terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Preços do café ganham sustentação


postado há 23 horas e 52 minutos atrás

Os preços do café ganharam forte sustentação nas últimas semanas. Além da previsão de uma possível redução na safra 2014, que contrariou as expectativas de mercado, as altas temperaturas e a falta de chuva registrada nas principais regiões produtoras de Minas Gerais e São Paulo deverão comprometer ainda mais o rendimento da safra. Com o volume menor a ser disponibilizado para o mercado os preços estão em alta. Somente em janeiro a elevação foi de 6,4%. Entre 30 de janeiro e 5 de fevereiro, no Sul de Minas, a alta ficou em 18%.

Em janeiro, de acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), os preços do arábica subiram pelo segundo mês consecutivo, após acumularem expressivas baixas ao longo de 2013. O Indicador Cepea teve média de R$ 289,44 por saca de 60 quilos em janeiro, forte aumento de 6,4% em relação ao mês anterior.

De acordo com pesquisadores do Cepea, o impulso para a alta interna tem sua origem no mercado internacional. Em janeiro, a média de todos os contratos na Bolsa de Nova York foi de 119,65 centavos de dólar por libra-peso, considerável alta de 4,8% em relação a dezembro de 2013. A média de preço da saca no acumulado da safra, junho de 2013 a janeiro de 2014, é de R$ 272,98.

Segundo o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente das comissões de Café da Faemg e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita, dois fatores foram fundamentais para que ocorresse a elevação dos preços: a previsão de queda na safra atual e a seca que vem atingindo as principais regiões produtoras do grão no Estado e em São Paulo.

Estimativa

Conforme Mesquita, o mercado especulava que a safra brasileira 2014 de café ficaria entre 55 milhões e 60 milhões de sacas de 60 quilos, porém, de acordo com os relatórios da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a previsão é de que a produção fique entre 46 milhões e 50 milhões de sacas.

"Com base nos dados da Conab e do IBGE não teremos uma supersafra, como era especulado. Com a redução da estimativa, o estoque mundial não terá excedente. Isso fez com que o mercado revisasse os preços. A redução na safra era esperada, já que o Brasil teve duas safras altas, com 50 milhões de sacas em 2012 e 47 milhões em 2013 e após os dois períodos de alta produtividade seria difícil que o parque cafeeiro tivesse condições de produzir uma safra que alcançasse 60 milhões de sacas", avalia.

Outro fator que vem contribuindo para o controle da oferta e a elevação dos preços, segundo Mesquita, é a seca que vem atingindo as principais regiões produtoras. Até o momento não foi possível estimar os volume de perdas, porém as mesmo vão atingir a safra de 2014 e 2015.

"Não sabemos quando de perda será registrado, mas com certeza vai ter efeito na produtividade e qualidade dos grãos. A cada dia sem chuva a situação se agrava ainda mais e vai refletir em 2015. Com a queda dos tratos, ocasionados pela descapitalização dos cafeicultores, e a maior poda dos cafezais, já era esperada redução em 2015 e agora com a seca, a produção deve ser ainda mais comprometida", diz.

CNC: “alta nos preços não era esperada”

Diante da possibilidade de uma oferta menor de café no mercado, os preços pagos pelo grão estão em alta. Em Minas Gerais, de acordo com a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais), a cotação máxima, entre 30 de janeiro e 5 de fevereiro, chegou a R$ 350, por saca, no Triângulo Mineiro, incremento de 15,2% frente aos preços praticados na semana anterior.

No Sul de Minas, onde a seca é mais rigorosa, os preços subiram 18% em uma semana, passando de R$ 288 para R$ 340 por saca. Alta também foi registrada na região do Alto Paranaíba, com a saca cotada a R$ 315, frente os R$ 300 registrados na semana anterior. Na Zona da Mata, a saca que era comercializada a R$ 280 passou para R$ 322.

Para o presidente do CNC (Conselho Nacional do Café), Silas Brasileiro, com o incremento dos preços, os cafeicultores não devem exercer as opção de venda de contratos ofertados em 2013. O preço a ser pago pelo governo, em março, será de R$ 343.

"A alta nos preços era esperada somente para a segunda quinzena de fevereiro, já que a data ficaria próxima à época de cumprimento das opções de café, que é em março. Acreditávamos que ao retirar do mercado um volume alto de café, os preços seriam impulsionados. Só que devido a seca e a possibilidade de uma produção menor em 2014, a elevação foi antecipada e, ao que tudo indica, o produtor deve priorizar as vendas para o mercado", ressalta Brasileiro.

Ainda de acordo com o presidente do CNC, a estimativa é de que os preços mantenham a alta. "Mesmo que as chuvas ocorram nas próximas semanas, o volume não será suficiente para recuperar as perdas. O que vai contribuir para a sustentação dos valores", observa.

As informações são do Diário do Comércio, adaptadas pelo CafePoint

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