sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Romário pode estar apostando as últimas fichas na carreira política

Por Fábio Lau

Ferraço, Eduardo Paes, Delcídio, Romário e Pedro Paulo
Ferraço, Eduardo Paes, Delcídio, Romário e Pedro Paulo
O senador Romário (PSB/RJ) surpreendeu. Tal e qual o craque de bola em campo, quando era o gênio da pequena área, o neófito parlamentar caminhava com desenvoltura em um Congresso Nacional tomado por raposas. Apresentou projetos voltados a portadores de necessidades especiais (inspirado na filha Ivy, portadora de síndrome de down), comprou briga com poderosos e chega a peitar os interesses da Globo quando instala e preside a CPI da CBF.

No curso da trajetória política ascendente, uma denúncia parecia feri-lo de morte: Manteria conta não declarada à Receita Federal na Suíça na qual estavam depositados o equivalente a R$ 7,5 milhões. Otiro partiu da Revista Veja cuja reputação há muito deixa a desejar entre políticos, jornalistas e leitores críticos. Mas uma resposta dúbia de Romário reforçava a suspeita: "que eu saiba não tenho conta alguma". 

Mas eis que, como numa jogada de mestre, típica de um cobrador de pênalti em final de Copa do Mundo, Romário viajou à Suíça acompanhado da ex-mulher e retornou com uma declaração chancelada pela instituição financeira que afirmava: Romário não mantém conta no Banco BTG Pactual. 

A denúncia da Veja caiu no ridículo e seria desmentida por toda a mídia (inclusive a velha, tão cúmplice e replicadora das teses da Veja). A própria revista, depois de resistir e tentar sustentar a versão original, acabou pedindo desculpas. Publicara que fora um erro de apuração. Mas a verdade é que só o fez quando Romário anunciou que pediria em indenização dez vezes mais do que a publicação afirmou que manteria no exterior de forma ilegal: R$ 75 milhões.

Com a prisão do senador Delcídio Amaral (PT/MS) e do banqueiro André Esteves (nesta quarta-feira 25), dono do mesmo banco BTG Pactual, a história ressurge. E com elementos próprios dos bons filmes de máfia. Romário teria ido à sede do BTG e lá esteve com Guilherme Paes, irmão do prefeito do Rio, Eduardo Paes. 

A tese, quase um roteiro de filme, indica que após acordo de "cavalheiros", Romário fora convencido a retirar sua candidatura à Prefeitura do Rio. A contrapartida? Uma carta do banco que absolvia o senador Romário da denúncia da revista - a de que teria conta, na figura de titular, naquela instituição.

Se de fato o documento oferecido pelo BTG se configura em uma fraude, o imbróglio agora ganha proporções apocalípticas. Isso porque a carta teria a chancela de uma instituição financeira que mantém tentáculos em vários setores da Economia do país na área de investimentos. E agora paira dúvida pertinente: seria esta a única vez em que o BTG protegeu alguém, político ou não? Neste caso específico o BTG teria atendido a interesse político regional: Romário fora forçado a desistir da candidatura para apoiar Pedro Paulo - o candidato que Eduardo Paes quer ver no seu lugar. Em vez de prisão ou perda do mandato, uma sobrevida política e a submissão eterna a Eduardo Paes

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