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Brasília
(22/06/2012) - O preço
do açaí atingiu alta histórica no mês de maio e o aumento refletiu no preço
da polpa vendido em Belém (PA) e em outros estados produtores. O açaí
médio, tipo mais consumido no Pará, registrou aumento de 25% de janeiro a
maio deste ano e o valor médio do litro do fruto está em R$ 12,80. De
acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), que acompanha o preço do açaí desde a década de
1990, os motivos da alta são o período de entressafra e o crescimento da
demanda no País.
“O período da entressafra da fruta, no Pará, ocorre de janeiro a junho, os
preços ficam altos; já no período de julho a dezembro, os preços caem e
depois se mantêm”, avalia Elizabeth Turini, da Gerência de Produtos da
Sociobiodiversidade da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Não existe um
padrão de comercialização para o açaí, pois em alguns municípios a produção
é vendida para agentes da cadeia que possuem condições de transportá-la aos
centros de comercialização. Com base no estudo da cadeia produtiva
constatou-se que 68,6% da produção de fruto são comercializadas por
intermediário e, apenas 31,4% são vendidos pelo próprio extrativista
diretamente aos despolpadores.
Há 20
anos, o açaí era consumido apenas no Pará. Em meados da década de 1990
começou a se popularizar como energético e entrou na pauta de exportações.
A demanda cresceu e o preço subiu. De acordo com o biólogo e geneticista do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Charles Clement, o
apelo do açaí reside no fato de ser uma fonte de energia eficiente e
natural. "O óleo do açaí é pura energia. Nosso fígado degrada o óleo
para criar o açúcar que é queimado no corpo quando realizamos atividades
físicas. Por isso, o açaí faz sucesso entre atletas e em academias",
afirmou.
O mais recente levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, aponta que o Brasil produziu 124
mil toneladas de açaí. O Pará, maior produtor, com 107 mil toneladas,
concentra 87% da produção nacional. De acordo com o Ministério da
Agricultura 70% do açaí do Pará é consumido no próprio estado, 20% vai para
o restante do País e 10% para o exterior. Os Estados Unidos quadruplicaram
o consumo do açaí brasileiro nos últimos anos. O produto nacional também é
embarcado para o Japão, China e Rússia.
O Governo
Federal estuda reajuste de 8% no preço mínimo do açaí para vigorar a partir
de julho deste ano até junho de 2013. A proposta para o novo preço mínimo é
de R$ 0,90. Atualmente, o preço mínimo é de R$ 0,83/Kg. A Política de
Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Sociobiodiversidade é feita
por intermédio de subvenção direta. O extrativista, enquadrado com
agricultor familiar, tem direito a receber a diferença entre o preço de
mercado e o preço mínimo aprovado, toda a vez que o preço de mercado
estiver abaixo do preço mínimo é subvenção direta, na conta do
extrativista.
O açaí está
incluído nos produtos extrativistas do Plano Nacional de Promoção das
Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB), lançado em abril de
2009, em Manaus (AM), sob a coordenação dos ministérios do Desenvolvimento
Agrário (MDA), Meio Ambiente (MMA), e Desenvolvimento Social e Combate a
Fome (MDS) e a Conab. A valorização de produtos extrativos obtidos mediante
a conservação e uso sustentável dos recursos naturais por povos e
comunidades tradicionais e pelos agricultores familiares é parte da
estratégia do Governo Federal para promover o desenvolvimento sustentável.
O Ministério da
Agricultura e Secretaria de Ciência e Tecnologia do Pará estudam o
reconhecimento de Indicação Geográfica (IG) do município paraense de
Igarapé-Mirim para o açaí por tratar-se de um produto tipicamente paraense,
fruto da palmeira Euterpe oleracea, nativa das várzeas da região amazônica.
O registr o de
IG é conferido a produtos ou serviços característicos do seu local de
origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade
própria, além de distingui-los em relação aos seus similares disponíveis no
mercado. Esses produtos apresentam uma qualidade única em função de fatores
naturais como solo, vegetação, clima e saber fazer (“know-how” ou
“savoir-faire”). O Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI é a
instituição que concede o registro e emite o certificado. A IG de
Igarapé-Mirim se tornou um importante instrumento para o desenvolvimento do
município e para toda a cadeia produtiva.
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