terça-feira, 28 de agosto de 2012

Os sete países mais vulneráveis às mudanças climáticas


  27 DE AGOSTO DE 2012

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Efeitos das alterações bruscas do clima são sentidos em todo o mundo. Foto: Eskinder Debebe/UN
Novo relatório aponta os locais onde as consequências das mudanças climáticas serão mais severas — e também a relação entre as desigualdades internacionais e a capacidade de lidar com futuros problemas
Sete países de economias diferentes, distribuídos por regiões distintas do globo, mas com um ponto em comum: a vulnerabilidade quando o assunto são as mudanças climáticas. O que os difere, nesse sentido? A capacidade para lidar com o problema. Isso é o que mostra um novo relatório da consultoria britânica de riscoMaplecroft, divulgado na sexta-feira, 24 de agosto, pela Exame.
O relatório destaca que, embora os desastres naturais ocorram em todo o mundo, a todo o tempo, alguns países acabam sofrendo menos com os estragos por conta da capacidade de recuperação. Embora a maior parte do Japão (40% da população) esteja mais susceptível a enfrentar ciclones tropicais do que as Filipinas, por exemplo, se ambos os países sofressem eventos semelhantes, morreriam 17 vezes mais pessoas nas Filipinas que no Japão, segundo estimativas da ONU.
O nível de risco foi calculado por meio de uma série de fatores, incluindo a robustez econômica, a força de governança e a infraestrutura. Conheça o To 7:
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Situação da Índia é agravada por um alto grau de pobreza.
Foto: Getty Images
7) Índia
O segundo país mais populoso do mundo é também um dos mais vulneráveis aos desastres naturais. Quase toda a Índia tem um grau elevado ou extremo de sensibilidade, devido à pressão da população e seu ritmo de crescimento econômico, que gera tensão aguda na demanda por recursos naturais.
Esta situação é agravada por um alto grau de pobreza, sistema de saúde precário e dependência agrícola de grande parte da população. Para não falar da insegurança energética – grande consumidor de combustíveis fósseis baratos, como carvão, que contribuem fortemente para as altas emissões, a Índia enfrentou um apagão histórico em agosto, que deixou mais da metade do país no escuro. Uma catástrofe natural de grandes proporções pode afetar profundamente a economia indiana.
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A rápida urbanização agrava o problema nas Filipinas.
Foto: Getty Images
6) Filipinas
As Filipinas são um país especialmente suscetível ao aquecimento global, com consequências que refletem direto na economia e na segurança alimentar do país. A consultoria destaca alguns fatores que têm contribuído para a maior incidência de desastres, como níveis de precipitação alta, a rápida urbanização e o desmatamento ilegal, que expõem o solo à degradação.
Eventos climáticos extremos afetam uma de suas principais atividades agrícolas, o cultivo de arroz, grão também onipresente na dieta da população local. Segundo o Banco de Desenvolvimento Asiático, se não forem tomadas medidas para adaptar o país aos efeitos das mudanças climáticas, a produção de arroz do país pode cair até 70% até 2020. O problema é que o país é relativamente fraco na hora de se preparar para responder às emergências.
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Exposição aos furacões é uma constante no México.
Foto: Wikimedia Commons
5) México
A exposição aos furacões é uma constante no México, principalmente nos litorais do país com o Atlântico e o Pacífico. A cada ano, o aumento da frequência de perdas econômicas causadas por esses fenômenos vem afetando profundamente a produção agrícola.
Há mais de duas décadas sem receber ajuda relevante do governo, o setor agrícola carece de investimento em diversos fatores de produção, de maquinaria à logística.
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Taiwan sofre com terremotos e tufões. Foto: Getty Images
4) Taiwan
Terremotos e tufões são os dois principais riscos naturais em Taiwan. Na segunda semana de agosto, o governo determinou a retirada de 3.000 pessoas e mobilizou centenas de soldados ante a aproximação do tufão Tembin, que ameaça a ilha com fortes ventos e chuvas torrenciais. A exposição do país a fortes ciclones tropicais foi demonstrada pelo tufão Morakot, em agosto de 2009.
O impacto econômico da tempestade foi limitado porque a maioria dos danos se concentraram nos setores da agricultura e do turismo, que compreendem uma porção relativamente pequena de produção global da economia do país. Mas, segundo o relatório da Maplecroft, o custo e as implicações do tufão Morakot teriam sido substancialmente maiores se as tempestades atingissem áreas chaves de produção, como os centros industriais.
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Boa parte da produção econômica chinesa se concentra ao longo da zona costeira, área exposta a terremotos. Foto: Getty Images

3) China
Dada a escala da economia, um evento extremo apresenta riscos significativos que vão além das fronteiras do país. O relatório da Maplecroft destaca que boa parte da produção econômica se concentra ao longo da zona costeira no Leste da China, em particular em torno do Mar Amarelo, área exposta a terremotos.
O perigo no gigante asiático mora próximo de seus rios, incluindo o Yangtsé, o maior do país. Em dias de fortes chuvas, eles transbordam, inundam as cidades e estragam plantações. A classificação da China entre os países sob “risco extremo” reflete a exposição econômica chinesa a este e outros desastres naturais.
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Os incêndios devastadores, como o que atingiu o Colorado em junho, tornam-se cada vez mais constantes nos EUA. Foto: Getty Images

2) Estados Unidos
Classificado pelo relatório como país de “risco extremo”, os Estados Unidos ocupam a segunda posição no ranking de maior exposição aos desastres naturais. A temporada de furacão norte-americana de 2011 foi uma das mais intensas da história dos EUA, com mais de 1.100 tornados registrados.
Os incêndios devastadores, como o que atingiu o Colorado em junho, são outra constante na região, e também a seca, que chegou a níveis recordes em 2012, afetando o preço dos grãos em todo o mundo. Mas, segundo o relatório, esses eventos extremos são contrabalanceados por um sistema eficaz de infraestrutura do governo e boa resiliência socioeconômica, ou seja – o país é capaz de recuperar bem dos danos e perdas causadas pelas tempestades severas e tornados.
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Em números gerais, o tsunami no Japão foi o evento sísmico global mais caro da história. Foto: Getty Images

1) Japão
A exposição da economia japonesa aos perigos naturais é avaliada como de “risco extremo” pela Maplecroft. Por ser a terceira maior economia do mundo, um desastre de grande magnitude, como o tsunami que atingiu o país em março de 2011, causa impactos financeiros que podem ser sentidos mundialmente.
Os danos na usina nuclear de Fukushima afetaram o fornecimento de energia para a região, mas também a produção industrial. Em números gerais, o tsunami no Japão foi o evento sísmico global mais caro da história, com custo estimado em 210 bilhões de dólares.
No entanto, ressalta a Maplecroft, o país tem resiliência exemplar e os esforços de construção e reconstrução garantem a retomada do crescimento econômico.
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