sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Em vídeo, a crise hídrica paulista e o silêncio dos jornais


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Primeira edição de “Conversa Paralela” apresenta Camila Pavanelli, a psicanalista que desvendou, sozinha, a estranha resposta do governo Alckmin para a seca e a cumplicidade da mídia
A série de iniciativas de mídia independente no terreno da produção de vídeos cresceu. Conversa Paralela é um coletivo aberto de jornalistas, professores universitários e ativistas culturais que produz um programa de entrevista de mesmo nome a ser divulgado na internet. O programa tem cerca de 50 minutos, abrange temas nacionais e internacionais, e busca, por meio do diálogo entre três entrevistadores e um entrevistado, jogar luz sobre temas de relativa complexidade para um público amplo e variado.
A ideia é ampliar o escopo e o ponto de vista dos questionamentos, por meio da participação de diferentes jornalistas a cada edição, e ampliar também a pauta, abordando temas e entrevistados nem sempre contemplados devidamente pela imprensa corporativa. Outro objetivo do programa é ser um instrumento de discussão e de ação na luta pela democratização dos meios de comunicação no Brasil.
Em sua primeira edição, o Conversa Paralela aborda a crise hídrica em São Paulo, uma pauta ao mesmo tempo ambiental, social, e política que foi apresentada em meio a uma grande campanha do governo estadual em negar a gravidade da crise. A entrevistada, a psicanalista blogueira Camila Pavanelli, organizou durante nove meses o blog Boletim da Falta d´água em São Paulo no qual, baseada no noticiário cotidiano, levantou pontos importantes da crise e destacou os desencontros da cobertura pela grande imprensa e a blindagem ao governo Alckmin em relação à sua responsabilidade pela crise, que está longe de terminar.
Camila, que não é jornalista, sentiu necessidade de organizar o blog quando percebeu que havia dois tipos de notícias nos jornais: a falta de água nas cidades, casas, e escolas, e notícias em que o governador dizia que estava tudo sob controle. “Isso tudo nos mesmos jornais, e as notícias não dialogavam. Ninguém vai ligar esses pontos? Foi com isso em mente que comecei a fazer a compilação de notícias”, diz.
Camila afirma que o aspecto climático da crise é inegável. “Mas mais importante que a pouca chuva foi a pouca vazão. O que foi inédito foi a vazão registrada, pouca água entrou no sistema. Uma das hipóteses pra isso está relacionada com a degradação dos mananciais”, pondera.
Segundo a blogueira, é aí que entra a questão da política de gestão dos recursos hídricos. “Para mim são dois conceitos indissociáveis: a idéia de que sempre é possível buscar água mais longe, que é a política da Sabesp, e que a água é um recurso inesgotável, uma commoditie a ser vendida e dar bastante lucro”.
Nesse primeiro programa, o Conversa Paralela contou com a participação dos entrevistadores Antônio Martins, do portal Outras Palavras; Tânia Caliari, colaboradora da revista Retrato do Brasil; e Thiago Domenici, do site Nota de Rodapé e da agência Página Três. A direção é de Leandro Saraiva, com produção técnica da Acere e produção executiva de Felipe Crocco. O programa foi gravado nos estúdios do Epicentro Cultural, em São Paulo.

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