quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

NO SERTÃO DO CEARÁ SÓ O VERDE DA ESPERANÇA.

O cenário não é inédito: longa estiagem falta d’água, rios e pastos secos, famílias sem ter o que comer e animais morrendo de fome e sede, sendo deixados para trás, transformando a paisagem num cemitério a céu aberto. Mas, fazia tempo – pelo menos 30 anos – que os agricultores do semiárido dos Sertões de Canindé não sentiam de maneira tão perversa os efeitos de uma seca, a maior das últimas três décadas.
No meio de tanta dificuldade, as famílias que vivem diretamente os efeitos da estiagem contam com o apoio do poder público, instituições e até mesmo pessoas físicas que trabalham com ações de combate à seca.
 “Há meses que o mato está completamente seco. A gente anda pelas terras e encontra carcaças de bois e vacas espalhadas por todo canto. Não tem comida pra dar aos animais. O caso está grave”, lamenta um morador. De verde mesmo só a esperança e os mandacarus.
Sem dinheiro para alimentar os animais que ainda restam no pasto seco, os agricultores do semiárido que compreende 75% do território cearense depende do Governo do Estado.
Um fato que chamou a atenção da REPORTAGEM DO C4 NOTÍCIAS O POVO ON LINE, foi uma cobra coral que morreu presa entre os espinhos de um mandacaru na localidade de Letreiro no Município de Itatira. Uma cena rara, pelos menos para as lentes do Repórter Fotográfico Antônio Carlos Alves, com 27 anos de atuação. 
 ÁGUA VIROU RARIDADE.
Para a maioria dos sertanejos dos Sertões de Canindé, água se tornou um produto raro. Tomar banho, lavar as roupas e aguar as plantas se tornaram sonhos que eles esperam um dia realizar. A realidade, hoje, é da busca constante por água para satisfazer necessidades mais imediatas, como beber, cozinhar e matar a sede dos animais.
Cento e nove carros pipas estão atendendo as cidades mais atingidas pela estiagem. A água é aguardada com ansiedade e cada gota é bastante disputada. De acordo com informações do Comitê Integrado de Combate à Seca na Região do Semiárido Brasileiro, a distribuição de água potável está sendo feita pelo Exército Brasileiro, com ajuda do Governo do Estado.
Mais de oito mil cisternas de placa (para consumo humano) deverão ser construídas em 72 cidades cearenses a partir de janeiro de 2016. “Ao todo serão investidos mais de R$ 15 milhões e os recursos são fruto de uma parceria entre os governados federal e estadual”.







BOLSA ESTIAGEM.
Num período onde cada centavo é necessário para garantir a sobrevivência das famílias atingidas pela seca, aos pequenos agricultores sofrem com outro problema grave: a ignorância. De acordo com o Delegado Federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) no Ceará Francisco Sombra, 78 mil agricultores dos 184 municípios cearenses em estado de emergência foram beneficiados com o programa “Bolsa Estiagem”.
A par da gravidade da situação vivida em mais de dois terços dos municípios cearenses é a Bolsa Família um meio de sobrevivência que resta a esses agricultores. Para ele, são esses programas que têm permitido que houvesse tranquilidade, mesmo diante de um cenário tão desanimador. “Se não fossem esses programas federais já tinha havido saques em supermercados em várias cidades, como já tivemos no passado”, completou.
FOTOS E TEXTO DE ANTÔNIO CARLOS ALVES

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