Quando veja as notícias
mostrando os alagamentos, os barrancos caindo sobre as casas, o lixo nos
valões, onde antes era um pequeno riacho, fico imaginando a irresponsabilidade
de todos nós.
A realidade é muito
ruim. Os primeiros que sofrem são os que moram na periferia, aqueles que estão
no final da fila social, mais próximos da linha miséria. O estardalhaço do
noticiário vai até uma mulher chorar pela perda de tudo (quase nada) que conseguiu
acumular. Depois outras desgraças vão ocupar o espaço.
Mas temo de lembrar que
os problemas urbanos do Espírito Santo são decorrentes de políticas que
fantasiavam a cidade como o paraíso. O êxodo para as cidades continua. Mas a
realidade do interior, dura e sofrida para quem não tem um pedaço de terra ou
um emprego fixo, faz o indivíduo enxergar na cidade o paraíso.
Vamos nos apiedar um
pouco, até uns minutos depois de assistirmos o noticiário ou ler uma página de
jornal. Depois, tudo volta ao normal. Os anúncios de novas empresas na cidade,
a promessa de milhares de empregos, fazem o fluxo migratório aumentar. Os que
possuem escolaridade podem até sonhar, mas milhares e milhares certamente
correm o risco de serem notícia do jornal e na TV.
A desgraça de hoje é
fruto de ações de anos e anos de inconseqüência política de todos nós. O problema
que agora o aglomerado urbano é maior do que era na década de 70. Agora a
desgraça por via de conseqüência afeta a todos.
Quando erradicaram os cafezais
e milhares de capixaba deixaram o campo, indo para Rondônia ou para os
aglomerados urbanos, criaram o sistema de incentivos fiscais via importação. As
pessoas que serviram de escudo para a criação do Fundap, foram embora.
É preciso estabelecer
novas regras na sociedade, mas com todos participando. É preciso esquecer os
erros, desde que os novos passos sejam dados em conjunto, por todos. DESGRAÇA
DE HOJE, NOSSA OMISSÃO ONTEM.
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