quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Lugar de mulher é onde ela quiser


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quinta-feira, 1 Outubro, 2015 - 18:45
Fotos: Rony Sousa/MDA
Maria Fernanda salienta importância das mulheres para elaboração de políticas públicas
As mulheres parecem bem à vontade. Enquanto elas discutem e debatem políticas públicas para os trabalhadores e trabalhadoras rurais, os homens cuidam da venda, das crianças e da cozinha. O cenário ainda parece incomum? Não durante a II Feira e Festa de Sementes, Mudas e Raças Crioulas, que segue até esta sexta-feira (02), em Catalão (GO). Foram elas que dominaram o espaço e fizeram um amplo debate sobre biodiversidade, paridade e igualdade de gêneros, que contou com a presença da secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Maria Fernanda Ramos Coelho. 
Além de recuperar e valorizar o trabalho do Movimento Camponês Popular (MCP), responsável por guardar e proteger as sementes crioulas em seus diferentes territórios, o evento amplia, também, o debate sobre a autonomia das mulheres rurais. Para a secretária, é dessa forma que as medidas chegam aonde devem chegar. "Todas as nossas políticas públicas nasceram de ambientes de discussão, reivindicações, questionamentos e debates. Isso é muito importante e tivemos muitos avanços nesse sentido nos últimos anos", lembrou Maria Fernanda. 
Se o ambiente com tarefas divididas igualmente entre homens e mulheres parecia comum durante a Feira, a dirigente nacional do Movimento de Mulheres Camponesas, Rosângela Piovisani, lembrou que ainda há muito para avançar. "Só vamos mudar esse Brasil quando as mulheres tiverem condições, tiverem dignidade. Ainda há muita luta pela frente", observou. Rosângela comentou que é preciso desconstruir a imagem criada do povo camponês. "A imagem do povo que fala errado, que vive sujo não corresponde à nossa realidade. Temos o direito de usar esmalte nas unhas, mesmo que coloquemos a mão nas lavouras", afirmou a dirigente, bastante aplaudida pelas companheiras. 
Início de tudo
Em grandes eventos como esse, as mulheres camponesas realizam um rito antes dos trabalhos começarem. Durante a mística desta quinta-feira (01), como é chamado o ritual, as mulheres apresentaram palavras com sentido destrutivo, como machismo, patriarcado e agrotóxicos, para, em seguida, ressaltarem atos e palavras que fortalecem a luta em defesa da vida - dignidade, luta, conquista. "Para mudar a sociedade do jeito que a gente quer temos que participar, sem medo de ser mulher", cantavam todas, animadas e confiantes. Por meio de canções, elas salientavam a relevância do meio rural: "se o campo não planta, a cidade não janta! Se o campo não faz roça, a cidade não almoça!"
Para o coordenador nacional do MCP, Agnaldo Machado da Silva, o trabalho realizado durante a feira, com a troca de sementes e mudas e venda de artesanatos, só é possível por causa das mulheres. "São elas as responsáveis por esse trabalho. Isso garante renda para elas, para que possam ter o próprio dinheiro, comprar suas coisas, sem precisar pedir aos maridos. Precisamos quebrar esse machismo", defendeu. 
Ele explicou que o trabalho de troca das sementes crioulas é espontâneo e leva a uma maior diversidade na produção. "O interessante é estimular as famílias a produzirem e terem autonomia. Isso incentiva a diversificação, além de promover mais cultura e saber entre os agricultores e agricultoras", comemorou Agnaldo. A troca de sementes é, também, uma grande aliada na preservação do meio ambiente. "As sementes são puras, não sofreram mutação genética. São muito melhores para o meio ambiente e para a saúde", disse. Agnaldo faz questão de ressaltar que todo esse trabalho é gratuito, ninguém precisa pagar para levar sementes para o local de cultivo. "O importante é essa troca, porque queremos que essas pessoas que levaram as sementes crioulas participem das próximas feiras e tragam sementes." 
Evento
A II Feira e Festa de Sementes, Mudas e Raças Crioulas: em defesa da biodiversidade teve início na quarta-feira (30) e segue até o fim da semana. A expectativa é de que cinco mil pessoas compareçam ao evento.
O espaço conta com local para exposição de sementes, mudas, artesanato, alimentos e apresentações artísticas, além da oportunidade de troca de experiências e debates sobre políticas públicas para o povo do campo. 
A Feira também vem com um espaço de divulgação e discussão sobre práticas agroecológicas e de biodiversidade por meio de seminários, rodas de debates e oficinas.
O evento conta com a participação do Movimento Camponês Popular (MCP), Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens e Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). 

Jalila Arabi
Ascom/MDA

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