terça-feira, 29 de maio de 2012

Vidas de libaneses muçulmanos


Pesquisadora lança livro com entrevistas de famílias libanesas que imigraram para o Brasil no século 20.

Marcos Carrierimarcos.carrieri@anba.com.br
São Paulo – A professora de História da Ásia da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), Samira Osman, vai lançar, no próximo dia 5, em São Paulo, o livro "Imigração árabe no Brasil: história de vida de libaneses muçulmanos e cristãos". O livro é resultado de entrevistas e pesquisas que ela fez na década de 90 para sua dissertação de mestrado. Agora, as histórias desses imigrantes deixam o centro acadêmico para ser conhecidas por toda a sociedade.

A ideia de estudar os libaneses muçulmanos e cristãos que vieram para o Brasil surgiu ainda na graduação. Osman observou que havia poucos estudos sobre a imigração dos libaneses ao Brasil e menos ainda de libaneses muçulmanos. "O que havia era de imigrantes cristãos. Na pesquisa vi que a história dos muçulmanos era pouco abordada". A partir daí ela desenvolveu o tema para dissertação de mestrado. Para isso, realizou entrevistas com imigrantes tanto muçulmanos como com cristãos e seus descendentes.

Divulgação Divulgação
Livro conta história dos imigrantes
Embora existam registros de muçulmanos libaneses no Brasil desde o começo do século 20, foi a partir da Segunda Guerra Mundial, segundo Osman, que eles vieram para o Brasil em maior quantidade. Alguns dos motivos que os trouxeram para cá foram a condição econômica e política do país e a necessidade dos muçulmanos em viver em conjuntos familiares mais numerosos. "Eles queriam viver juntos e precisavam de espaço para isso, o que não havia no Líbano. Encontraram no Brasil, então, o lugar ideal para viver", diz Osman.

O livro também mostra que os imigrantes libaneses muçulmanos se distribuíram em todas as regiões do País conforme os ciclos econômicos brasileiros. A concentração maior desses imigrantes, no entanto, está em São Paulo.

Nas entrevistas que fez com os imigrantes, Osman também descobriu que as mulheres tiveram uma presença maior na imigração muçulmana do que aquela observada entre os libaneses cristãos. "No caso dos cristãos, o papel da mulher era secundário. Já no caso dos muçulmanos, muitas vezes elas vinham com os homens, trabalhavam e também eram elas as responsáveis por cuidar da estrutura familiar, de manter as tradições culturais e os valores da religião", afirma a pesquisadora.

O trabalho de pesquisa não foi fácil, diz Osman, porque quase não havia documentação sobre estes imigrantes e porque, para elaborar as conclusões da dissertação, ela precisava analisar o conteúdo das entrevistas realizadas com as famílias para, então, criar o documento a partir delas. Por outro lado, o fato de ser descendente de libaneses ajudou a professora nas entrevistas. "Quando eu dizia que meu nome era Samira e que era descendente de árabes, eles ficavam confortáveis em falar comigo", recorda.

O livro poderia ter sido publicado antes, mas pouco depois de concluir a dissertação de mestrado Osman se dedicou à tese de doutorado, que trata do retorno de muitos imigrantes para o Líbano. O doutorado foi concluído em 2007. Os textos e registros disponíveis no exemplar que agora chega às livrarias não seguem o padrão técnico dos trabalhos acadêmicos. “Adaptei para que sejam compreendidos pelo leitor”, diz Osman.

Serviço

Livro: Imigração árabe no Brasil: história de vida de libaneses muçulmanos e cristãos
Editora: Xamã
Páginas: 215
Preço: R$ 32

O livro será lançado em 5 de junho, a partir das 17h, no auditório da Casa de Cultura Japonesa, na Avenida Professor Lineu Prestes, 159, na Universidade de São Paulo. Na ocasião também será lançado o livro "As mil e uma noites mal dormidas", de Murilo Meihy.

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