sábado, 10 de outubro de 2015

Malformação congênita e retardo no crescimento estão entre os danos causados pelo consumo de cigarro durante a gestação

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Estudos mostram que o consumo do tabaco durante a gestação é responsável por 8% dos partos prematuros, 5% das mortes súbitas em bebês e 20% dos casos de bebês com baixo peso ao nascer
 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cinco milhões de fumantes morrem anualmente devido a doenças causadas pelo fumo, sendo o tabagismo considerado uma doença crônica e pandêmica. Ainda assim, repetir insistentemente que o cigarro faz mal à saúde continua sendo de fundamental importância, já que muitos ignoram os prejuízos causados pelo consumo.
 
Durante a gestação, o tabagismo é ainda mais danoso. Trata-se de uma das principais preocupações dos profissionais da saúde, pois além dos danos causados à mãe, o bebê também é direta e gravemente afetado, gerando impacto significativo no desenvolvimento fetal. “Existem várias substâncias químicas no cigarro que interferem no desenvolvimento do feto; a nicotina provoca a liberação de catecolaminas na circulação da gestante, agindo no sistema cardiovascular e podendo gerar redução do fluxo sanguíneo placentário, levando o feto à má nutrição e má oxigenação, problemas de vasoconstrição sanguínea, taquicardia, entre outros”, alerta a bióloga Aline Soares Padilha, que desenvolveu um trabalho a respeito do problema pela UMC Universidade, Campus Villa-Lobos/Lapa, São Paulo.
 
Ruptura prematura das membranas, deslocamento prematuro da placenta, gravidez ectópica (normalmente tubária), malformação congênita, além de influenciar negativamente no desenvolvimento neuropsicomotor, estão entre as consequências de uma gestação submetida ao consumo de cigarro. “A nicotina age sobre os centros nervosos respiratórios, aumentando a frequência cardíaca do feto. Isso fica demonstrado através de exame de ultrassom, quando após a mãe gestante fumar um cigarro, os movimentos torácicos do feto diminuem por cerca de 15 minutos e só retomam o ritmo normal depois de uma hora. Os batimentos cardíacos do feto aumentam e o coração é forçado a trabalhar mais com menos oxigênio no sangue”, explica Aline, baseada em um estudo realizado por um grupo nos Estado Unidos.
 
A bióloga ressalta que os problemas não se limitam à gestação. “O tabaco diminui a concentração de prolactina, reduzindo a produção de leite pelas glândulas mamárias em mulheres que estão amamentando. Com isso, crianças amamentadas por mães fumantes ganham massa corporal em uma velocidade menor do que os filhos de não fumantes”, ressalta.
 
Segundo a Coordenadora do Curso de Ciências Biológicas da UMC Universidade, professora Viviana Barbosa Paes, que orientou Aline no trabalho, os danos sobre os centros cerebrais causados pela nicotina em recém nascidos também podem provocar parada respiratória durante o sono. “Com a falta de oxigênio, pode surgir parada respiratória, ocorrendo a síndrome da morte súbita infantil”, afirma Ms. Viviana.
 
De acordo com a Coordenadora do Curso de Ciências Biológicas da UMC, o objetivo do trabalho foi informar os efeitos do consumo de tabaco em mães gestantes. “Foram destacados os impactos desse consumo no desenvolvimento embrionário e os riscos associados ao fumo do cigarro para, com isso, alertar as mães gestantes que fumam sobre os riscos a que elas submetem os bebês, bem como estimular o abandono do tabaco com uso de técnicas apropriadas”, finaliza a bióloga.

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