Adital
Evelyn Araripe
Agência Jovem de Notícias
Como funciona uma negociação sobre o clima? De um lado, você tem os governos, tentando (frustradamente) criarem um documento conjunto, que determine como reduzir, ao máximo, os impactos que podem ser causados pelas mudanças climáticas; do outro, você tem variadas representações da sociedade civil, defendendo suas ideias e ações, para garantirem que o acordo seja justo. No entanto, no meio desse bolo todo, chamado "sociedade civil”, nas negociações também atuam as indústrias, que terão suas atividades impactadas, de acordo com o que for definido na Conferência ONU sobre o Clima (COP21), em Paris.
A Agência Jovem de Notícias conversou com Joachim Hein, representante das indústrias da Alemanha, pelo BDI (Bundesverband der Deutschen Industrie). Hein conta como eles constroem posicionamentos, sobre a preocupação com as mudanças climáticas, a responsabilidade das indústrias e sobre as dificuldades em aderir e implementar o que é proposto pelos governos.
O BDI é uma representação das associações das indústrias dos mais variados setores, na Alemanha. Por isso mesmo, Hein explica que é muito difícil construir um posicionamento que represente a visão de todos. Ao longo do ano, eles realizam encontros e montam grupos de trabalho, para, ao final, criar um documento com pontos importantes para a indústria desse país, e trazem isso para as negociações do clima, com o objetivo de defendê-los.
"Muita gente acha que as indústrias não se preocupam com as mudanças climáticas, mas é claro que elas se preocupam; isso interfere na maneira como elas vão produzir e existir”, diz. Porém, ele argumenta que o mais comum é as pessoas jogarem a responsabilidade sobre as empresas, mas sem nenhuma proposta efetiva de como essa transição para um modelo sustentável de produção seja implementado ou financiado. "Por exemplo, a proposta de 100% de energias renováveis até 2050. É possível? Claro que é possível. Se tiver investimento, é possível. Mas como investir? De onde virá o dinheiro? Como será implementado? Como fazer os custos serem eficientes? São muitas questões por trás disso”, defende.
Como representante do setor industrial alemão, Hein também explica que o seu país já tem uma legislação ambiental muito rigorosa, o que faz com que as indústrias já se apliquem a modelos sustentáveis de produção, que estão sendo discutidos nas negociações sobre o clima. "Muitas vezes, o que se propõe em uma COP é até mais simples do que a legislação ambiental da Alemanha”, diz.
Perguntado sobre o que ele achava das empresas também financiarem a transição para modelos mais sustentáveis via Fundo Climático Verde (uma das discussões que está ganhando destaque nesta COP21), ele diz que até acha justo o setor privado contribuir com isso, mas considera que já é feito. "Afinal, de onde vem o dinheiro público para financiar isso? Muitas vezes, dos impostos que o setor privado paga”. Por isso, em vez das empresas financiarem separadamente o Fundo Climático, ele defende que os governos criem uma taxa extra para as empresas, em que todo o dinheiro seria revertido para o Fundo.
Por último, ao ser questionado sobre a relação entre indústrias e organizações da sociedade civil, ele diz que, na Alemanha, eles conseguem se relacionar muito bem com algumas ONGs, mas encontram muitas dificuldades com outras. Para ele, a diferença está em saber ouvir. "Algumas ONGs aceitam nos escutar, entender o nosso posicionamento e como as coisas funcionam. Isto não significa que elas concordem com a gente, mas elas também nos escutam. Outras ONGs simplesmente fazem protestos, apontam o dedo, dizendo que fazemos errado, somos mal intencionados, mas eles nem sequer nos apresentam uma proposta efetiva de solução”, argumenta Joachim Hein.
Para ele, o papel da sociedade civil nas negociações é extremamente importante, principalmente da juventude, mas ele considera que os jovens, muitas vezes, focam muito em fazer ações e não se debruçam profundamente na parte política, que é onde as negociações acontecem de fato. "Precisamos de mais jovens interessados em política, a fim de negociar profundamente o que está na mesa”, finaliza.
