Publicado dia 25/05/2015
Produtores, pesquisadores e representantes de cooperativas e empresas de laticínios debateram acerca das dificuldades que a atividade vem enfrentando nos últimos anos, durante o 2º Seminário da Cadeia Produtiva do Leite, na sede comunitária do assentamento Ceres, em Jóia (RS), no município do Noroeste do Rio Grande do Sul.
A pecuária leiteira é a principal linha de atuação dos agricultores de Jóia, pois das 1.780 propriedades rurais, 750 se dedicam à produção e comercialização de leite. Destes, 97,8% são unidades familiares. O volume produzido chega a 28 milhões de litros por ano.
O assistente técnico estadual da Emater/RS, Jaime Eduardo Ries, apresentou a situação em nível nacional e estadual, destacando a necessidade de se rediscutir os próximos passos. “O Brasil é um dos maiores produtores de leite do mundo, mas quase não exportamos o produto, o que diferencia essa cadeia. Somos os primeiros produtores de suco de laranja e de café e, consequentemente, os maiores exportadores também. Já com o leite, isso não ocorre”.
De acordo com Ries, o consumo interno dos brasileiros não absorve mais a produção, seja in natura ou de derivados. “Aumentamos consideravelmente a bacia leiteira e agora não temos mais para quem vender, pois não há perspectiva em curto prazo de aumentar o consumo no país. Então, freamos a produção ou passamos a exportar”, afirmou.
Em seus gráficos, o extensionista mostrou que entre 2005 e 2012, a comercialização no Estado se manteve em curva crescente. Porém, a crise financeira mundial, entre outros motivos, refletiu diretamente na queda das vendas e, a partir de 2013, as empresas de laticínios passaram a reduzir a compra dos produtores.
Ansiedade
A cadeia produtiva movimentou R$ 25,5 milhões em 2014 em Jóia. Contudo, aproximadamente 15% das famílias abandonaram (ou reduziram) a atividade.
Entre as principais dificuldades apontadas pela Emater local estão: a falta de mão-de-obra e a consequente evasão do jovem do campo, dificuldades de acesso a créditos, condições das estradas para a coleta, restrição no fornecimento de energia elétrica, desinteresse das indústrias em adquirir o produto, escala de produção reduzida e deficiência na qualidade do leite.
O produtor Jorge Padilha, do assentamento Simon Bolívar, representou os assentados e falou sobre a preocupação das famílias. “Temos que ter esse debate para nos trazerem uma visão do que está acontecendo, porque já não sabemos o que fazer. Precisamos nos reorganizar”, argumentou.
Padilha contou que hoje o produtor recebe das indústrias de laticínio em torno de R$ 0,81 o litro do leite, mas que, há dois anos, o preço atingia os R$ 1,02 por litro. “As empresas grandes incentivaram a produção e, então, como agora está sobrando leite?”, indaga ele. Em sua opinião, também é preciso estimular a concorrência na comercialização, incentivando a criação de pequenas agroindústrias.
O assentado produz, em média, 200 litros de leite por dia e vende a indústrias da região, que buscam o produto a cada dois dias no lote da família. Atualmente, Padilha tem um plantel de 11 vacas (da raça Jersey), todas em período de produção.
O 2º Seminário - que ocorreu no dia 20 de maio reuniu cerca de 100 pessoas participaram -, foi promovido pela Emater/RS, contratada pela Superintendência Regional do Incra no Rio Grande do Sul para prestar assistência técnica às famílias dos oito assentamentos instalados no município de Jóia.
Os participantes também tiveram palestras com o gerente comercial de um laticínio e com o presidente de uma cooperativa de agricultores familiares, que abordaram exemplos da indústria e das organizações de produtores. Estiveram presentes, ainda, representantes do poder público municipal, da Embrapa e de universidades da região.
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