sábado, 24 de outubro de 2015

Termina domingo a Feira Nacional da Reforma Agrária: Alimentos sem agrotóxicos e comidas típicas de todo o Brasil


publicado em 24 de outubro de 2015 às 15:33
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Alguns flagrantes da 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária Todas as fotos estão no Flickr do MST. Elas são de Joka Madruga
da Redação
Termina neste domingo, 25, a 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária, no Parque da Água Branca, em São Paulo.
Promovida pelo MST, o evento reuniu desde o dia 22 mais de 800 agricultoras(es) de 23 estados e o Distrito Federal.
Além de mais 200 toneladas de alimentos saudáveis a preços populares, a Feira tem uma praça de alimentação com comidas típicas de todo o país.
A programação deste domingo:
Manhã
Intervenções Culturais Infantis (shows e brincadeiras)
Seminário (Auditório Paulinho Nogueira): Conjuntura Educacional Brasileira e Educação do Campo (10h às 12hs)
Seminário (Auditório Instituto Pesca): As conquistas do SUS e os atuais desafios (9h às 11hs)
Baquetá – show e brincadeiras infantis (10h)
Show Ilú Obá de Mim (12h)
Tarde
Cantadores, violeiros e manifestações culturais
Show Zé Geraldo (16h30)
Ato Político de Encerramento
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Do arroz ao tucupi: a diversidade do campo brasileiro
Fortalecendo a relação entre  produção camponesa e centros urbanos, a 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária traz mais de 200 toneladas de alimentos orgânicos para capital paulista.
23/10/2015
Fortalecendo a relação entre campo e cidade, a 1º Feira Nacional da Reforma Agrária traz  mais de 200 toneladas de alimentos orgânicos que, conhecidos ou não, trazem em seu DNA um jeito próprio de produzir: a preocupação com o meio ambiente e a saúde, ao excluir os agrotóxicos do cultivo.
Além disso, a atividade, que vai até domingo (25), proporciona um intercâmbio cultural entre as várias regiões do país, através exposição e venda de artesanatos, produtos fitoterápicos e comidas típicas.Arroz, feijão, tomate, cebola e mandioca são livremente comercializados na maioria dos mercados brasileiros, mas a produção orgânica destes produtos ainda é raridade ou encontradas a preços não acessíveis para a maior parte da população brasileira. Já caldo de tucupi, compota de cajuí, geleia de tamarindo, licor de jenipapo, óleo de sucupira e cacau bruto ficam fora do cardápio da maioria dos brasileiros e não são produtos facilmente encontrados nos centros comerciais das grandes cidades.
O agricultor Antonio Marcos de Jesus Silva, do assentamento Ernesto Che Guevara, em Wenceslau Guimarães, na Bahia, distante 127 quilômetros de Salvador, trouxe cacau para a feira. “Hoje, tirando o cacau como está da feira, as pessoas podem usá-lo para fazer uma polpa”, disse, lembrando do bom sabor do suco que é produzido com a fruta. Embora seja um processo mais demorado, Antonio explica que ainda é possível fazer em casa, a partir da semente do cacau, o chocolate.
Muito conhecido na culinária sertaneja e usado como tempero para o arroz, saladas, entre outros pratos, o pequi também está na lista das mais de 800 variedades de produtos das áreas de assentamentos de todo o país que estão disponíveis na capital paulista. “Geralmente é difícil a gente achar conserva de pequi, porque tem os tempos certos dele”, explica Maria das Dores, do Assentamento Darci Ribeiro, em Minas Gerais.
A procura pelo produto foi o que motivou a visita da professora de Engenharia Agrícola, Valquíria, à feira. “Vim aqui pegar pequi, que eu não tenho acesso em São Paulo, e sou louca por ele, inclusive por mudas. Acabei ganhando até as sementes para fazer umas mudas. Comprei café do sul de Minas, que não tem como [não comprar], e doce de leite. A gente está vendo essa miscigenação de todo o Brasil aqui em São Paulo. Acho que é um privilégio”, disse.
Além do pequi, Maria, que integra a Cooperativa Camponesa Veredas da Terra, trouxe a geleia de tamarindo, o licor de jenipapo, o óleo de sucupira e a compota de cajuí, cuja planta é muito empregada na medicina popular para curar diarreias e inflamação de garganta.
Oriundo da mandioca, o caldo de tucupi é uma das comidas típicas do Pará trazida pelo Assentamento Palmares, no município de Parauapebas. Usado como tempero para o arroz, galinha cozida, tacacá, entre outros pratos, o caldo também é pouco conhecido em São Paulo.
Norte
“É um alimento orgânico e não tem nenhum outro derivado dele”, destaca Fabíola Pereira da Silva, que integra o Coletivo de Mulheres do Assentamento Palmares. “Além do tucupi temos a farinha da mandioca, tem a tapioca que é própria pra comer com açaí, a farinha branca que muita gente gosta de comer com mingal e a farinha torrada de tapioca que faz bolo”, destaca a agricultora.
Todos os produtos da cooperativa, diz ela, tem uma atenção com a segurança alimentar. “Lá a gente tem a fiscalização de todos os nossos produtos. Nós tentamos sempre ter a melhor qualidade para não prejudicar a nossa saúde”, comenta. “Estamos ansiosos com a feira. É muita experiência com tanta gente, tanta cultura, e a nossa cozinha está sendo muito procurada por ser da região do Pará”, comemora.
Reciclagem
Muito praticado nos assentamentos, os artesanatos de várias regiões do país também estão presentes na feira. Entre eles, os das mulheres do Assentamento Menino Jesus, em Água Fria, no Recôncavo Baiano, que reciclam diversos materiais que antes iam para o lixo.
“Antes, no assentamento, não tínhamos muito material reciclável, porque até então a gente trabalhava com esta questão da produção e pensava mais em aproveitar o que dava pra fazer adubo. Depois vimos que era necessário que estes materiais fossem produzidos para fazer arte”, conta Edcleia Bispo Miranda. Garrafas decoradas com jornais, esculturas com coco, e bolsas de caixa de leite são alguns dos produtos trazidos do nordeste do país pelo grupo de Edcleia que, no trabalho com agroecologia, também realiza atividades em escolas.

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