Prezados,
Neste texto venho colocar um assunto bastante polêmico, com adesões e pensamentos divergentes e de enorme importância para a cafeicultura nacional. Nestes sete anos de atuação como pesquisador aqui na Fundação Procafé sempre recebemos grupos de estrangeiros com interesse em conhecer os campos de melhoramento genético e adquirir sementes de materiais diversos, demanda esta que cresceu significativamente nestes últimos anos. Assim como nas instituições de pesquisas os produtores de sementes aumentaram significativamente as vendas para o exterior, sendo algo acima de seis ton. da qual tivemos noticias.
Em paralelo a esta demanda, nas área da indústria e pesquisa foi criado um projeto internacional com o objetivo de promover o intercâmbio de seleções genéticas entre diferentes países, com o objetivo de aumentar a oferta de cafés especiais no mundo. Este projeto recebe apoio financeiro de diversos representantes no setor da indústria das Américas, Europa e Ásia, sendo coordenado por estes juntamente com representantes do setor da Pesquisa.
No ultimo Congresso Brasileiro de Pesquisas no debate do seminário sobre melhoramento perguntei aos melhoristas da mesa, estes representantes e responsáveis pelo melhoramento nas principais instituições do Brasil, o que achavam deste projeto. As respostas foram divergentes, desde "dar o ouro ao ladrão" como sendo importante para aquisição de fontes de resistência para o atual melhoramento, onde a maioria ficou em "cima do muro" e com a seguinte resposta” se não passar estes materiais eles vão ter de outro modo”.
Com relação à legislação os materiais genéticos podem ser exportados e aqueles protegidos somente com a permissão da instituição detentora.
Sabemos que o melhoramento genético teve um grande marco em produtividade com os Catuais e M.N. e agora vemos um outro marco que é a alta produtividade associada à resistência a fatores bióticos e abióticos (seca, ferrugem, B.Mineiro, nematóide, etc.)
Nestas exportações atuais vimos que a maior procura está direcionada a resistência a ferrugem, que está acarretando perdas significativas a países da América do Sul e Central.
Deixo assim esta preocupação em aberto, sobre a internacionalização de seleções genéticas, com vantagens e desvantagens e pontos de vistas divergentes sendo que na área do melhoramento genético pode ser um ponto importante para novos cruzamentos e no setor de produção pode ser um marco de grande oportunidade para países com potenciais climáticos, econômicos e sociais, aumentando a oferta de café no mundo.
A Fundação Procafé é uma instituição de pesquisa que sempre tem em primeiro lugar o produtor rural associada às demandas de pesquisas que são importantes para a nossa cafeicultura. E nesta relação de prós e contras ela entende que a internacionalização e/ou exportação de materiais genéticos não pode acontecer sem um estudo organizado, de maneira que acarrete aos nossos produtores uma possível concorrência desleal comparada a países menos e/ou mais desenvolvidos com potencial de produção com custos mais reduzidos e apoio financeiro e político. E se o objetivo do projeto for concluído é lógico que com o aumento da oferta de cafés finos a oferta em geral também aumentará. Imaginem 10 milhões de sacas a mais no curto/médio prazo.
É importante lembrar que uma cafeicultura desprovida de políticas protetivas e regulatórias, ganha quem é mais forte e organizado. E desta formas continuamos fazendo o que sempre achamos como prioritário que é defender a sustentabilidade da nossa cafeicultura.
Att, André Garcia e toda equipe Fundação Procafé
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