segunda-feira, 13 de agosto de 2012

BRASIL QUER SEDIAR FESTA DE 50 ANO DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO CAFÉ





- Nesta semana, destacamos o convite brasileiro para sediar o cinquentenário da OIC, o posicionamento do CNC na Associação 4C, a nova estimativa de safra do IBGE, o aniversário da Coopinhal e as estatísticas sobre a produção do Vietnã.
No mercado, com baixa atividade na semana, café cai. Indústrias permanecem pouco ativas na compra, reduzindo seus estoques de trabalho.

CINQUENTENÁRIO DA OIC — A Organização Internacional do Café (OIC) celebrará os cinquenta anos de sua fundação em 2013. Trata-se de um evento de grande magnitude e importância aos 77 países-membros da instituição e que compreenderá a realização de seminários e reuniões do Conselho Internacional do Café e órgãos subsidiários do organismo, cuja diretoria executiva é ocupada pelo brasileiro Robério Silva.
Ciente da posição do Brasil no mundo do café, ocupando a liderança dosrankings de produção e exportação e o segundo lugar no consumo da bebida, e, em especial, o papel destacado de Minas Gerais neste cenário, sendo responsável por metade da produção nacional, o secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Elmiro Nascimento, após contatos com o as Comissões do Café da FAEMG e da CNA e com o Conselho Nacional do Café, entregou ao ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, pessoalmente, sugestão do governador Antonio Anastasia para que o Brasil, em especial o Estado de Minas Gerais, seja o anfitrião do cinquentenário da entidade máxima da cafeicultura, sediando as comemorações, reuniões e seminários previstos.
A sugestão do governador mineiro é que o convite seja feito ao longo da 109ª Sessão do Conselho da OIC, que será realizada em Londres, no período de 24 a 28 de setembro de 2012, e que definirá a programação oficial da celebração dos cinquenta anos da Organização. Para tanto, antecipadamente, Anastasia disponibiliza a estrutura estadual para a realização e o copatrocínio dos eventos em questão e coloca sua equipe à disposição do Governo Federal para tratar da matéria e dar início à programação de reuniões e eventos, caso se decida por sediá-los em Minas Gerais.
O CNC apoia e parabeniza o Governo de Minas Gerais por esta atitude, a qual, certamente, trará grande visibilidade para o Brasil, colocando o País em evidência internacional e transformando esta em uma oportunidade ímpar para que as demais nações cafeeiras, sejam produtoras ou importadoras, conheçam nosso parque cafeeiro e entendam que o Brasil está na vanguarda do setor por investir em pesquisas, tecnologia e, principalmente, na sustentabilidade ambiental, econômica e social das pessoas envolvidas com o café.
ASSOCIAÇÃO 4C — A Associação do Código Comum para a Comunidade Cafeeira (4C), que visa proporcionar melhores práticas para a produção de café no mundo, criou recentemente uma “Força Tarefa”, um grupo composto por exportadores, indústrias e cooperativas para estudar modificações nas regras do código atual. O primeiro encontro foi realizado no dia 2 de agosto, em São Paulo (SP). A iniciativa tem por objetivo proporcionar o aumento da oferta de cafés com a verificação 4C, devido à crescente demanda das grandes indústrias de café por grãos que tenham a chancela do Código. Uma das razões para o aumento da demanda emerge da preocupação crescente nos mercados consumidores sobre a forma como são originados os produtos primários, principalmente em relação às questões de sustentabilidade social, ambiental e, em menor escala, econômica.
As indústrias encontram no 4C uma resposta a estas questões, obtendo menores custos do que teriam se tentassem fazer estas verificações por sua conta. Por outro lado, os produtores tentam se adaptar a estas demandas, mas, com a frustração dos fatores econômicos, não conseguem o devido valor por seu café. Ou seja, são cobrados por melhores práticas de produção, porém não conseguem se valer de melhores remunerações.
Entre os principais pontos de discussão está a existência de registros múltiplos em diferentes Unidades 4C. A solução poderá vir através de maior controle da Associação 4C, com utilização de softwares que identifiquem esta situação, o que beneficiará as Unidades produtoras, as quais reduzirão seus custos de verificação.
Contudo, o ponto de maior polêmica está na solicitação das indústrias para que produtores de uma Unidade 4C possam comercializar os seus cafés que passaram pela verificação do Código para outros agentes. Com isso, a Unidade 4C, que arcou com todos os custos da verificação, não teria necessariamente estes cafés comercializados por seu intermédio. A Unidade 4C só teria custos e abriria mão das receitas de comercialização. A proposta encontrou óbvia resistência das unidades produtoras, nas quais constam cooperativas associadas ao CNC, já que a implantação desta medida, em última instância, iria servir de estímulo para o fim destas unidades, proporcionando efeito contrário ao desejado, que é a redução da oferta de cafés com a verificação 4C.
