Revista digital Calle2 entra no ar para falar sobre a América Latina
Vanessa Gonçalves | 25/11/2015 09:00
Nos últimos anos, os brasileiros passaram a olhar a América Latina com outros olhos e o interesse do público por reportagens sobre a região também cresceu. Observando este cenário, a jornalista Ana Magalhães
resolveu juntar forças e lançar uma revista focada nestes assuntos.
Crédito:Divulgação
Revista digital será gratuita e com atualização semanal
Três anos depois e após um projeto-piloto impresso lançado em 2014, que ficou entre
os três finalistas da Categoria Mídia Impressa do “Prêmio Brasil Criativo”, finalmente entra no
ar nesta quinta-feira (25/11) revista digital Calle2, com uma entrevista com o ex-presidente
uruguaio Pepe Mujica.
O novo veículo tem como objetivo “mostrar uma América Latina rica e diversa, cheia de boas
histórias que hoje são pouco conhecidas”, garante Ana, agora editora-executiva do site.
Com atualizações semanais — sempre às quartas-feiras — e acesso gratuito, a publicação
trará artigos, reportagens e entrevistas distribuídas nas editorias de Sociedade, Lugares,
Pessoas, Esporte, Análise, Cultura e Fotografia. O acesso ao conteúdo do site será gratuito.
Calle2 conta com uma equipe enxuta, mas com longa experiência no jornalismo. Além da
editora-executiva, que acumula passagem por Folha de S.Paulo, Agora, O Tempo, Trip,
Época São Paulo e Veja SP, estão no projeto Guilherme Soares Dias, editor-adjunto, que já
atuou em jornaisValor Econômico, O Estado de S. Paulo e O Estado de Mato Grosso do Sul,
além de colaborar com reportagens para diversas revistas e sites; Júlio Simões, redator,
com experiência nos portais Terra, ESPN, Gazeta Esportiva, Rádio CBN, Placar,
Superinteressante, e, por fim, Bruno Cavenaghi, editor de arte e programador, que deixa
o dia a dia de agências de publicidade em projetos para marcas como Danone, Samsung,
Coca-Cola, Johnson & Johnson e Reckitt Benckiser, para vivenciar o dia da dia da redação.
Além deles, há um conselho editorial formado pelo jornalista e escritor Edvaldo Pereira,
cofundador da Academia Brasileira de Jornalismo Literário, e Sergio Krasélis, repórter
com mais de 35 anos de experiência e passagens por grandes veículos, como Folha
de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, IstoÉ e Placar.
À IMPRENSA, a editora-executiva da Calle2 explicou a origem do nome do novo
veículo e falou sobre as expectativas de quem entra no ar para fazer a diferença na
cobertura sobre América Latina.
IMPRENSA - Como surgiu a ideia de uma revista digital que trata especialmente
de América Latina?
ANA MAGALHÃES - Há três anos eu decidi que queria desenvolver um projeto original,
único e do meu jeito. Chamei dois amigos para me ajudar e depois de muitos
encontros, brainstorming e análise de algumas revistas latinas incríveis que
existem por aí, pensamos em criar a nossa própria publicação –dedicada a ter um
novo olhar sobre a América Latina.
O projeto demorou a sair do papel porque na época a Folha de S.Paulo me chamou
para trabalhar. Como o Guilherme e o Julio (editor-adjunto e redator, respectivamente)
estavam trabalhando em outros lugares, o tempo ficou escasso para nos dedicarmos
ao projeto da maneira que ele merecia.
A ideia, originalmente, era produzir uma revista impressa. Em 2014, decidimos tirar o
projeto do papel e fizemos então uma edição-piloto da Calle2, com recursos próprios.
Com este exemplar, ficamos entre os três finalistas da Categoria Mídia Impressa do
Prêmio Brasil Criativo, realizado em dezembro do ano passado pelo ProjectHub em
parceria com o Ministério da Cultura e a 3M.
Depois do prêmio vimos que estávamos no caminho certo. Que havia espaço para uma
publicação do tipo e interesse. Só que queríamos aumentar o acesso ao projeto.
Queríamos que uma pessoa do interior do Brasil e uma cidade pequena, sem muita
estrutura, tivesse a oportunidade de nos conhecer, nos ler, nos acompanhar. Além
disso, o processo de distribuição é complexo e custoso. Unimos o útil ao agradável e
decidimos então adaptar o projeto para o universo virtual.
Qual o objetivo desta publicação?
A Calle2 é uma revista digital que se propõe a ter um novo olhar sobre a América
Latina, incluindo, claro, o Brasil. Cruzamos as fronteiras para mostrar pessoas,
lugares, cores e sabores incríveis que fazem do continente latino-americano um dos
mais diversos e fascinantes do mundo. Publicamos também artigos analíticos e
entrevistas sobre as injustiças e dramas que assolam uma região ainda tão desigual.
Atualmente, há maior interesse do leitor brasileiro sobre os temas ligados à
América Latina?
Acreditamos que sim. Primeiro porque o brasileiro viaja hoje muito mais para a
América Latina do que há cinco ou dez anos. Segundo porque, nos últimos
anos, surgiram outras publicações, como o El País Brasil, que têm um investimento
importante na cobertura dos países da região.
Por que escolheram Calle2 como nome do veículo?
A calle 2 é o ponto mais ao norte da América Latina. Fica no povoado de Los Algodones,
na fronteira do México com os Estados Unidos, a 241 km de Tijuana. A calle 2 que
inspira e dá nome à revista termina em um posto fronteiriço. Do lado de lá, vira a
Algodones Road, ganha uma faixa amarela no meio do asfalto e percorre vários
quilômetros no vazio do deserto até chegar à cidade de Phoenix, nos Estados
Unidos. Contudo, para nós, a calle 2 é uma rua sem fim.
Como o filósofo Gilles Deleuze, acreditamos que as fronteiras são mais simbiose
que separação, mais troca que exclusão, mais intercâmbio que indiferença. As
regiões fronteiriças não separam, elas unem. São pontos híbridos e de encontros –
ainda que conturbados - entre duas ou várias culturas. E esta é a intenção
da revista Calle2: colaborar para uma melhor integração do Brasil com os demais
países latinos. Queremos mostrar a vastidão dessas terras, dessas culturas e
dessas tantas calles 2 que existem nas periferias.
Essa iniciativa prevê crossmedia? Como será o diálogo com as ferramentas
deste universo da rede?
A Calle2 estará presente, inicialmente, no Twitter e Facebook, que são as duas
melhores plataformas de distribuição de conteúdo e amplificação da presença da
marca. Futuramente planejamos expandir para outras redes sempre respeitando
o perfil da revista.
O veículo terá acesso gratuito. Como o projeto será sustentado?
Estamos lançando o site com recursos próprios, mas, nossa meta é tornar a
Calle2 colaborativa em todos os sentidos. Sendo assim, além da obtenção
tradicional de recursos com editais, patrocínios e publicidade, gostaríamos
de contar com a colaboração de nossos leitores, por meio de crowdfunding.
Já há algumas publicações independentes no Brasil caminhando e avançando
por este meio de captação de recursos. Um bom exemplo é o site Outras Palavras.
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