sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Bolsa Família: beneficiário escolhe em que gastar


BOLSA FAMÍLIA 12 ANOS

A garçonete Cátia Silva geralmente compra alimentos com o complemento da renda, que já ajudou a comprar um skate para o filho
Publicado23/10/2015 18h00,
Foto: Ubirajara Machado/MDS
Mãe de três filhos, Cátia Rejane de Sousa Silva, 38 anos, tem uma rotina pesada: acorda às cinco da manhã para cuidar da casa antes de pegar o ônibus do Recanto das Emas para deixar o filho caçula na escola e seguir para o trabalho, no Plano Piloto, em Brasília. Os outros dois filhos seguem para a escola um pouco mais tarde. 
Cátia é garçonete e tem carteira assinada há um ano e meio. Foi promovida, depois de trabalhar como auxiliar de limpeza. Ela já foi catadora e vítima de violência doméstica.  É beneficiária do Bolsa Família há dois anos e recebe R$ 182. Ela saca o dinheiro assim que o pagamento é liberado e organiza os gastos: 
 “No dia em que eu pego o dinheiro, compro o que estamos precisando com mais urgência, mas sempre com o limite de R$ 50. O restante fica guardado para as necessidades que forem surgindo até eu receber meu salário do mês seguinte.” 
Com o pagamento de outubro, sacado no último dia 20, Cátia comprou verduras e carne. Considerando a experiência dos meses anteriores, ela prevê que os R$ 132 restantes serão utilizados para compra de material escolar, remédio e, eventualmente, até algum mimo para os filhos. “Quando eu compro um presente para um deles em um mês, já me programo para agradar os outros nos meses seguintes. Divido o benefício sempre por igual para todos”, garante. 
Em setembro, mês de aniversário do filho do meio, a garçonete conseguiu realizar um dos grandes sonhos do menino: ter um skate. Samuel comemora: “esse era o brinquedo que eu mais queria. Eu sempre quis ter um skate, e agora eu ganhei da minha mãe”. 
Mas não foi só com dinheiro que o Bolsa Família ajudou Cátia e os filhos. “O compromisso de levá-los ao posto de saúde a cada seis meses me fez acompanhar melhor as datas de vacinação com mais atenção, observar o peso, a curva de crescimento deles e até a agir preventivamente no caso de alguma doença que estava para chegar”, conta. 
Como foi promovida a garçonete recentemente, a renda aumentou e Cátia deve deixar o programa em breve. “O Bolsa faz muita diferença pra mim. Mas eu entendo que se melhorar, tenho que sair. E espero que o programa continue ajudando muita gente, como eu e meus filhos”, afirma. 
Há dois anos, quando começou a receber o benefício do Bolsa Família, Cátia e os filhos dormiam na única cama da casa. “Foi com o primeiro pagamento que recebi que pude comprar uma cama triliche e os colchões para eles. Tudo parcelado, pagando R$ 50 por mês, para não fugir do planejado.” 
Baixo custo, grande resultado - Para a socióloga Amélia Cohn, a liberdade para gastar o dinheiro transferido pelo Bolsa Família é uma característica importante do programa que ajudou a formular. 
 “É um programa barato e de enorme impacto social. Além do impacto econômico dinamizando a economia local das regiões mais pobres do país, ele tem um impacto fundamental do ponto de vista social: possibilitar que os pobres e seus filhos tenham acesso ao mínimo de recursos para adquirir alimentos e bens, como roupas e eletrodomésticos para processar o alimento, e que, no mais das vezes, nunca tinham antes tido acesso”, explica Amélia. 
“Também acessam bens de consumo que resgatem a dignidade e o autorrespeito dos cidadãos até então excluídos da convivência social.” 
A socióloga acredita que não se pode condenar um pai ou mãe de família que, com o benefício, queiram adquirir uma dentadura para poder participar das reuniões dos pais na escola sem “sentir vergonha” ou, depois de anos, uma mulher poder comprar um batom após realizar todas as compras necessárias para seus filhos. “Quem condena isso são pessoas que nunca passaram fome e se vestem com roupas caras, consumindo o que pensam ser do bom e do melhor”, destaca Amélia Cohn. 
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, também defende o direito de escolha dos beneficiários do Bolsa Família sobre como irão utilizar o dinheiro. “Por que temos que tutelar as escolhas dos beneficiários do Bolsa Família? Escolher como gastar o próprio dinheiro é um direito individual. E uma das grandes qualidades do programa é o fato de não haver tutela sobre o uso desses valores”, defende Tereza. 
Impacto econômico - Essa liberdade de utilizar o dinheiro de acordo com a necessidade e vontade, impacta diretamente na economia. Recente pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que a cada R$ 1 real pago pelo Bolsa Família, R$ 1,78 retornam para a economia. 
Em Governador Valadares (MG), os recursos transferidos atualmente pelo programa Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) representam mais que o dobro dos recursos injetados diretamente na economia do município, via fundo de participação municipal. 
A afirmação é do secretário municipal de Assistência Social, Jaime Luiz Rodrigues Júnior. Segundo ele, com o cartão de saque do benefício, as pessoas tem autonomia nos gastos com os recursos e destinam a maior parte do dinheiro a compras no comércio local. 
“Mais de 90% dos gastos com o Bolsa Família no município estão direcionados para o comércio varejista, o que movimenta a economia e garante a manutenção dos empregos de quem trabalha no mercado varejista. É importante destacar esse caráter virtuoso que o programa tem de movimentar a economia, gerar mais tributos e garantir emprego”, observa o secretário.
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