quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Escola pública catarinense é reconhecida por iniciativas voltadas para a sustentabilidade

Na escola de Blumenau, todos os espaços sustentáveis foram construídos em sistema de mutirão, com professores, estudantes e comunidade trabalhando juntos (foto: vtsustentavel.blogspot.com.br/)No município catarinense de Blumenau, a 130 quilômetros de Florianópolis, uma instituição tem se destacado pela criatividade na realização de ações de sustentabilidade. É a Escola Básica Municipal Visconde de Taunay, que atende alunos da educação infantil ao nono ano do ensino fundamental.
Tudo começou quando a diretora, Roseli de Andrade, conheceu uma experiência de fazenda sustentável no Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (Ipec), no município goiano de Pirenópolis. Interessada em desenvolver um projeto de escola sustentável, ela compartilhou o que viu com a equipe de professores. A partir de nova visita dos educadores ao Ipec, algumas ideias passaram a ser postas em prática, com a criação coletiva do projeto Escola Sustentável, fundamentado no plano político-pedagógico da escola.
Roseli explica que vários espaços foram então criados por professores e alunos. Ela cita como exemplos a horta mandala, a espiral de ervas, o jardim biodiverso, a composteira, a revitalização do pátio de britas, com o plantio de árvores frutíferas, o isolamento térmico de uma sala de aula, com o uso de embalagens vazias de caixas de leite, e a construção da casamática, uma casinha feita com garrafas plásticas.
Para a diretora, as iniciativas provocaram mudanças positivas, tanto na escola quanto na comunidade. “A redução da quantidade de lixo no pátio da escola e nas salas de aula foi surpreendente”, afirma. “O reaproveitamento de materiais passou a fazer parte da rotina escolar.”
De acordo com Roseli, pesquisa realizada em 2015 comprovou que as famílias de 84% dos alunos do terceiro ano do ensino fundamental, que estavam na pré-escola em 2012, quando teve o início o projeto Escola Sustentável, passaram a ter horta em casa. “Tanto os alunos quanto seus familiares aprenderam o real significado de sustentabilidade”, avalia.
Mutirão — Encarregada da articulação do projeto Escola Sustentável entre estudantes, professores e comunidade, a professora Jeane Pitz Pukall diz que procurou, desde o início, envolver a todos no processo de mudanças. “Todos os espaços sustentáveis foram construídos em sistema de mutirão, com professores, estudantes e comunidade trabalhando juntos”, revela. Segundo ela, o projeto teve ótima aceitação por parte de todos, e a escola passou a ser referência em sustentabilidade e criatividade. “Os estudantes passaram a levar para casa as experiências vividas na escola e a incentivar seus pais a tomarem atitudes sustentáveis”, diz Jeane.
Com a divulgação dos trabalhos desenvolvidos na escola, os estudantes sentiram-se mais valorizados. “Houve um empoderamento com relação à escola”, diz a professora. “Hoje, os estudantes falam ‘a nossa horta’, ‘o nosso jardim’ e se preocupam que tudo esteja sempre lindo, limpo e bem cuidado.”
Professora da rede municipal de Blumenau há 26 anos, 16 deles na Escola Visconde de Taunay, Jeane é pedagoga, com habilitação em orientação educacional, especialização em psicopedagogia clínica e institucional e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Naturais e Matemática da Fundação Universidade Regional de Blumenau. Sua pesquisa de mestrado aborda a formação continuada de professores, na escola, a partir de projetos criativos ecoformadores.
Escola Visconde de Taunay é a primeira instituição de ensino de Blumenau a se tornar campo de pesquisa da Rede Internacional de Escolas Criativas (Riec). A pesquisa foi baseada em critérios do Instrumento de Avaliação do Desenvolvimento de Instituições Criativas (Vadecrie), criado pelo professor Saturnino de la Torre, da Universidade de Barcelona.
Em maio de 2013, a unidade de ensino recebeu o Certificado de Escola Criativa, pela riqueza e inovação de suas experiências. “A escola alcançou a média 8,5. Ou seja, 85 dos 100 critérios avaliados são cumpridos pela escola”, salienta a diretora.
Professora de ciências para os anos finais do ensino fundamental e de ciências agrícolas para o ensino médio, Roseli tem pós-graduação em gestão, supervisão e orientação educacional e inovação tecnológica. Ela está no magistério há 32 anos, 15 dos quais na função de diretora.
Exemplos — O Ministério da Educação selecionou 178 instituições entre as 683 que participaram, de setembro a novembro de 2015, de chamada pública destinada a identificar, reconhecer e mapear iniciativas educacionais inovadoras na educação básica desenvolvidas em escolas públicas e particulares e em organizações não governamentais de todo o país. A seleção abrangeu instituições escolares e não escolares, escolas indígenas, quilombolas, do campo e urbanas, da educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e da educação de jovens e adultos.
As informações relacionadas ao trabalho desenvolvido pelas 178 instituições selecionadas estão disponíveis noMapa da Inovação e Criatividade na Educação Básica. Mais informações na página do Programa de Estímulo à Criatividade na Educação Básica na internet.
Fátima Schenini

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