segunda-feira, 15 de julho de 2013

Entrevista: Flavia de Oliveira da Epagri/SC fala sobre mulheres no mercado de trabalho x artesanato em lã


postado em 12/07/2013

O FarmPoint realizou uma entrevista com Flavia Maria de Oliveira, Extensionista Rural, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Na reportagem, Flavia fala sobre a inserção das mulheres no mercado de trabalho por meio do artesanato em lã e sobre a cadeia do produto no Brasil. Abaixo veja a entrevista completa e participe deixando o seu comentário!

FarmPoint - Qual é a importância da lã para a inserção das mulheres no mercado de trabalho e para o desenvolvimento do artesanato?

Flavia - A atividade artesanal estimula a economia local, promovendo a inclusão social via inclusão produtiva. Essa atividade, além de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico da comunidade vem contribuindo também para a emancipação de mulher nas suas dimensões políticas, sociais e culturais. A atividade de artesanato utilizando a lã ovina proporciona também uma satisfação pessoal, pois além de uma renda extra, possibilita a criação de peças artesanais originais para o próprio uso e da família. Além de alternativa de renda, o artesanato pode ser um importante aliado para a qualidade de vida. Necessariamente, não é preciso vender o artesanato, mas no momento em que produzimos as próprias peças, não é preciso gastar dinheiro para comprar aquele artesanato.

FarmPoint - Como encontra-se o mercado de lãs hoje no Brasil?

Flavia - A atividade da ovinocultura está presente no Oeste Catarinense desde 2005, porém, o trabalho com a lã ainda é muito pequeno. O Centro de Treinamento da Epagri de São Miguel do Oeste, desde 2011, conta com um rebanho de 30 fêmeas que produzem leite, hoje destinado à fabricação de derivados no próprio Centro. Suas instalações e os equipamentos necessários para produção de leite de ovelha fazem parte do projeto “Pesquisa e Difusão de Tecnologia em Ovinocultura Leiteira em Santa Catarina”, no qual a Epagri emprega recursos próprios e da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc), para realizar pesquisa e extensão rural na atividade de ovinocultura leiteira. No país, o mercado de lã, após um longo período de crise, voltou a dar sinais de recuperação, com uma crescente demanda pela fibra natural. Além disso, essa produção, combinada com a de carne, maximiza a viabilidade econômica da ovinocultura.


FarmPoint - O que precisa ser feito para a cadeia da lã se estruturar no país? 
Flavia - O trabalho com a lã é uma alternativa para diversificar a produção, agregando valor na produção primária. Como o artesanato em lã de ovelha dispensa máquinas e instrumentos complexos, a artesã depende apenas de destreza manual, diminuindo custos e grandes investimentos. Porém, o consumo de carne ovina ainda é limitado em comparação a outros produtos de origem animal, o que restringe o acesso à lã. Com a entrada da lã sintética diminuiu a demanda pela lã de ovelha, fazendo com que muitos produtores diminuíssem ovinos de aptidão para lã pelos ovinos de dupla aptidão, carne e lã. O Brasil possui pouco mais de 16 milhões de cabeças ovina, conforme o IBGE. Uma das alternativas para incremento da cadeia produtiva está na possibilidade de aumento de consumo do produto por parte da população. O produtor tem um papel fundamental no aumento do consumo, que é produzir um cordeiro de qualidade para ofertar ao mercado. Para estruturar a cadeia de lã, é preciso acelerar o crescimento da ovinocultura com profissionalismo no Brasil. 

Raquel Maria Cury Rodrigues, Equipe FarmPoint. 

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