quarta-feira, 22 de julho de 2015

Dilma inaugura fábrica de etanol de 2ª geração e reforça compromisso com fontes renováveis


Posted: 22 Jul 2015 04:22 AM PDT
Nova biorrefinaria recebeu investimentos de R$ 240 milhões, a maior parte proveniente do BNDES) e tem capacidade de produção de mais de 42 milhões de litros de etanol por anoNova biorrefinaria recebeu investimentos de R$ 237 milhões, a maior parte proveniente do BNDES e tem capacidade de produção de mais de 42 milhões de litros de etanol/ano. Foto: Ana Carolina Melo/Blog do Planalto
A presidenta Dilma Rousseff dará um importante passo, nesta quarta-feira (22), para que o Brasil possa superar um dos maiores desafios deste século: o estímulo à produção de fontes de energia limpas e renováveis. Ela vai inaugurar em Piracicaba, no interior de São Paulo, a fábrica piloto de uma empresa brasileira do ramo de energia, que produz o chamado etanol de segunda geração, obtido a partir do reaproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar. A unidade pertence à empresa Raízen e é a segunda com essa tecnologia a ser inaugurada no País.
A nova biorrefinaria recebeu investimentos de quase R$ 237 milhões, a maior parte proveniente de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e tem capacidade de produção de mais de 42 milhões de litros de etanol por ano. Além disso, a empresa prevê a construção de mais sete unidades para a produção do etanol 2G até 2024, quando pretende atingir a marca anual de 1 bilhão de litros de etanol celulósico, como também é chamado o etanol de segunda geração.
Outra vantagem é que o etanol celulósico é capaz de elevar de 40% a 50% a capacidade de produção de etanol a partir da mesma área agrícola plantada, já que dá nova destinação aos resíduos da produção tradicional, antes desperdiçados.
Sendo assim, a expectativa é que, a partir do domínio completo da tecnologia pelo Brasil, a produção nacional salte dos atuais 27 bilhões de litros anuais de etanol para algo em torno de 40 bilhões, o que elevaria também a média de produtividade das áreas plantadas de 6 mil para 10 mil litros de etanol por hectare.
QualidadeNão há diferença de qualidade entre o etanol de primeira geração (convencional) e o de segunda geração, feito a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar. A qualidade é a mesma do produto feito diretamente da cana-de-açúcar. Nos dois casos, a fonte do etanol é a sacarose. Portanto, não há  qualquer prejuízo para o consumidor final. 
Referência Global 
Para o professor Carlos Alberto Labate, do Departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (USP), a fábrica a ser inaugurada pela presidenta Dilma em Piracicaba possui um significado estratégico para o País, levando em conta a mudança completa pelo qual o sistema de uso de energia global passará nos próximos anos.
“A inauguração dessa planta pela presidenta tem uma importância porque coloca o Brasil na linha de frente desse processo que é a mudança de uma economia baseada em petróleo para uma economia baseada em fontes renováveis de energia, no nosso caso, a biomassa. Isso é muito importante e tem um simbolismo muito forte para o País. […] O investimento nessa área é fundamental e as implicações são enormes, afirmou o professor – que até o ano passado era diretor do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol – em entrevista ao Blog do Planalto.

3-Francisco-Emolo2Brasil é o único país do mundo que usa em torno de 45% a 46% de fontes de energia renováveis e é uma referência no setor, diz professor da USP. Foto: Francisco Emolo/USP.

Ele destacou o pioneirismo do Brasil no que chamou de “corrida mundial na busca por energias renováveis, de alta capacidade de geração e eficiência”, que possam contribuir para a redução dos impactos das mudanças climáticas.
“O Brasil é o único país do mundo que usa em torno de 45% a 46% de fontes de energia renováveis. Não há dúvidas, que o Brasil é uma referência no uso de energias renováveis. Nenhum país do mundo consegue produzir o que nós produzimos. Os outros países do mundo – os americanos, os europeus– reconhecem que o Brasil é a referência mundial na produção de biomassa. Não existe outro país com tanto potencial e capacidade demonstrada de produção como o Brasil”, enfatizou.
No entanto, o professor ressaltou a necessidade do Brasil investir não só no domínio da produção de biomassa, mas também no desenvolvimento científico e tecnológico do setor químico e energético.
“O que nós precisamos agora no Brasil é desenvolver toda a ciência e tecnologia que vai nos permitir, não só ser um grande produtor de biomassa, como também ser uma liderança na transformação dessa biomassa em produtos. Não podemos ficar limitados à exportação de biomassa. Nós precisamos mandar novos produtos químicos derivados da biomassa, da chamada química verde, que é o que vai dominar a economia global nos próximos 50, 100 anos”, disse. E, nesse sentido, citou a possibilidade, por exemplo, de se fazer fibras de carbono a partir da biomassa.
Carlos Alberto também defende que o Brasil precisa assumir seu papel no cenário internacional como a principal referência global na produção de energia limpa e renovável.
“O Brasil é a referência mundial. Nós temos que assumir esse papel. Nós temos que falar isso para o mundo. Quem produz 45% de energia renovável é uma liderança. Nós temos que falar isso. O Brasil tem 351 milhões de hectares disponíveis para a agricultura e hoje nós só usamos 77. Nós podemos produzir alimentos, nós podemos produzir energia. O Brasil é uma liderança. Não há dúvida disso”, acrescentou.
Usina de etanol de segunda geraçãoInauguração da usina coloca o Brasil na linha de frente da mudança de uma economia baseada em petróleo para uma economia baseada em fontes renováveis de energia, diz Carlos Alberto Labate. Foto: Ana Carolina Melo/ Blog do Planalto

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