O médico João
Madureira morava numa casa próximo à praça central de Cachoeiro de Itapemirim e
tínhamos periodicamente encontros interessantes e produtivos. Um médico
diferente, daqueles que falava de tudo. Íamos bater à sua porta para sorver
dele a fina ironia e experiência de décadas vividas na sua querida cidade, que
o ancorava e lhe dava poder de estar morando na sede da capital secreta do
mundo.
Em volta de uma mesa
cumprida muita gente batia ponto e saboreava as palavras sábias de João
Madureira. Uma platéia sempre firme com a consciência de que estava em
território livre, num tempo de ditadura militar.
Falando das
dificuldades da população da cidade e da burrice predominante na elite, o velho
Madureira costuma dizer que era mais fácil ser cachoeirense ausente do que
presente.
João Madureira foi
embora deixando um grande vácuo, não partiu de Cachoeiro. Tomou a condução em
Marataizes, deixou vazia a alma de cada
um dos seus habituées do cafezinho.
Hoje Madureira é nome
da rodovia que liga Cachoeiro a Vargem Alta. É também lembrança de uma voz
envolta na fumaça do velho cigarro. Ficou saudade de um tempo bem vivido e
muito bem acompanhado. A aula foi dada, agora resta dizer:
PRESENTE MEU MESTRE
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