quinta-feira, 11 de julho de 2013

Poder público foi ‘pego de surpresa’, diz ex-dirigente de funcionários federais


Poder público foi ‘pego de surpresa’, diz ex-dirigente de funcionários federais

Para a pedagoga Albany Rocha Fonseca, funcionária pública federal aposentada e ex-dirigente do Sindicato dos Servidores do hoje extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) no Estado de São Paulo, "de forma assustadora e irresponsável, o Estado demorou para entender a real natureza desse fenômeno social”.

A atuação do poder público diante das recentes manifestações sociais em todo o país deixou a desejar “porque os seus titulares estão encastelados em seus gabinetes e foram pegos de surpresa” pelos diversos movimentos de protesto.

Essa avaliação é da pedagoga Albany Rocha Fonseca, 69 anos, funcionária pública federal aposentada e ex-dirigente do Sindicato dos Servidores do hoje extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) no Estado de São Paulo.

Em entrevista à Carta Maior, Albany afirma que “foram feitas muitas reivindicações e denúncias em todo o país, em que a questão do transporte coletivo foi apenas o mote inicial”.

Para ela, “até de forma assustadora e irresponsável, o Estado demorou para entender a real natureza desse fenômeno social”, que gerou muito transtorno e insatisfação na sociedade, por causa da violência generalizada.

CEBS
Catarinense de Curitibanos (SC), Albany estudou Pedagogia e Teologia, tendo sido também militante das Comunidades Eclesiais de Base (CEBS). Anteriormente, foi religiosa da congregação de São José de Chambéry, uma das mais antigas congregações da Igreja Católica Romana.

Depois de deixar a ordem, foi eleita vereadora do PT em Taubaté, São Paulo, e cumpriu mandato de 1989 a 1992. Integrou também as Pastorais da Juventude e da Catequese, além de outros movimentos sociais. 

Situações diversas 
Segundo a pedagoga, “o povo brasileiro sempre foi capaz de se manifestar nas diversas situações. Em cada época, as coisas acontecem de um jeito. Na época militar prevalecia o medo, e as pessoas sabiam e tinham consciência dos riscos e do perigo para sua vida. ‘As Diretas Já’ foram um outro momento, com menos medo”.

A presidenta Dilma Rousseff também demorou, segundo Albany, para dar uma resposta. “Tentou se justificar e demonstrou uma espécie de mea culpa. Também foi pega de surpresa”, acrescentou.

A presença da sociedade civil nas ruas “foi ao mesmo tempo um avanço: de um lado, demonstrou a insatisfação do povo brasileiro; mas indicou também um equívoco quando os partidos políticos foram apontados como desnecessários, o que reforça os propósitos ditatoriais”.

Perspectivas
Albany avalia ainda que o povo conseguiu algumas mudanças, mas que ainda faltam muitas outras, “pois os políticos deverão ouvir e respeitar o que o povo reivindica”. 

“A regressão está ainda no uso da violência, alguns grupos se aproveitaram do momento e o poder repressor também. A polícia foi provocadora em alguns casos. Não vi a participação das igrejas. Não estavam nas manifestações nas ruas. Contribuíram muito no passado”, concluiu.


Fotos: EBC 

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