sábado, 4 de julho de 2015

A influência de Danilo Gentili no caso de racismo contra Maju Coutinho. Por Paulo Nogueira




Postado em 04 jul 2015
Inspirador
Inspirador

Sabe por que fanáticos se atreveram a publicar insultos à luz do dia contra a jornalista Maju Coutinho?
Porque eles viram o que aconteceu com Danilo Gentili – herói deles – quando, numa discussão numa rede social, ele mandou um homem negro comer bananas.
Nada. Aconteceu nada.
O insultado foi à Justiça e perdeu. Numa das sentenças mais infames da República, o juiz considerou que não havia ofensa na atitude de Gentili. O juiz Marcelo Matias Pereira não viu animus injuriandi. Quer dizer: Gentili, segundo Pereira, enviou à vítima um sorriso, um abraço na forma de bananas.
Bons exemplos prosperam, e maus ainda mais.
Tivesse Gentili recebido a devida punição, os racistas que atacaram Maju guardariam seu ódio e seu fascismo para si próprios.
Você tem que castigar exemplarmente manifestações de racismo.
Não muito tempo atrás, no Twitter, um internauta postou comentários racistas sobre a agonia de um jogador de futebol que tivera uma parada cardíaca súbita em pleno jogo.
A Inglaterra instantaneamente se comoveu com o caso, mas o internauta começou a fazer piadas com bananas e outras coisas.
Na manhã seguinte, a polícia estava na sua casa para prendê-lo. Rapidamente julgado, foi condenado a prestar serviços comunitários.
A opinião pública se revoltou com o engraçadinho, e a mídia deu amplo espaço para a história.
Ninguém mais fez nada parecido nas redes sociais na Inglaterra.
No Brasil, o caso Gentili teve o desfecho oposto, e acabou inspirando outros sociopatas.
Sociedades avançadas utilizam a técnica, em situações como esta, do name and shame. Você publica o nome do agressor para envergonhá-lo.
A leniência brasileira está cobrando um preço alto.
E não houve punição nenhuma
E não houve punição nenhuma
Como observou sabiamente o professor brasileiro da universidade em que Dilma foi atacada nos Estados Unidos, manifestações de caráter fascista não podem ser toleradas, ou a sociedade se esgarça.
O fascismo está no racismo, na homofobia e em coisas do gênero.
O professor chamou a atenção para uma coisa interessante: não é um problema apenas do governo, mas também da oposição.
Oposição democrática e civilizada é uma coisa. Oposição fascista – em cuja agenda figura a cruzada pela volta da ditadura militar – é outra coisa.
O fascismo tem que ser exemplarmente reprimido pelo governo, e uma oposição decente tem que condená-lo.
Mas cadê as ações enérgicas do governo? Onde palavras em favor da civilização da parte de homens como FHC?
A oposição, a começar por Aécio, fica calada, criminosamente calada, porque acha que a ação dos sociopatas de alguma forma a ajuda na tentativa de eliminar por vias sujas 54 milhões de votos.
Mas é um erro absurdo. Não é um partido que está sendo insanamente atacado. É a decência. É a ideia de um país civilizado.
Numa mesma semana, tivemos os adesivos pornográficos, os insultos a Dilma nos EUA e o racismo despejado contra Maju Coutinho.
São coisas que fazem parte de uma sociedade que se adoentou.
Os sinais já estavam claros quando um juiz – refletindo a mentalidade dominante na Justiça — inocentou Danilo Gentili de um crime racial.
Gentili saiu impune, e hoje arrasta seu Ibope miserável na emissora de Silvio Santos.
Que o mesmo não aconteça com os celerados que brutalizaram Maju Coutinho — e nem com os responsáveis pelos adesivos e pelo ataque a Dilma nos Estados Unidos.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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