sábado, 27 de julho de 2013

Desenhar, pra mim, é como mastigar pedra

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Desenhar, pra mim, é como mastigar pedra
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(Entrevista com Henfil publicada nos anos 70 na revista Status Humor nº 49). Ele tem a força sertaneja do Zeferino, a vontade de aprender do Bode Orelana, a sensi­bilidade da Graúna, a impertinência do Baixim, a pureza do Cumprido, o sentimento de jus­tiça do Caboclo Mamadô, alguns medos do Ubaldo e a consciência social do Orelhão.

Tânia Carvalho
É Henfil, principal criação de Henrique de Souza Filho, 34 anos, mineiro, um dos oito filhos de d. Maria, e, seguramente, um grande desenhista de humor. Henrique começou a dese­nhar no colégio, pra combater o tédio das aulas. Depois, na revista Alterosa, onde era revi­sor, divertia o pessoal da oficina, ilustrando piadas pornográficas. Um dia, o editor Roberto Drummond viu os rabiscos, e, na mesma hora, percebeu que estava diante de um grande talento. "Você vai ser tão grande quanto Bosc ou Sempé", preconizou. Só quem não acre­ditava era o Henrique. Não queria de jeito nenhum ser desenhista. Sua opção era a sociolo­gia. Mas o Henfil não deixou. Cresceu tanto dentro dele, que não foi possível mais voltar atrás.Diário de Minas, Diário da Tarde, Jornal dos Sports  mineiro, e o passaporte para o Rio de Janeiro, pra trabalhar na edição nacional do J.S., onde Urubu, Cri-Cri, Bacalhau Pó de Arroz e Gato Pingado, personagens ligados ao futebol, marcaram época. Uma rápida passada por O Sol e Cartum JS — que logo fecharam —e a entrada em O Pasquim, "que me lançou nacionalmente", Jornal do Brasil, O Dia e A Notícia, e mais recentemente, naIsto É. onde, além de um cartum, escreve um texto semanalmente, talvez a análise mais lúcida sobre a realidade brasileira. Dois anos nos EUA não mudaram o seu humor. Ele está muito "gado ao Brasil. Por isso, acha que a sua função, através do desenho, é denunciar. Com — uita lucidez, vem fazendo isso há dezesseis anos.

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