terça-feira, 26 de maio de 2015

“Comunista! Cachorro!”: Jô Soares apanha por negar o Pensamento Único. Por Kiko Nogueira




Postado em 26 mai 2015
jo-soares

Jô Soares é comunista. É também petralha e vendido. Ah, sim: e um cachorro.
A patrulha ideológica sobre o apresentador atingiu níveis inéditos de cafajestagem após uma conversa que teve com Dilma no Planalto.  Danilo Gentili, seu concorrente, admirador até ontem, o comparou a um cão nas redes sociais: “Senta. Deita. Rola. Parabéns! Um biscoitinho pra vc.”
(Esse é o mesmo Gentili que se queixa de perseguição, de censura, de ser vítima da ditadura do politicamente correto e por aí vai. Alguém com um ponto de vista diferente do seu é um animal.)
A transformação de Jô em socialista vagabundo não vem de hoje. Começou com suas críticas à fantasia da bolivarianização do Brasil e continuou com a cacetada que deu na busca do PSDB pelo impeachment (“Parece uma coisa de república de patetas”).
É uma velha tática macartista. Em 1988, Jô, então no SBT, escreveu um artigo no JB sobre o boicote da Globo a comerciais protagonizados por artistas de outras emissoras. Por conta disso, colegas dele eram vetados em propagandas.
Ele conta o que Boni lhe disse quando saiu da emissora: “Já mandei tirar todos os seus comerciais do ar. Chamadas do seu novo show no Scala 2, também, esquece. Estou vendo como te proibir de usar a palavra ‘gordo’”. Boni, na época, era o Boni.
Curiosamente, o texto traz uma comparação que continua atual: “Em 1947, os grandes produtores de Hollywood se reuniram no hotel Waldorf Astoria, em Nova York, e resolveram que artistas com tendências políticas em desacordo com seu ideário não trabalhariam mais em filmes. Surgia a lista negra e a consequente caça às bruxas.”
Ele não perdeu o emprego, mas o desejo dos caçadores é esse. Pusilânimes como Gentili e seus amigos acham que coragem é bater em Dilma e num governo absolutamente pacífico. Qualquer um faz isso, especialmente sabendo que não dá em nada.
Por que DG não faz piadas sobre a peruca do patrão, por exemplo? Ou sobre a derrocada de “Babilônia”? Porque é covarde.
Numa entrevista entrevista recente, Jô comentou a respeito das “acusações” dos inimigos. “Eu tenho uma posição correta para todo jornalista ou quem trata o assunto, que é, exatamente, ser considerado petista pelos não petistas e não petista por alguns petistas”, disse.
“Não tem o menor problema em ser considerado petista, inclusive porque o presidente Lula foi 13 vezes ao meu programa. Não tenho o menor problema com partidos políticos. Tenho amigos que são do PT, e outros que não são. A posição correta é ter opiniões que são coerentes com você. É um absurdo falar em impeachment da presidente Dilma. Não há o menor motivo.”

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Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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