos anos 90, lembrou que a equipe daquele diário sempre foi uma das mais aguerridas do Rio e que sempre demonstrou paixão pelo trabalho e orgulho pelo jornal. Em seus depoimentos, os ex-funcionários lembraram os inúmeros plantões em feriados e fins de semana, quando tinham que ficar longe de seus filhos para produzir os jornais que garantiriam o lucro aos patrões. Jornalistas que ainda trabalham na Ejesa estão com salários atrasados e sem previsão de receber seu 13º.

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