quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Aos 14 anos, menina síria se dedica a estudar e educar refugiados na Jordânia: 'Não há obstáculo'


Muzon não deixou de estudar quando sua família fugiu da Síria, em 2013. (Reprodução)Muzon não deixou de estudar quando sua família fugiu da Síria, em 2013. (Reproduç& …
Muitas vezes, no conforto de nossas casas, não percebemos como algumas coisas tão simples e essenciais para nós são encaradas como verdadeiros sonhos, oportunidades quase únicas para quem enfrenta uma realidade muito mais difícil que a nossa. Na Jordânia, uma menina síria de 14 anos se dedica a estudar e também a educar os integrantes de um acampamento de refugiados Azraq, no meio do deserto.
Na rotina de Muzon al-Meliha, logo às 10 de manhã ela não tem tempo para pensar nas coisas que perdeu pelo caminho e segue para as suas aulas de inglês e informática. E o fato de viver em uma pequena vila improvisada no árido jordaniano não é motivo para desanimar, não.
Busca por mais direitos e educação para as mulheres chamou a atenção da ONU. (Reprodução)Busca por mais direitos e educação para as mulheres chamou a atenção da ONU. (Repr …
A família de Muzon deixou a Síria em 2013 devido aos conflitos civis no país. Atualmente, há um mês, quando tiveram a oportunidade de deixar o acampamento, a sua tia foi quem a ajudou a convencer todos a deixar a menina ficar no local e continuar os seus estudos.
"Nós deveríamos ter a chance de estudar em qualquer lugar, a qualquer hora", diz a garota. "Eu não considero o acampamento o obstáculo. Quando eu vim para a Jordânia, achei que não continuaria meus estudos. Mas ir à escola aqui é o que mantém as minhas esperanças."Muzon e sua colega durante a aula de informática. (Reprodução)Muzon e sua colega durante a aula de informática. (Reprodução)
A garota conta a respeito das tradições de onde ela vem e como elas afetam negativamente o futuro das mulheres. "Mesmo que algumas meninas queiram estudar, as suas famílias preferem que elas se casem. Aqui, no acampamento, cada vez mais famílias casam as suas filhas. Acham que isso assegura um futuro para elas mais do que a educação."
"Se você se casa e não tem educação ou conhecimento, você nunca vai conseguir resolver os problemas, ajudar a si mesma ou a seus filhos. Sinceramente, eu coloquei isso [estudar] como o meu objetivo na vida."
Ela bateu uma bolinha com Malala, paquistanesa que venceu o Nobel da Paz. Literalmente! (Reprodução)Ela bateu uma bolinha com Malala, paquistanesa que venceu o Nobel da Paz. Literalmente! (Reproduç&atild …
A perseverança da menina rendeu até uma alcunha da qual ela gosta muito: "Malala da Síria", em referência à paquistanesa Malala Yousafzai, vencedora do Nobel da Paz. As duas inclusive se encontraram em Azraq e trocaram figurinhas recentemente.
"Quando as pessoas me chamam de Malala, eu sinto que eu estou realizando um trabalho importante e que as pessoas acreditam nele. Ela me ensinou que, independente dos obstáculos que enfrentamos na vida, podemos passar por eles", acrescenta. "Malala não ficou em silêncio e levantou a sua voz pelos seus direitos."'Eu aprendi tudo com meus pais, eles me ensinaram a ter respeito.' (Reprodução)'Eu aprendi tudo com meus pais, eles me ensinaram a ter respeito.' (Reprodução)
Sem perder em momento algum o olhar profundo e determinado, ela fala como se a sua jornada estivesse apenas começando. "Mesmo sabendo que sou jovem, eu sei que posso fazer mais do que estou fazendo aqui no acampamento. Não só aqui, como no mundo todo. Educação é tudo na vida, e tendo educação você entende porque ela é tão importante. Nós temos esperança, nós vamos construir uma Síria muito melhor do que ela era", encerra.
Para conhecer mais sobre Muzon al-Meliha e como é a sua vida no acampamento Azraq, na Jordânia, veja o vídeo abaixo (em inglês):

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