Agência Jovem de Notícias
Como funciona uma negociação sobre o clima? De um lado, você tem os governos, tentando (frustradamente) criarem um documento conjunto, que determine como reduzir, ao máximo, os impactos que podem ser causados pelas mudanças climáticas; do outro, você tem variadas representações da sociedade civil, defendendo suas ideias e ações, para garantirem que o acordo seja justo. No entanto, no meio desse bolo todo, chamado "sociedade civil”, nas negociações também atuam as indústrias, que terão suas atividades impactadas, de acordo com o que for definido na Conferência ONU sobre o Clima (COP21), em Paris.
A Agência Jovem de Notícias conversou com Joachim Hein, representante das indústrias da Alemanha, pelo BDI (Bundesverband der Deutschen Industrie). Hein conta como eles constroem posicionamentos, sobre a preocupação com as mudanças climáticas, a responsabilidade das indústrias e sobre as dificuldades em aderir e implementar o que é proposto pelos governos.
O BDI é uma representação das associações das indústrias dos mais variados setores, na Alemanha. Por isso mesmo, Hein explica que é muito difícil construir um posicionamento que represente a visão de todos. Ao longo do ano, eles realizam encontros e montam grupos de trabalho, para, ao final, criar um documento com pontos importantes para a indústria desse país, e trazem isso para as negociações do clima, com o objetivo de defendê-los.
"Muita gente acha que as indústrias não se preocupam com as mudanças climáticas, mas é claro que elas se preocupam; isso interfere na maneira como elas vão produzir e existir”, diz. Porém, ele argumenta que o mais comum é as pessoas jogarem a responsabilidade sobre as empresas, mas sem nenhuma proposta efetiva de como essa transição para um modelo sustentável de produção seja implementado ou financiado. "Por exemplo, a proposta de 100% de energias renováveis até 2050. É possível? Claro que é possível. Se tiver investimento, é possível. Mas como investir? De onde virá o dinheiro? Como será implementado? Como fazer os custos serem eficientes? São muitas questões por trás disso”, defende.
Como representante do setor industrial alemão, Hein também explica que o seu país já tem uma legislação ambiental muito rigorosa, o que faz com que as indústrias já se apliquem a modelos sustentáveis de produção, que estão sendo discutidos nas negociações sobre o clima. "Muitas vezes, o que se propõe em uma COP é até mais simples do que a legislação ambiental da Alemanha”, diz.
Perguntado sobre o que ele achava das empresas também financiarem a transição para modelos mais sustentáveis via Fundo Climático Verde (uma das discussões que está ganhando destaque nesta COP21), ele diz que até acha justo o setor privado contribuir com isso, mas considera que já é feito. "Afinal, de onde vem o dinheiro público para financiar isso? Muitas vezes, dos impostos que o setor privado paga”. Por isso, em vez das empresas financiarem separadamente o Fundo Climático, ele defende que os governos criem uma taxa extra para as empresas, em que todo o dinheiro seria revertido para o Fundo.
Por último, ao ser questionado sobre a relação entre indústrias e organizações da sociedade civil, ele diz que, na Alemanha, eles conseguem se relacionar muito bem com algumas ONGs, mas encontram muitas dificuldades com outras. Para ele, a diferença está em saber ouvir. "Algumas ONGs aceitam nos escutar, entender o nosso posicionamento e como as coisas funcionam. Isto não significa que elas concordem com a gente, mas elas também nos escutam. Outras ONGs simplesmente fazem protestos, apontam o dedo, dizendo que fazemos errado, somos mal intencionados, mas eles nem sequer nos apresentam uma proposta efetiva de solução”, argumenta Joachim Hein.
Para ele, o papel da sociedade civil nas negociações é extremamente importante, principalmente da juventude, mas ele considera que os jovens, muitas vezes, focam muito em fazer ações e não se debruçam profundamente na parte política, que é onde as negociações acontecem de fato. "Precisamos de mais jovens interessados em política, a fim de negociar profundamente o que está na mesa”, finaliza.
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