terça-feira, 21 de julho de 2015

Tradicional clube carnavalesco carioca abriga história da reforma agrária

Publicado dia 21/07/2015
Foto: Fachada atual do prédio (Crédito: Incra/RJ)
Não é possível contar a história do Incra no Rio de Janeiro sem falar do suntuoso prédio instalado na rua Santo Amaro, 28, no tradicional bairro carioca da Glória. Símbolo da cultura e da vida urbana do Rio de Janeiro por décadas, o edifício foi construído em 1870 como residência do fazendeiro Manuel Gomes de Carvalho, o barão do Rio Negro, e permaneceu com sua família até 1900.
Foi nesse ano que o empresário italiano Pascoal Segreto comprou o imóvel dos herdeiros do Barão pela quantia, à época fabulosa, de 100 contos de réis.
A família Segreto, teve atuação destacada no cenário carioca e brasileiro na virada do século XIX para o XX. Além de introduzirem o cinema no país, se tornaram proprietários de grande fatia do mercado de diversões públicas no Rio de Janeiro.
Nascido em 22 de março de 1868, em San Martin di Cileno, Itália, Pascoal Segreto decidiu embarcar para o Brasil em 1883. Após um início difícil em solo carioca, voltou suas atividades para o ramo dos divertimentos públicos, tendo sido dono de vários teatros e casas de espetáculo. O que facilitou a vida de Segreto foi o contato com pessoas influentes do cenário carioca. Uma das personalidades que mais veio a influenciar sua vida foi José Roberto da Cunha Salles.
Em sociedade, Cunha Salles e Pascoal Segreto montaram a primeira sala de exibição cinematográfica permanente do país, localizada em uma das principais ruas do Centro do Rio de Janeiro. O cinema foi inaugurado no sábado, 31 de julho de 1897, com o nome de Salão das Novidades. Posteriormente, mudou para Salão de Novidades Paris no Rio, passando a ser um ponto de encontro da população carioca.
Dono de diversos teatros e cafés culturais, Segreto transformou o prédio da rua Santo Amaro em um grande teatro. Na sua inauguração, foi encenada a ópera Fausto, de Charles Gounod. Depois, o local passou a ser utilizado com café-concerto e clube elegante, frequentado pela elite da sociedade carioca.
Em 1908, o empresário italiano mais uma vez inovou e promoveu um grande baile de carnaval. Com o sucesso retumbante do evento, o prédio foi batizado com o nome de High Life, tornando-se o mais famoso, frequentado e tradicional clube carnavalesco do Rio de Janeiro até os anos 40 do século passado.
 Após entrar em decadência nos anos 50, o prédio foi alugado ao Serviço Social Rural (SSR) em 1957. Em 1962, esse órgão transformou-se na Superintendência da Reforma Agrária (Supra). Por sua vez, a Superintendência foi desmembrada, em 1964, em dois institutos: Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (Inda) e o Instituto Brasileiro da Reforma Agrária (Ibra). Ambos deram origem ao atual Incra a partir de 1970, que acabou comprando o prédio.
Desde então, o prédio funcionou como sede nacional do Incra até a sua transferência para Brasília em 1976. A partir desse ano, passou a sediar as instalações da Superintendência do Leste Meridional da autarquia.
Em fevereiro de 1985, em função de abalos em sua estrutura, o imóvel foi desativado e o Incra mudou-se para um conjunto de dez andares no Largo de São Francisco, 34, no centro do Rio de Janeiro.
Em 1987, a despeito de muitos desejarem a sua demolição, o Incra solicitou à Prefeitura o tombamento do imóvel, com ênfase na preservação das formas arquitetônicas externas do prédio. O pedido recebeu o apoio de instituições como o Clube de Engenharia, o Instituto dos Arquitetos do Brasil e a Associação dos Moradores e Amigos da Glória e, ainda em 1987, o imóvel foi tombado como Patrimônio Cultural da Cidade do Rio de Janeiro.
Após um longo processo de restauração, começado em 1986, por iniciativa da então Superintendência do Leste Meridional, o Incra voltou a funcionar, em 1999, no belo prédio da rua Santo Amaro, sediando a Superintendência Regional do Estado do Rio de Janeiro (SR-07).
A partir de 2005, o prédio passou a abrigar também a Delegacia Federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário no Rio de Janeiro.
A necessidade de novas obras e melhorias no edifício, no entanto, levou a Superintendência Regional do Incra no Rio de Janeiro a publicar, em 2013, um edital de concorrência pública para a reforma e restauração do imóvel, que possui três andares, ocupando uma área de 3.308 m².
O Edital prevê a elaboração de projeto arquitetônico, elétrico e hidrossanitário, além de construção de sistema de proteção contra incêndios e descargas elétricas. A obra está estimada em R$ 5.174.139,12.
A ideia é que o prédio que está sendo reformado tenha uma nova destinação, ao ser transformado em um centro cultural e de memória da reforma agrária.
Em visita às diferentes regionais do Incra, a presidente Lúcia Fálcon se deparou com um rico acervo cartográfico e jurídico, além de fotografias e documentos históricos. "Seria um desperdício não colocar esse conjunto de informações à disposição da sociedade como fonte de pesquisa e conhecimento", explicou a presidente.
Além do acervo histórico, a proposta é que o centro cultural reúna produtos da reforma agrária e seja um espaço interativo de troca e aprendizado, à exemplo de outros museus existentes no Brasil, como o da Língua Portuguesa e o da Gente Sergipana. "O prédio histórico do Incra tem todo um perfil para isso, pela sua beleza arquitetônica e por estar em local de grande circulação do público", justificou a escolha.
Já a Superintendência Regional do Incra no Rio de Janeiro terá nova sede definitiva. A Secretaria do Patrimônio da União (SPU) cedeu para a autarquia espaço em um prédio de propriedade da União, localizado na Avenida Presidente Vargas, nº 522, no Centro da capital fluminense.
O Incra ocupará cinco andares, cada um com aproximadamente 300 metros quadrados de área útil, onde funcionarão todas as divisões da autarquia, o atendimento ao público e a representação regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Assessoria de Comunicação Social do Incra/RJ
(21) 2224-3346
ascom.rj@rjo.incra.gov.br
http://www.incra.gov.br/rj

Nenhum comentário:

Postar um comentário