quarta-feira, 27 de maio de 2015

Com apoio da Codevasf, Embrapa capacita agricultores para a produção de mamona no semiárido baiano

Com apoio da Codevasf, Embrapa capacita agricultores para a produção de mamona no semiárido baiano
Especializar agricultores familiares do semiárido baiano para que tenham uma produção sustentável e rentável de mamona – principal matéria-prima do biodiesel ou bio-óleo – é o objetivo de uma parceria da Embrapa Algodão com a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) na região de Irecê, onde três novas cultivares do vegetal já foram desenvolvidas e cerca de 27 mil famílias de pequenos produtores estão inseridas neste agronegócio.
Renovada por mais três anos, a parceria entre Codevasf e Embrapa Algodão, iniciada em 2005, visa ao desenvolvimento e difusão de tecnologias para melhoramento genético, cultivo e comercialização da mamona para usinas de biodiesel - que são certificadas com o Selo Combustível Social pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) sempre que inserem a agricultura familiar em sua cadeia produtiva.
“A região de Irecê é responsável por colocar a Bahia na posição de maior produtor de mamona do Brasil, e 90% da produção estadual está concentrada em 23 municípios desta região”, afirma o chefe do escritório da Codevasf em Irecê, Luiz Alberto Barbosa. A Bahia responde por 67% da produção nacional. Em instalações cedidas pela Codevasf no município de Irecê, a Embrapa Algodão acondiciona sementes, insumos e equipamentos usados nos treinamentos que são aplicados nas Unidades de Teste e Demonstração (UTD’s).
“Em 2015, estamos com seis UTD’s na região, com 21 produtores em cada uma delas recebendo nosso pacote tecnológico”, explica o técnico em agropecuária Jocelmo Ribeiro Mota, um dos responsáveis pelo trabalho na Embrapa Algodão. Ele informa que o objetivo étecnificar os agricultores familiares com o pacote tecnológico da Embrapa para que eles tenham condições de produzir mamona de qualidade e se mantenham no negócio, comercializando regularmente para empresas e garantindo renda de forma permanente.
A principal compradora de mamona produzida na região é a BioÓleo, sediada em Feira de Santana e que tem a Petrobras Biocombustível como sócia. De acordo com Jocelmo Mota, são 107 mil hectares plantados e uma produção anual de mais de 80 mil toneladas no Território de Identidade de Irecê. O Governo do Estado é outro parceiro do trabalho, por meio da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e do Centro Territorial de Educação Profissional, ligado à Secretaria Estadual de Educação.
mamona 300Novas cultivares
Entre os principais resultados já obtidos com o trabalho de pesquisa na região de Irecê, semiárido baiano, Jocelmo Mota destaca o lançamento de três cultivares de mamona: BRS 188 Paraguaçu, BRS 149 Nordestina e BRS Energia. “Esta é uma região centenária em produção de mamona, mas os produtores cultivavam com pouca tecnologia. Nossas pesquisas desenvolvem variedades mais adaptadas à região, e temos outras cultivares em desenvolvimento”, afirma.
A BRS 188 Paraguaçu é uma cultivar que foi desenvolvida para o cultivo na região semiárida brasileira, mas tem mostrado adaptação a diferentes ecossistemas em que se utilize a colheita manual e com precipitações adequadas ao desenvolvimento da planta. A cultivar alcança 1,5 mil quilos por hectare de sequeiro, se seguidas as recomendações de manejo.
Outra variedade desenvolvida, a BRS 149 Nordestina é uma cultivar que foi obtida por meio de seleção individual, com teste de progênies na variedade Baianita, também cultivada na região de Irecê. Ela possui cachos maiores que a BRS Paraguaçu, mas consegue chegar à mesma produtividade média se seguidas as recomendações de manejo.
Já a BRS Energia, explica Mota, é a mais baixa e mais precoce. Consegue produzir mais rápido, o que possibilita um aproveitamento maior das chuvas. Seu descascamento só pode ser realizado com máquinas já desenvolvidas para a cultivar – o que tem suas vantagens, pois permite a realização de uma única colheita, observa o técnico da Embrapa Algodão. “Por isso, foi desenvolvida visando reduzir o custo com de mão de obra e está sendo bastante utilizada na região pelos agricultores familiares. Esta cultivar permite ser colhida de uma única vez, e chega a produzir 1,8 mil quilos por hectare”, ensina.
Formação em ricinocultura
O grupo técnico que atua na região de Irecê integra as equipes de melhoramento genético e de transferência de tecnologia da Embrapa Algodão, cuja sede fica em Campina Grande, na Paraíba. O escritório do Ceará, sediado em Barbalha, também oferece a agricultores familiares a formação em ricinocultura. O treinamento, explica Jocelmo Mota, engloba gestão da produção, preparo eficiente de solo, escolha das cultivares apropriadas, adubação, tratos culturais, colheita e beneficiamento.
O esforço da Embrapa Algodão está inserido no Programa Cultivar, criado pela Petrobras Biocombustível para aumentar a produtividade e incentivar o cultivo, pela agricultura familiar, de plantas oleaginosas que podem ser usadas para produzir biodiesel, como mamona, girassol, soja e palma de óleo (dendê).
O investimento previsto pela estatal é de US$ 2,3 bilhões até 2018 para manter o crescimento em biocombustíveis, em linha com o mercado doméstico de gasolina e diesel. O objetivo é, até 2030, ter participação de 24% no mercado de biodiesel e de 15% no de etanol, segundo as informações oficiais do site da Petrobras Biocombustível.
Os produtos derivados do biodiesel possuem diversas formas de utilização no dia a dia nas formas de ácido graxo, borra de refino e glicerina. Eles têm aplicação tanto para uso doméstico como nos setores automotivo, industrial, agropecuário, ferroviário, marítimo e de aviação.
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