NOVA ESTIMATIVA DO IBGE —Nesta quinta-feira (09/08), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base em apuração realizada no mês de julho, revisou sua estimativa à safra 2012/13 de café no Brasil para 50,6 milhões de sacas de 60 kg, sendo 38 milhões referentes à variedade arábica e 12,6 milhões à conilon. Esse volume confirma que o Brasil colherá uma safra recorde, porém não uma supersafra, como agentes internacionais de mercado especulam desde o fim de 2011. Considerando as demandas interna e externa, reiteramos nosso ponto de vista de que a produção do ciclo 2012/13, aliada aos reduzidos estoques existentes, será suficiente apenas para honrar os compromissos com consumo e exportações, não gerando excedentes e diminuindo ainda mais o volume de café armazenado no Brasil e no mundo.
PARABÉNS COOPINHAL —Fundada em 9 de agosto de 1959, com matriz em Espírito do Pinhal (SP), a Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Pinhal (Coopinhal), associada ao CNC, celebrou seus 53 anos na última quinta-feira, sendo este motivo de muito orgulho para todos nós do Conselho. Embasada no compromisso de prestar serviços de interesse a seus cooperados, estabelecendo relação entre produção e consumo, a Cooperativa, no que diz respeito ao café, conta com grande estrutura para armazenagem, maquinário apropriado para o benefício, rebenefício, catação e ventilação, que se fazem necessários para a posterior comercialização nos mercados nacional e internacional. Além dos trabalhos realizados para outros setores da agropecuária, a Coopinhal eleva a um status de excelência seus serviços para o café e se faz vital para a existência de uma cafeicultura sustentável no Estado de São Paulo e no Brasil. Em nome do Conselho Diretor do CNC, torno públicas as congratulações para a Cooperativa.
FATOR VIETNàNas últimas duas semanas, o noticiário cafeeiro foi invadido por informações sobre o Vietnã. Dentre os destaques, chamou-nos a atenção a que o país asiático - maior produtor mundial de conilon - pretende expandir sua área com café arábica e dobrar a produção desta variedade para 1,6 milhão de sacas até 2020. Se o volume em si não diz muita coisa em termos globais, o que salta aos olhos é a intenção do governo vietnamita em ingressar no mercado de cafés com maior qualidade.
Entretanto, as notícias mais recentes reportam que o país enfrenta dificuldades para expandir a área plantada com arábica em larga escala devido a condições naturais desfavoráveis, conforme destacou a Associação de Café e Cacau local. "O Vietnã tem tentado cultivar arábica em sete províncias nos últimos anos, mas quase 60% dos pés morreram devido a doenças", corroborou Nguyen Ngoc Tri, chefe do departamento de cultivo do Ministério da Agricultura, em comunicado.
Além disso, a produção vietnamita de café poderá cair 10% na safra 2012/13, conforme pesquisa da Bloomberg realizada com traders, produtores e exportadores. A explicação dada é que ramos velhos foram podados após uma safra recorde, resultando em menos frutos. Dessa forma, os consultados estimam a produção do país asiático em 21,7 milhões de sacas no próximo ciclo ante as 24,2 milhões de sacas em 2011/12.
Esta perspectiva de safra menor reforça projeções de que o fornecimento de robusta possa ser limitado no próximo ano para atender à crescente demanda pelo produto. Segundo a CoffeeNetwork, uma unidade da FCStone, a produção mundial da variedade deverá exceder a demanda em apenas 500 mil sacas na próxima temporada, haja vista o crescimento de 5,5 milhões de sacas (estimativa do fundo Holland Capital LLP) ocorrido na safra 2011/12.
ANÁLISE DE MERCADO — O mercado de café assiste a uma “queda de braço”. Com o avanço da colheita no Brasil e as perspectivas de tempo mais firme neste mês de agosto, as indústrias permaneceram pouco ativas na ponta compradora, à espera de uma pressão vendedora que não ocorreu por parte dos produtores.
O mercado chegou a trabalhar na mínima de US$ 1,6420 no contrato setembro da Bolsa de Nova York, registrando perdas de 960 pontos em relação ao fechamento da semana anterior. Entretanto, ao contrário da expectativa de vários operadores de mercado, a mínima atingida não provocou insegurança nos produtores ao ponto de os levarem a disparar mais vendas. Sem encontrar oferta nas mínimas, o mercado reagiu e fechou a US$ 1,6625, reduzindo a queda acumulada na semana para 4,34% (755 pontos). A reação do mercado nesta sexta-feira mostra a resistência dos produtores em comercializar os cafés nas bases atuais, até porque, em sua maioria, eles já dispõem de recursos para terminar a colheita.
Enquanto as indústrias apostam na falta de recursos e pressão de oferta à medida que a colheita avança, os produtores apostam que as indústrias logo irão necessitar fazer uma grande recomposição em seus estoques, atualmente em níveis muito baixos. Até o final de agosto, é possível que o mercado continue em ritmo lento, com pouca atividade compradora. Mas se os produtores mantiverem a postura que vem sendo observada — de aguardar melhores condições de venda —, acreditamos que, já em setembro, possamos assistir a um mercado com maior volume de aquisições e, a partir daí, os produtores passarem a aproveitar melhores preços para ofertarem, de forma ordenada, o remanescente da safra.

Atenciosamente,

Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC


Nenhum comentário:

Postar um comentário