Mais de 500 famílias agricultoras da zona rural dos municípios de Casa Nova, Juazeiro e Curaçá, no norte baiano, passam a ter melhores condições de atravessar os períodos de estiagem com suas criações de caprinos, ovinos e outros pequenos animais. Dez associações de produtores às quais elas estão vinculadas foram estruturadas pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) com kits compostos por máquinas forrageira e ensiladeira que contribuem para o desenvolvimento das atividades pecuárias na região.
De acordo com o superintendente regional da Codevasf em Juazeiro, Alaôr Grangeon, cerca de 100 desses kits beneficiarão, até o fim deste ano, associações e comunidades que dependem da pequena pecuária extensiva para subsistência. O investimento total é de aproximadamente R$ 1 milhão, recursos da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional (SDR/MI) e do Orçamento Geral da União destinados à Codevasf por emendas parlamentares. Até o momento, 22 kits foram repassados a comunidades rurais do norte baiano. A ação integra o Plano Brasil sem Miséria.
As famílias beneficiadas neste lote vivem e produzem nas localidades de Cachoeirinha, Pinhões, Carnaíba, Salitre (Juazeiro), Patamuté (Curaçá), Entrada e Santa Rita (Casa Nova). A 6ª superintendência regional da Codevasf, sediada em Juazeiro, é responsável por avaliar a necessidade que cada associação tem de receber o equipamento, por meio de reuniões e visitas técnicas, e por acompanhar o processo de entrega.
Segundo o presidente da Associação de Agricultores e Moradores de Entrada e Santa Rita, José Wilson dos Passos, o equipamento chegou em um momento de necessidade. “Nós estamos agora guardando forragem e rações para os animais e estávamos procurando os equipamentos para fazer a trituração e assim poder guardar de forma mais compactada e ir utilizando durante a seca, então a forrageira chegou em um momento muito importante, porque agora vamos fazer a silagem sem dificuldades”, conta. Ainda segundo José Wilson, a entidade tem mais de 100 sócios e o kit não beneficiará apenas sócios, mas toda a comunidade, que é composta por mais de 200 famílias.
Representante da Associação Comunitária dos Lavradores de Recanto, Bebida e Santa Terezinha, Maria Bernadete Santos expõe as dificuldades que enfrentava por não ter o kit forrageiro. “Muitas vezes a matéria-prima estava lá e nós não tínhamos como fabricar a ração para os animais. Agora podemos moer o capim, o milho e o sorgo, que vão ajudar na alimentação dos nossos animais”, revela.
Raimundo Rabelo de Sousa, presidente da Associação dos Pequenos Agropecuaristas da Fazenda Maragogia (APAFM), diz que os produtores da APAFM viviam situação semelhante. “Ao todo somamos cerca de 40 sócios. Sempre temos a mandioca, o milho, a palha e não tínhamos onde triturar os alimentos para dar aos animais, principalmente aos caprinos e ovinos”, afirma.
No distrito de Pinhões, na Associação de Moradores, Criadores e Produtores Rurais de Tanque Novo dos Gomes e Vizinhança, 75 pequenos produtores associados usarão o kit forrageiro. “O recebimento do kit é um ganho relevante para toda a comunidade. Além dos caprinos, ovinos e bovinos, alguns produtores aqui também criam equinos e com a forrageira nós podemos nos preparar melhor para o período de seca”, destaca o presidente, Robson da Costa.
Na avaliação de Rosangela Soares, chefe da Unidade de Arranjos Produtivos da Codevasf, essa é uma ação fundamental para o fortalecimento da atividade. “A Caatinga representa uma importante fonte de alimento para os caprinos e ovinos, sendo a forma mais prática e econômica de se alimentar os animais; no entanto, no período de estiagem e em algumas fases de criação, esses animais apresentam exigências nutricionais diferenciadas e necessitam de suplementação alimentar adequada para a obtenção de bons índices zootécnicos”, explica.
Para receber o kit de máquinas forrageira e ensiladeira os potenciais beneficiários devem atender a critérios estabelecidos para o Plano Brasil sem Miséria, como estarem inscritos no cadastro único de programas sociais do governo federal (CadÚnico) e ter renda per capita familiar mensal de até R$ 77. Além disso, a Codevasf analisa a documentação da entidade e faz visitas e reuniões técnicas para constatar a real necessidade do equipamento.
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