Aparência
atraente, sabor e aroma agradáveis são atributos já conhecidos da framboesa.
No entanto, nos últimos anos, produtores, pesquisadores e consumidores
aumentaram o interesse pelo fruto por apresentar ampla quantidade de efeitos
biológicos como capacidade antioxidante, anti-inflamatória, anticancerígena e
cardioprotetora. No entanto, o Brasil ainda não tem destaque como produtor
mundial de framboesas e, de acordo com o IBGE, cultiva uma área de apenas 40
ha, que resultam em uma produção anual de 240 toneladas, o que representa
apenas 0,5% da produção mundial. “Um dos principais entraves à produção
brasileira está relacionado com suas características pós-colheita”, comenta a
engenheira agrônoma Jaqueline Visioni Tezotto.
No
programa de Pós-graduação em Fitotecnia, da Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), Jaqueline avaliou o efeito da aplicação de
técnicas pós-colheita na conservação da qualidade da framboesa in
natura. De acordo com o estudo, a framboesa apresenta alta taxa
metabólica, rápido escurecimento, perda de firmeza e incidência de podridão.
Na prática, apenas 48 horas após a colheita o fruto começa a perder a
qualidade comercial. “Isso restringe a comercialização in natura e
mantém a demanda maior do que a oferta”, reforça Jaqueline.
Com
orientação de Ricardo Alfredo Kluge, professor do Departamento de Ciências
Biológicas (LCB), a pesquisadora estudou o armazenamento refrigerado, o uso
de atmosfera modificada durante o armazenamento, a aplicação pós-colheita do
1-metilciclopropeno (1-MCP) e a aplicação pré e pós-colheita de quitosana. O
projeto foi realizado no Laboratório de Fisiologia e Bioquímica Pós-Colheita,
com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e,
segundo a autora do trabalho, todos os métodos de conservação pós-colheita
testados trazem resultados positivos quanto à manutenção da qualidade da
framboesa, embora nem todos ampliam significativamente o período de vida útil
desse fruto. “Não há dúvidas quanto à necessidade de uso do armazenamento
refrigerado em framboesas, sendo a temperatura 0ºC a mais indicada. O uso
atmosfera modificada passiva, aliada à refrigeração, amplia o período de
comercialização das framboesas, sendo o filme polietileno de baixa densidade
(PEBD) o mais indicado”.
Além
disso, ficou constatado que a aplicação do 1-MCP aliada à refrigeração não
aumenta a vida útil da framboesa, mas melhora a qualidade do fruto durante o
período de armazenamento. “Observamos ainda que o uso da quitosana associado
à refrigeração é eficiente na manutenção da qualidade da framboesa, no
entanto, apenas a aplicação na pós-colheita amplia o período de
comercialização. A melhor concentração para a pré e pós-colheita são 2 e 1 %,
respectivamente”, aponta Jaqueline.
A
pesquisadora espera que resultados como estes possam ser repassados ao setor
produtivo, resultando em melhoria na qualidade do fruto, que poderá chegar o
consumidor com preço mais baixo. “Para os produtores, ampliar o período de
vida útil da framboesa, mantendo sua qualidade, possibilitará que pequenos e
médios produtores passem a cultivá-la e obtenham o rápido retorno econômico,
dado seu alto valor agregado. A população terá um fruto de excelente
qualidade sendo ofertado a menores preços”, conclui.
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