domingo, 11 de março de 2012

TERCEIRA MENSAGEM DE JERONIMO DE SOUZA MONTEIRO AOS DEPUTADOS ESTADUAIS


TERCEIRA MENSAGEM DE JERONIMO DE SOUZA MONTEIRO AOS DEPUTADOS ESTADUAIS
23 de setembro de 1910
Sob a administração diligente do zeloso profissional, Sr. Agostinho de Oliveira, a fazenda modelo Sapucaia, cuja inauguração fizestes em 4 de dezembro de 1909, vai, com repetidas experiências práticas, demonstrando de modo positivo aos agricultores a excelência dos novos processos de lavrar a terra pelos quais se obtém resultado máximo com esforço mínimo.
Vários lavradores a tem visitado e, depois de conhecerem o manejo das máquinas, levam para as suas propriedades os aparelhos necessários e os vão empregando com grande proveito.
Posso registrar e faço com indivisível contentamento que esse modesto instituto de experimentação agrícola já tem fornecido a lavradores 10 arados, 2 grades, 4 chibancas e um destorroador, tendo também enviado mestres de cultura a propriedades particulares, para a instalação do serviço no próprio campo.
O que, entretanto, mais satisfaz é verificar-se que o emprego dos novos processos de cultura, pelo uso da máquina, vai convencendo os agricultores da sua superioridade e tornando-os outros tantos propagandistas do moderno sistema de lavrar a terra.
O governo tem envidado os melhores esforços para manter a mais ampla difusão do ensino agrícola no Estado.
Assim é que mantém no jornal oficial uma secção para publicação dos assuntos de interesse da agricultura e facilita a vinda dos lavradores à fazenda modelo Sapucaia, dando-lhes passe em todas as vias férreas e marítimas, hospedando-os na fazenda, durante todo tempo de aprendizagem e enviando às suas propriedades mestre de cultura, sempre que há um pedido a respeito.
Além dessas práticas, para levantar a nobre classe, existe na fazenda Sapucaia, um depósito de máquinas agrárias, que são fornecidas pelo custo e de sementes distribuídas gratuitamente aos agricultores, que os solicitam.
Deve estar concluída dentro de breves dias, na Sapucia, a construção de uma casa destinada especialmente à hospedagem de lavradores, que ali procurem conhecer o manejo das  máquinas e suas aplicações nas lavras, tendo também compartimentos apropriados para receber até trinta aprendizes, que se queiram dedicar à interessante carreira da agricultura.
Uma vez instalado o aprendizado agrícola, é meu pensamento manter na Sapucaia uma aula noturna, de modo que possam os alunos conciliar, com os estudos práticos, os teóricos, e, assim melhorem se prepararem para a luta pela vida.
Atualmente, por deficiência de acomodações, o número de aprendizes é reduzido, mas tenho certeza de que, em curto espaço de tempo, estarão preenchidos todos os lugares, visto os numerosos pedidos já feitos ao governo neste sentido.
Ao trabalho, ora mencionado, pretendo adicionar o da pecuária, tendo para isso já recebido alguns animais de raça, aclimatados no país.
Estou convencido de que é este o meio mais eficaz, que o governo pode por em prática, para levantar a digna classe dos agricultores, proporcionando-lhe maior expansão econômica.
Com efeito, desde que se convençam os lavradores, diante da evidencia dos fatos de que, pelos novos processos agrários, poderão trazer ao mercado, com um custo insignificante de produção, os mesmos víveres (milho, feijão, arroz, batatas, farinha, etc.) que antes, pelo antigo sistema de cultura, mal podiam produzir para o seu consumo e isso com grandes dispêndios; desde que se capacitem, de que podem produzir em seus campos outros gêneros (o trigo, a alfafa, a aveia, etc.) de pronto e de largo consumo, por baixo preço e de boa qualidade, certamente a feição da lavoura experimentara profunda mudança, vindo a animação e o reerguimento substituírem a apatia e o desalento atuais.
Antes de terminar a simples exposição sobre tão importante assunto, devo salientar que todo o modesto trabalho desse instituto agrícola, (inclusive o custo do imóvel Sapucaia, as construções, adaptações de prédios, as diversas experiências, aquisição de grande número de plantas e larga quantidade de sementes, as compras de máquinas e o seu fornecimento aos agricultores, as viagens dos mestres de cultura às fazendas particulares) não tem custado ao Estado mais de 56:737$800.
É uma despesa insignificante em face dos grandes resultados indiretos, que pode ele proporcionar à nossa riqueza comum.
Os estabelecimentos desta natureza, sendo destinados unicamente a difusão do ensino prático por meio de experiências e de demonstrações positivas, não podem proporcionar lucros materiais diretos, como talvez se afigure a muitos ignorantes deste assunto e aos que não alcançam, ou não querem alcançar, o objetivo em mira.
Consigno os meus melhores agradecimentos ao patriótico  governo da União, à Sociedade Nacional de Agricultura e a diretoria da futurosa estrada de ferro Vitória a Minas pelos valiosos auxílios prestados a esse nosso tão útil trabalho; aquele dando ao Estado importantes contribuições, essa fornecendo plantas e sementes dando ao governo passes gratuitos, em suas linhas, para os lavradores visitantes da Sapucaia e proporcionando todas as facilidades ao bom andamento do interessante serviço.
A fazenda Santo Antonio, que eu havia reservado para o desenvolvimento da cultura do cacau, sob os cuidados do Sr. Virginio Calmon, será de novo administrada diretamente pelo governo, visto não querer aquele cidadão prosseguir no trabalho.
As plantações, feitas, em boa escala, não estão cuidadas convenientemente, fazendo-se precisa a intervenção do governo para evitar quaisquer prejuízos. Com esse serviço a despesa até o presente não excede 2:896$661.
Os serviços de venda e legitimação de terras, correm sem perturbação.


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